sábado, 5 de outubro de 2024

A CAIXA DE PANDORA — O MITO E A REALIDADE (CONCLUSÃO)

LASCIATE OGNI SPERANZA VOI CHE ENTRATE

 

No Brasil, os chefes do Executivo federal, estadual e municipal são eleitos em dois turnos. Caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno, os eleitores voltam às urnas para escolher entre os dois mais votados. 

No primeiro turno, um eleitor que não vota no candidato com quem tem mais afinidade porque o dito-cujo está mal colocado pesquisas eleitorais é um idiota. Mas o que esperar de um eleitorado com Q.I. de ameba e lobotomizado pela polarização?

Pesquisas de intenções de voto devem ser vistas com reservasEm 2018, todas apontavam a vitória de Haddad e a eleição de Dilma para o Senado, mas Bolsonaro foi eleito e a mulher sapiens ficou em quarto lugar. Dias após o primeiro turno, eu cantei essa bola. Não por ser clarividente, mas porque o capetão obteve quase o dobro dos votos do bonifrate de Lula, e todos os candidatos à Presidência que chegaram ao segundo turno na dianteira até então acabaram sendo eleitos. 
 
Pandora abriu sua caixa uma vez, mas os brasileiros borrifam desgraças em si mesmos a cada dois anos. Em 2018, preferindo errar com convicção a tentar acertar, despacharam Bolsonaro e Haddad para o segundo turno, embora pudessem testar Geraldo Alckmin (ainda tucano), Henrique Meirelles, João Amoedo, ou mesmo Ciro Gomes (afinal, situações desesperadoras justificam medidas desesperadas). E deu no que deu. 

Em 2022, podendo dar uma chance a Simone Tebet, Felipe D'Ávila ou Ciro, a récua de muares votou a escolher a execrável "dupla de dois". Lula, já "descondenado", não precisou de preposto e se beneficiou da gestão desastrosa de seu antecessor. E deu no que está dando: enviado pela terceira vez ao Planalto, o petista levou na bagagem a corja mensaleira e petroleira que havia submergido no auge da Lava-Jato. A (indi)gestão em curso só não é pior que a anterior porque nada pode ser pior que o refugo da escória da humanidade. Mas o páreo é duro. 

Diz a sabedoria popular que cada povo tem o governo que merece. Sob Bolsonaro, o "centrão" transformou a ocupação do Orçamento num processo de bolsonarização das instituições. Lula escapou do mensalão, tropeçou no Petrolão e foi libertado da prisão, mas segue refém do Imperador da Câmara. Tanto nhô-ruim como nhô-pior são meros agentes transmissores de um mal maior. 
 
Comparado aos vexames que Bolsonaro fez o Brasil passar no exterior, um espirro que Lula desse no microfone da ONU soaria como um esguicho de bom senso. Foi assim na cerimônia de abertura no ano passado, mas as diferenças ficaram menos evidentes neste ano. 

De volta ao mesmo púlpito, com o dedo e riste e a voz roufenha, o Sun Tzu de fancaria discursou como discursa para os ignorantes que o endeusam. Falou sobre meio ambiente enquanto as queimadas estragavam o ambiente inteiro de seu discurso. Não repetiu o ridículo de seu antecessor, que culpava os indígenas, a imprensa e as ONGs pelo fogo, mas foi compelido a reconhecer que os incêndios na Amazônia dizimaram cinco milhões de hectares só no mês de agosto. 
 
Lula lamentou a falta de perspectiva de paz na Ucrânia e a crise humanitária em Gaza e na Cisjordânia, lastimou a expansão do conflito para o Líbano, avaliou que resposta de Israel ao Hamas tornou-se "punição coletiva para o povo palestino" e voltou a criticar o embargo econômico dos EUA a Cuba. Mas não deu um único pio sobre as violações aos direitos humanos na Venezuela do tirante-companheiro Nicolás Maduro.
 
Lamúrias não ornam com a pretensão de liderar o debate sobre a emergência climática, e um chefe de Estado que silencia sobre as atrocidades cometidas em um país vizinho não pode ser levado a sério quando palpita sobre perversões que enxerga na Europa, no Oriente Médio e na América do Norte. Antes de atuar como professor do mundo, Lula deveria extrair lições de suas próprias contradições.
 
A raiz da degeneração da nossa democracia é profunda. Apesar dos avanços obtidos com a redemocratização, o Brasil não progrediu graças aos governantes, mas apesar delesA conivência, mesmo dos menos desonestos, permitiu que a corrupção se disseminasse por todas as esferas do poder

A vida ensina que a primeira regra dos buracos é "quem cair dentro de um deve parar de cavar", mas o povo brasileiro, habituado ao precipício, prefere jogar mais terra por cima. Brecht ensinou que o pior analfabeto é o analfabeto político, que se orgulha de ignorar a política sem se dar conta de que da sua ignorância nasce o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo, e Churchill, que a democracia é "a pior forma de governo afora todas as outras".

A lição do dramaturgo alemão fazia sentido na época em que ele caminhava entre os vivos; hoje, qualquer pessoa que tenha dois neurônios funcionais percebe que não precisa dos políticos para viver e que viveria melhor sem eles. Quanto ao ensinamento do estadista britânico, quem apoiou as Diretas Já, festejou a vitória Tancredo, lamentou sua morte e se decepcionou com a redemocratização  como é o caso deste que vos fala  endossa o que disseram Pelé e Figueiredo sobre misturar brasileiros com urnas em eleições presidenciais.

Numa democracia de respeito, eleger o chefe do Executivo pelo voto direto é a expressão suprema da soberania popular; num país como o nosso, onde o voto é obrigatório dos 18 aos 70 anos, falar em "festa da democracia" é gozação. Nossas eleições deveriam ser uma ação de cidadãos racionais e interessados, mas nosso eleitorado jamais se notabilizou pela capacidade cognitiva e incorporou a desinformação e a ignorância que norteiam desde sempre seu comportamento nas urnas. E vale tudo para se aproveitar dos mais despreparados e menos qualificados, até mesmo levar urnas aos confins da selva amazônica para que silvícolas que sequer falam português exerçam o "sagrado direito do voto". 
 
Às vésperas de completar 18 anos, minha prioridade era a carteira de habilitação; alistamento militar e título de eleitor, meros inconvenientes que vinham no pacote da maioridade. Votei pela primeira em 1978, quando os generais ainda ditavam as regras e os governadores e parte dos parlamentares eram "biônicos" (indicados pela alta cúpula militar). 
Em 1989, votei em Mario Covas no primeiro turno e em Collor no segundo, mas só porque a alternativa era Lula, e Lula não era uma alternativa. 

Muita coisa mudou desde então, incluindo a mentalidade dos adolescentes. Mas esse empenho dos políticos pela participação dos "eleitores facultativos" é eminentemente oportunista, sobretudo em tempos de polarização, quando se mais com o fígado do que com a razão.
 
Às vésperas das eleições municipais, os paulistanos estão novamente numa sinuca de bico. Votar em Tábata Amaral é escolher o mal menor – a despeito do que eu disse sobre "voto útil", Datena tem menos chances de se eleger do que eu de ser ungido papa. A deputada
 está longe de ser a candidata dos sonhos dos paulistanos minimamente esclarecidos, mas votar nos afilhados de Bolsonaro e de Lulaou no franco-provocador despirocado Pablo Marçal, é insanidade em estado bruto. 

Sempre se pode votar em branco ou anular o voto, mas eu acho melhor aproveitar o fim de semana para tomar um chopp à beira-mar e acompanhar a apuração pela TV. 

Observação: O voto em branco indica que o eleitor não se identifica com nenhum candidatos, mas não é considerado na contagem. Já o voto nulo é um protesto mais explícito  mas é mito que 50% + 1 votos nulos anulam a eleição. Não comparecer às urnas, por sua vez, é uma forma de protestar contra o sistema como um todo, embora muitos a vejam como desinteresse ou alienação política.
 
Pandora abriu sua caixa movida pela curiosidade, mas os brasileiros o fazem por cegueira mental. Não há outra explicação para um ex-presidente semianalfabeto, que foi réu em duas dúzias processos criminais, condenado a mais de 20 anos de reclusão, solto e reabilitado politicamente graças a uma tecnicidade claramente fabricada por togas camaradas, voltar a presidir o país que ele e seus comparsas foram acusados de assaltar.
 
Nossa caixa de Pandora será reaberta amanhã (alea jacta est!). As pesquisas indicam que Nunes, Boulos e Marçal estão tecnicamente empatados. O
 tanto de votos que o franco-provocador obtiver espelhará o número de eleitores que, como ele, têm a cabeça cheia de merda. 

A exemplo do escorpião da fábula, Marçal é incapaz de agir contra sua própria natureza. A despeito da cadeirada, voltou a trocar insultos com Nunes, responder com embromação a indagações objetivas de especialistas e eleitores, cutucar Boulos e Datena com provocações subliminares e, numa tabelinha com Marina Helena, defender a atuação anticientífica de Bolsonaro na pandemia de Covid. Enquanto os prefeitáveis brigam entre si, dois milhões de cidadãos brasileiros residentes de São Paulo não têm o que comer. 

Nosso maior problema é o eleitorado (vide postagem anterior). Uma ampla reforma política ajudaria um bocado, mas como esperar que os fisiologistas corruptos que dominaram a "res publica" contrariem os próprios interesses? Qual força popular poderia, em nome da decência, reverter o fiasco da nossa democracia? Como diria Bob Dylan, the answer, my friend, is blowing in the wind.
 
Considerando que a esperança ficou presa no fundo da caixa, talvez seja a hora de votar nas putas. Está visto que continuar elegendo os filhos delas jamais fará com que o Brasil reencontre seu norte.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A CAIXA DE PANDORA — O MITO E A REALIDADE

NÃO ESPEREIS O JUÍZO FINAL; ELE SE REALIZA TODOS OS DIAS.

 

"Abrir a Caixa de Pandora" é uma metáfora para ações que desencadeiam consequências maléficas e irreversíveis. 

Segundo a mitologia grega, Pandora ("aquela que tem todos os dons") foi criada por Hefesto e Palas Atena a mando de Zeus, que queria castigar Prometeu ("aquele que pensa antes") por roubar o fogo dos deuses e dá-lo aos homens. 

Depois de ganhar um dom de cada divindade de Olimpo, Pandora recebeu de Zeus uma caixa que jamais deveria ser aberta e a missão de seduzir Epimeteu ("aquele que pensa depois"). Encantado com a beleza da moça e ignorando as advertências do irmão, Prometeu, sobre aceitar presentes do deus dos deuses, Epimeteu tomou a moça como esposa (e eu que achava que "presente de grego" tinha a ver com a lenda do Cavalo de Troia). 
 
Quando criou a mulher, Deus também criou a curiosidade. A curiosidade levou Pandora a abrir a caixa e libertar todos os males que recaíram sobre a humanidade. Mas a esperança, que é "a última que morre", ficou presa no fundo da caixa, talvez para nos dar forças para lutar contra as adversidades, mesmo que o mal muitas vezes vença o bem.
 
Revisito essa fábula por três motivos: 1) sempre gostei de mitologia; 2) muita gente usa essa metáfora sem saber sua origem; 3) insistir no erro esperando produzir um acerto é a melhor definição de imbecilidade que eu conheço. 
 
Em momentos distintos da ditadura, Pelé e o general Figueiredo alertaram para o perigo de misturar brasileiros com urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas o tempo provou que eles estavam certos. O eleitores fazem nas urnas, a cada dois anos, o que Pandora fez uma única vez. Só que não por curiosidade, e sim por ignorância. E como ensinou o Conselheiro Acácio (personagem do romance O Primo Basílio), as consequências vêm sempre depois. 
 
A ditadura militar resultante do golpe de 1964 durou 21 longos anos. A reabertura, lenta e turbulenta, não se deveu ao "espírito democrático" dos presidentes-generais Geisel e Figueiredo, mas ao ronco das ruas e à pressão da imprensa, que se intensificaram em 1984, depois que uma manobra de bastidor sepultou a emenda Dante de Oliveira

Em janeiro do ano seguinte, Tancredo Neves derrotou Paulo Maluf por 480x180 votos de um colégio eleitoral formado por 686 deputados, senadores e delegados estaduais. A exemplo da Viúva Porcina (aquela que foi sem nunca ter sido), Tancredo entrou para a história como nosso primeiro presidente civil desde João "Jango" Goulart, mas baixou ao hospital horas antes da cerimônia de posse e morreu 38 dias e 7 cirurgias depois.

A raposa mineira levou para a sepultura a esperança de milhões de brasileiros e deixou de herança um neto que envergonharia o país e um mix de puxa-saco dos militares, oligarca da politica de cabresto nordestina, escritor, poeta e acadêmico que se chamava José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, mas era conhecido como José Sarney

Sem o carisma e o traquejo administrativo do finado, Sarney tentou descascar o formidável abacaxi econômico (inflação, dívida externa e desemprego nas alturas) através de uma série de pacotes de medidas econômicas baseadas no congelamento de preços e salários. Ao final de sua aziaga gestão, a inflação estava em 4.853% ao ano, mas os prefeitos haviam voltado a ser eleitos diretamente, a Constituição Cidadã fora promulgada (aumentando de 4 para 5 a duração de seu mandato) e a primeira eleição presidencial direta desde 1960, realizada.   
 
Em 15 de novembro de 1989, o cardápio de postulantes ao Planalto oferecia 22 opões, incluindo Ulysses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola. E o que fez esclarecido eleitorado ao quebrar o jejum de urna de 29 de urna? Escalou Lula e Fernando Collor para disputar o 2º turno. O caçador de marajás de mentirinha venceu o desempregado que deu certo, mas o envolvimento no esquema PC lhe rendeu um impeachment.
 
Observação: Em maio do ano passado, o STF condenou Collor a 8 anos e 10 meses de reclusão, mas ele continua livre, leve e solto graças a um pedido de vista apresentado pelo ministro Dias Toffoli na véspera do último carnaval. Em contrapartida, qualquer "reles mortal" que acessar o Xwitter durante a suspensão ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes corre o risco de ser multado em R$ 50 mil. Dá para acreditar numa coisa dessas?
 
Com a deposição do Rei-Sol, o baianeiro e namorador Itamar Franco foi promovido a titular, nomeou Fernando Henrique ministro da Fazenda e editou o Plano Real, cujo sucesso pavimentou o caminho que levou o grão-duque tucano a vencer o pleito presidencial de 1994 no 1º turno. Em 1997, picado pela mosca azul, sua alteza comprou a PEC da reeleição

Como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, o tucano de plumas vistosas disputou a reeleição em 1998 e foi eleito no 1º turno, mas em 2002, sem novos truques para tirar da velha cartola, não conseguiu eleger seu sucessor.
 
Após três derrotas consecutivas, Lula venceu José Serra e deu início aos 13 anos, 4 meses de 12 dias de lulopetismo corrupto que só foi interrompidos em 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff, a inolvidável gerentona de araque

Num primeiro momento, a troca de comando pareceu uma lufada de ar fresco numa catacumba: depois de mais de uma década ouvindo garranchos verbais de um ex-retirante semianalfabeto e frases desconexas de uma mandatária incapaz de juntar lé com cré numa frase que fizesse sentido, ter um presidente que sabia falar – e que até usava mesóclises – era um refrigério.
 
Temer conseguiu reduzir a inflação (que havia retornado firme e forte sob Dilma) e aprovar o Teto de Gastos e a Reforma Trabalhista, mas seu prometido "ministério de notáveis" se revelou uma notável agremiação de corruptos e sua "ponte para o futuro", uma patética pinguela. 

A conversa de alcova gravada à sorrelfa por Joesley Batista só não derrubou o vampiro do Jaburu porque sua tropa de choque – capitaneada pelo deputado Carlos Marun – comprou votos das marafonas da Câmara para escudá-lo das "flechadas de Janot". Apesar do desgaste, o nosferatu claudicou como "pato manco" até o final do mandato-tampão e transferiu a faixa para Jair Bolsonaro. 
 
Sem a proteção do manto presidencial, o vampiro que tinha medo de fantasma chegou a ser preso, mas foi socorrido pelo desembargador Ivan Athié, então presidente da 1ª Turma do TRF-2, que havia sido afastado do cargo durante 7 anos por suspeitas de corrupção e venda de sentenças, mas fora reintegrado em 2011, quando o STF trancou o processo contra ele. E viva a Justiça brasileira!
 
Ao acompanhar o golpe de Estado que levou Napoleão III ao poder, Karl Marx concluiu que a história acontece como tragédia e se repete como farsa. O Barão de Itararé dizia que político brazuca é um sujeito que vive às claras, aproveita as gemas não despreza as cascas, e o saudoso maestro Tom Jobim (que era brasileiro até no nome), ensinou que o Brasil não é para principiantes. E com efeito. 
 
Em 2018, havia 13 postulantes ao Planalto. Nenhum deles empolgava, é verdade, mas por que se arriscar a acertar com Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Henrique Meirelles ou João Amoedo quando se podia pode errar com certeza escalando para o embate final um mau militar e parlamentar medíocre travestido de "outsider antissistema" e um patético bonifrate do então ex-presidiário mais famoso do Brasil?

Em 2022, as opções era ainda menos atraentes, sobretudo depois que o "establishment" eliminou Sergio MoroJoão Dória e Eduardo Leite da quimérica "terceira via". Mas, de novo, por que correr o risco de acertar votando em Simone Tebet, em Felipe D'ávilaou mesmo em Ciro Gomes (situações desesperadoras justificam medidas desesperadas) quando se podia errar com certeza despachando Lula e Bolsonaro para o 2º turno?
 
Tanto num caso como no outro a maldita polarização fez com que tanto a merda quanto as moscas fossem as mesmas. A diferença foi que em 2018 a parcela minimamente pensante do eleitorado se viu obrigada a apoiar o ex-capitão para evitar que o país fosse presidido pelo fantoche do presidiário, e em 2022, embarcar na falaciosa "Frente Democrática", capitaneada pelo então ex-presidiário "descondenado" para evitar mais 4 anos (ou sabe Deus quantos) sob a batuta do refugo da escoria da humanidade.
 
Há males que tempo cura e males que vêm para pior e com o passar do tempo. Lula 3.0 é uma reedição piorada das versões 1 e 2, e como como nada é tão ruim que não possa piorar, o macróbio petista cogita disputar a reeleição em 2026 (que os deuses nos livrem tanto dessa desgraça quanto da volta do capetão-golpista).
 
As consequências da inconsequência do eleitorado tupiniquim são lamentados todos os dias, inclusive por quem abriu a Caixa de Pandora achando que estava escolhendo o menor de dois males, mas isso só se justifica quando e se não há outra opção. E tanto em 2018 quanto em 2022 havia alternativas; só não viu quem não quis ou não conseguiu porque sofre do pior tipo de cegueira que existe. 
 
Observação: Um levantamento feito pelo portal g1 apurou que 61 pessoas com mandados de prisão em aberto (leia-se fugitivos da polícia) se candidataram a prefeito ou a vereador nas eleições deste ano. A maioria dos casos envolve dívida de pensão alimentícia, mas há suspeitos de estelionato, roubo, homicídio e estupro. 
 
Reza uma velha (e filosófica anedota) que Deus estava distribuindo benesses e catástrofes naturais pelo mundo que acabara de criar, quando um anjo apontou para o que seria futuramente o Brasil e perguntou: "Senhor, por que destinastes a essa porção de terra clima ameno, praias e florestas deslumbrantes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furações ou terremotos?" E Deus respondeu: "Espera para ver o povinho filho da puta que vou colocar aí."
 
Políticos incompetente e/ou corruptos que ocupam cargos eletivos não brotam nos gabinetes por geração espontânea; se eles estão lá, é porque foram eleitos por ignorantes polarizados, que brigam entre si enquanto a alcateia de chacais se banqueteia e ri da cara deles. 
 
Einstein achava que o Universo e a estupidez humana eram infinitos, mas salientou que, quanto ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Alguns aspectos de suas famosas teorias não sobreviveram à passagem do tempo, mas sua percepção da infinitude da estupidez humana merece ser bordada com fios de ouro nas asas de uma borboleta. 
 
Não há provas de que boas ações produzam bons resultados – a "lei do retorno" é mera cantilena para dormitar bovinos – mas sabe-se que más escolhas costumam gerar péssimas consequências, como prova e comprova a história desta republiqueta de bananas: nossa independência  foi comprada, a Proclamação da República foi um golpe militar (o primeiro de muitos), o voto é um "direito obrigatório", nossa democracia é uma piada e o sistema político está falido. 
 
Desde 1889, 35 brasileiros alcançaram a Presidência pelo voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado (o número depende de como alguns casos específicos, como presidências muito breves ou interinas, mas isso não vem ao caso neste momento). Oito integrantes dessa seleta confraria – começando pelo primeiro, Deodoro do Fonseca – deixaram o cargo prematuramente, e dos cinco que foram eleitos pelo voto direto desde a redemocratização, dois acabaram impichados. 

Dos mais de 30 partidos políticos que mamam nas tetas dos fundos eleitoral e partidário (ou seja, são bancados pelo suado dinheiro dos "contribuintes"), nenhum representa os interesses da população, e alguns são verdadeiras organizações criminosas. 

O Brasil de hoje lembra aquelas fotos antigas de reis africanos, que imitavam os trajes e trejeitos dos governantes de nações mais evoluídas e recebiam aulas de civilização dos oficiais do Império Britânico, mas achavam que para se transformar em soberanos civilizados bastava copiar as vestes e adereços daqueles que lhes falavam das maravilhas da Rainha Vitória ou de Napoleão III. 

O resultado se vê nas fotografias. As mais clássicas mostram negros magros, ou gordíssimos, com uma cartola de segunda-mão na cabeça, calças rasgadas ou remendadas, pés descalços ou calçados com uma bota só, velha e sem graxa. Imaginavam-se nobres, esses coitados, iguais a seus pares europeus, mas, junto com as novas roupas e os acessórios, continuavam usando colares feitos de ossos, pulseiras de metal e argolas na orelha ou no nariz, enquanto eram roubados até o último papagaio pelos que supostamente vieram ensiná-los a ter valores cristãos, avançados e democráticos.
 
O Brasil aparece na foto como uma democracia de Primeiro Mundo, mas a realidade do dia a dia mostra pouco mais que uma cópia barata e malsucedida do artigo legítimo. Nossas eleições são subordinadas a todo tipo de patifaria, do voto obrigatório ao anacrônico horário eleitoral "gratuito", passando por deformações propositais que entopem a Câmara Federal com políticos das regiões que têm meia dúzia de eleitores. 

O resultado é um monumento à demagogia, à corrupção e à estupidez. Acordos políticos são urdidos na surdina por parlamentares que votam com base em seus interesses pessoais. Milícias e fações criminosas têm representantes no Congresso, nas Assembleias Legislativas estaduais e nas Câmaras Municipais. Candidatos só entram em algumas regiões se tiverem proteção dos criminosos, e os moradores são "convidados" a votar na "turma da casa".
 
Os direitos dos cidadãos representam a área mais notável das semelhanças com reis africanos. Nunca houve tantos direitos escritos nas leis nem o poder público foi tão incompetente para mantê-los. O Congresso não representa o povo que o elegeu para tal, e há uma recusa sistemática em combater o crime por parte de nove entre dez políticos com algum peso. Com quase 50 mil assassinatos por ano, o Brasil é um dos países onde a vida humana tem menos valor. 
 
Se nossas instituições funcionassem – e suas excelências não se cansam de dizer que elas funcionam –, a Câmara teria aberto pelo menos um dos quase 150 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, e o Centrão não teria transformado a ocupação do Orçamento num processo de bolsonarização das instituições. Pode passar pela cabeça de alguém que exista democracia num país como esse? 
 
Quando nossos nobres parlamentares perderam a credibilidade e o mais alto cargo do funcionalismo público federal passou a ser ocupado por uma sequência de mandatários que, noves fora Fernando Henrique — já foram presos ou respondem a processos criminais, o Judiciário se tornou nosso último bastião. Mas faz tempo que as opiniões e os vieses político-partidários dos eminentes togados (que deveriam ser isentos, imparciais e apartidários) se tornaram públicos e notórios.
 
O Supremo poderia nos ter livrado do aspirante a golpista em diversas oportunidades (motivos para tal não faltaram), mas as excelências que tudo decidem – do destino dos presidentes ao furto de codornas — acharam melhor dar tempo ao tempo, apostando na sapiência inigualável dos eleitores. 

É fato que Alexandre de Moraes impediu a consumação do golpe, mas também é fato que ele já deveria ter tirado de circulação o "mito" dos extremistas de direita, que mesmo inelegível até 2030 faz pose de cabo eleitoral de luxo e articula com seus comparsas no Congresso uma improvável (mas não impossível) anistia a si e aos golpistas do 8 de janeiro. 
 
Como o chanceler Charles De Gaulle não disse, mas a frase lhe é atribuída, "le Brésil n’est pas un pays serieux". 
 
Continua...

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

SERÁ QUE FIM DOS CELULARES ESTÁ PRÓXIMO?

A INCERTEZA QUE ESVOAÇA DESGRAÇA MAIS QUE A PRÓPRIA DESGRAÇA.

Mark Zuckerberg afirmou recentemente que os smartphones não devem demorar a ser substituídos pelos óculos de realidade aumentada Orion, que vão bem além de receber notificações ou tirar fotos. Com eles, o usuário poderá projetar múltiplos displays virtuais, responder a mensagens, realizar videoconferências e até jogar, tudo com base em comandos de voz, gestos de toque no ar e até mesmo com o movimento dos olhos, e sem precisar de um celular.

Meta reconhece que a novidade ainda não atingiu o nível de sofisticação necessário para o mercado de massa, e que o maior desafio, atualmente, está no design, que não tem a estética refinada que o público em geral espera. Aliás, Google e Microsoft, enfrentaram dificuldades semelhantes quando tentaram introduzir dispositivos de realidade aumentada no mercado — como o Google Glass, que foi um retumbante fiasco de critica e de público.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

No décimo confronto entre os aspirantes à Prefeitura de São Paulo, a queda de braço que Marçal trava com Nunes ganhou ares de guerra fratricida pelo amor do eleitorado de direita. 
Beneficiando-se do banco de tempo liberado, o franco-provocador fustigou o prefeito com as denúncias de corrupção que rondam sua gestão, realçou a investigação sobre a máfia das creches, grudou no adversário a pecha de cristão de conveniência e desafiou-o a explicar um antigo boletim de ocorrência registrado por sua mulher por violência doméstica. Nunes, que desperdiçou os 20 minutos de que dispunha e chegou aos instantes finais sem fundos no banco de tempo, limitou-se a ouvir, e ainda foi acusado de inépcia gerencial.
Boulos reiterou a pregação segundo a qual mede forças com dois representantes do bolsonarismo. Apresentou-se como único contendor à esquerda capaz de deter o avanço da direita em São Paulo. 
Tábata, líder do bloco retardatário nas pesquisas, destacou-se pela exposição de propostas e se esmerou na exposição das fragilidades criminais e ideológicas dos adversários. Não poupou nem mesmo Boulos. 
A candidata do PSB não tem tempo para produzir uma virada, mas, na hipótese de ser premiada com uma eventual subida nas pesquisas, pode frustrar o esforço de Boulos pelo voto útil, potencializando o desafio de assegurar uma vaga para a esquerda no segundo round. 
A conferir.

Orion ainda não está disponível para o público em geral, mas centenas de funcionários da Meta os estão testando internamente, e a expectativa é expandir esse grupo de testes em breve. De acordo com Rahul Prasad, diretor sênior de gerenciamento de produtos, o objetivo é lançar o dispositivo a um preço comparável ao de um laptop ou smartphone de ponta. 
 
Se Zuckerberg estiver certo, o futuro que antes parecia distante pode estar mais próximo do que imaginamos. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

NOVAS ROUPAGENS PARA VELHAS TEORIAS (CONTINUAÇÃO)

PRIMA DI ANDARE, PRIMA DI TORNARE.

teoria do Big Bang sugere que o universo surgiu de uma singularidade incrivelmente densa. O modelo cosmológico atual, baseado nessa teoria e respaldado por inúmeras observações, é o que melhor explica a origem do cosmos, mas ainda deixa em aberto grandes mistérios, como a matéria escura, a energia escura e a inflação cósmica, entre outros enigmas que continuam a intrigar a comunidade científica.

Entre as muitas especulações derivadas dessa teoria está o conceito do multiverso. Algumas hipóteses sugerem a existência de um "universo-espelho" semelhante ao nosso, mas com simetria e fluxo temporal inversos. Nesse cenário, a matéria escura seria composta por partículas vindas do "antiverso". Essa ideia poderia explicar a assimetria observada entre matéria e antimatéria — segundo a Teoria das Partículas Elementares, cada partícula de matéria deveria vir acompanhada por uma correspondente partícula de antimatéria, com carga oposta, mas a realidade observada é bem diferente.

É importante destacar que interações físicas nem sempre seguem o teorema CPT, e qualquer violação da simetria em sistemas de partículas é sinal de problemas conceituais. Em 2014, por exemplo, pesquisadores do BICEP2 anunciaram que haviam detectado ondas gravitacionais primordiais, supostamente originadas nos primeiros momentos do Big Bang

A exatidão dessa descoberta é questionada porque os sinais podem ser explicados pela presença de poeira galáctica. Por outro lado, caso fique comprovado que as ondas gravitacionais primordiais não existiram, a hipótese da existência do antiverso ganhará força, pois um universo perfeitamente simétrico não produziria tais ondas.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Quem acompanhou o debate do último sábado na TV Record esperando uma nova rodada de pancadaria perdeu 2h20min de sono. Afora as frases de efeito duvidoso e a carga religiosa, houve três destaques: 1) Marçal levou a incivilidade na coleira e tentou seduzir os não convertidos (32% segundo o Datafolha); 2) Tábata fustigou Boulos em relação a temas como descriminalização das drogas, aborto e ditadura na Venezuela; 3) Nunes, guiado por sua equipe de marketing, jogou pelo empate. Mas houve momentos em que alguns candidatos soaram como se a disputa não fosse pela prefeitura de São Paulo, mas por uma poltrona no céu. 

Marçal — cujas propostas misturam pirlimpimpim com abracadabra — pegou um gancho na crítica de Datena ao descaso da prefeitura com as pessoas que passam fome e subiu no púlpito: "Estou só tomando água, desde segunda-feira, meio-dia. E vou entregar na próxima segunda-feira, sete dias, que é o número da plenitude." E esfregou na cara do prefeito a acusação de envolvimento na máfia das creches: "Existe pagamento em seu nome e de familiares". O rival devolveu: "Você é um mentiroso contumaz. Foi condenado em 22 processos na Justiça Eleitoral." Nas considerações finais, Nunes encostou sua retórica no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus".

Até Tábata, que se notabiliza pela exposição de propostas para a cidade, cavou uma oportunidade para injetar religiosidade na sua prosa: "Se estou aqui hoje é porque a igreja salvou nossas vidas e a educação transformou minha vida para sempre. Falo sim de igreja, apesar do preconceito que muita gente tem. Na periferia, quando falta comida na sua casa, é a igreja que lhe acode."

Não dispondo de conexões com o divino, Boulos tentou compensar sua debilidade junto ao eleitorado da periferia vinculando-se a Lula e Marta Suplicy. De resto, viu-se compelido a negar a tese dos adversários segundo a qual sua biografia estaria apinhada de pecados. Marina, por sua vez, jogou no ventilador o trecho do estatuto do PSOL que defenderia a "expropriação de propriedades."

O problema de debater vícios e virtudes sob atmosfera religiosa está na inconveniência da mistura. Juntando-se limão com cachaça e açúcar em dia de feijoada, tem-se uma caipirinha. Misturando-se religião e política num debate entre aspirantes à Prefeitura de São Paulo, tem-se apenas uma grande empulhação.


A teoria do "universo-espelho" é, por enquanto, apenas especulação — mas vale lembrar que os buracos negros também já foram, até que o Event Horizon Telescope capturou a imagem do M87. No entanto, ainda não se sabe ao certo se buracos de minhoca existem dentro dos buracos negros, como alguns cientistas propõem. Afinal, muitas teorias revolucionárias, como o heliocentrismo, a desinfecção e a deriva continental, foram ridicularizadas até que o tempo provou sua veracidade.

Na ficção científica, buracos negros são retratados como portais para outras dimensões, mas, na prática, alguém que se aventurasse em um seria "espaguetizado" pela singularidade. Já os buracos de minhoca são distorções no espaço-tempo causadas pela gravidade extrema dos horizontes de eventos dos buracos negros. A ideia foi sugerida pela primeira vez em 1916 pelo físico Ludwig Flamm e mais tarde por Albert Einstein e Nathan Rosen, daí o nome "pontes de Einstein-Rosen".

Supõe-se que esses "atalhos cósmicos" encurtem a distância entre dois pontos do espaço-tempo, permitindo que uma nave viaje em minutos por milhões de anos-luz, seja neste universo ou em outro, seja no presente ou em outro ponto da linha temporal. Embora ainda não tenham sido observados diretamente, Carl Sagan nos lembrou que "a ausência de evidência não é evidência de ausência". Se buracos de minhoca forem tão comuns quanto as estrelas e tiverem entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros, detectá-los será apenas uma questão de tempo.

A criação de um buraco de minhoca exige uma quantidade imensa de energia escura para curvar o espaço-tempo. Além disso, eles "túneis cósmicos"são teorizados como pequenos, instáveis e praticamente intransponíveis. A conexão entre eles e a física quântica foi proposta pela primeira vez em 2013, apesar de a gravidade parecer incompatível com a mecânica quântica

Experimentos de teletransporte quântico já estão em andamento, investigando como essas rupturas no espaço-tempo poderiam estar relacionadas a fenômenos quânticos. Parece coisa de ficção científica, mas, como dizia Richard Feynman, ninguém realmente entende a mecânica quântica. O impossível só é impossível até alguém duvidar e provar o contrário.

Se o antiverso realmente existir, uma visita a ele exigiria viajar no espaço-tempo até a singularidade do Big Bang e sair do outro lado — uma jornada de 13,8 bilhões de anos, a idade estimada do universo pelo modelo Lambda-CDM, embora essa idade possa chegar a 26,7 bilhões de anos, segundo a hipótese do físico Rajendra Gupta, que se baseia na observação de estrelas azuis retardatárias que parecem mais jovens que os sistemas estelares aos quais pertencem.

Vale lembrar que o termo "singularidade gravitacional" se refere a pontos onde as leis tradicionais da física não se aplicam. A singularidade no centro de um buraco negro, por exemplo, possui densidade infinita, distorcendo o espaço-tempo de tal forma que para escapar dela seria necessário ultrapassar a velocidade da luz — algo impossível, segundo a Teoria da Relatividade.

Uma imagem recente capturada pelo Telescópio Espacial James Webb, mostrando aglomerados globulares maciços, sugere que essas formações podem ter surgido antes mesmo do Big Bang, o que contradiz o princípio da causalidade — e também a sabedoria do conselheiro Acácio. Esse aparente paradoxo pode ser explicado de duas maneiras: ou a idade dessas estrelas foi superestimada, ou o universo é mais antigo do que prevê o modelo padrão. 

Ambas as possibilidades deixam claro que uma revisão crítica do que sabemos sobre a dinâmica cósmica é cada vez mais necessária.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

AINDA SOBRE IAs

DO MAL NÃO PODE NASCER O BEM, ASSIM COMO UM FIGO NÃO NASCE DE UMA OLIVEIRA: O FRUTO CORRESPONDE À SEMENTE.
 

A inteligência artificial, que até recentemente parecia um conceito futurista, hoje faz parte do nosso cotidiano, e não só respondendo às nossas perguntas, mas também organizando nossos e-mails, encontrando a melhor rota no trânsito, sugere filmes e músicas com base em nossas preferências etc.

Conforme os chatbots se tornaram mais acessíveis e inteligentes, o leque de possibilidades se expandiu significativamente. Mas é preciso tomar alguns cuidados ao utilizar modelos de IA generativa. Como ensinou o Conselheiro Acácio sobre as consequências, "o problema é que elas vêm depois".

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Em sua campanha para se propagandear como um grande defensor da democracia, Lula inventou um encontro às margens da Assembleia-Geral da ONU com o título "Em defesa da democracia. Combatendo o extremismo". Biden ignorou o convite e enviou um oficial de segundo escalão. O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez e o presidente chileno Gabriel Boric toparam participar, mas Boric estragou a festinha de "alto nível" do petista ao tocar justamente no calcanhar de Aquiles da diplomacia brasileira, que diz defender a democracia enquanto apoia o ditador Nicolás Maduro.

Trinta e um países das Américas e da Europa mais a União Europeia publicaram uma nota conjunta na quinta-feira, 26, com críticas ao regime do tiranete venezuelano. O diretor da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch no Brasil, César Muñoz, criticou Lula por ignorar a crise na Venezuela durante o discurso do petista na Assembleia Geral da ONU, no dia 24. 

Ao tomar posse em 2023, o Lula retomou as relações diplomáticas com a Venezuela; no final de julho, Maduro comandou a formidável fraude eleitoral que foi exposta pela oposição. Sobre esse país, que já enviou 125 mil pessoas ao Brasil, o Sun Tzu de Atibaia não dedicou um único garrancho verbal na ONU.

As IAs baseiam suas respostas em informações disponíveis na Web, mas esses dados nem sempre são precisos. Além disso, o problema das "alucinações" (respostas inexatas, mas aparentemente corretas) ainda não foi totalmente resolvido. Portanto, é fundamental verificar a exatidão das informações, principalmente quando elas servem de base para decisões importantes.

Assim como outros aplicativos de smartphone, os apps do ChatGPT, Gemini, Copilot e afins precisam de permissões para funcionar corretamente — jogos de realidade virtual, por exemplo, exigem acesso à câmera. Cabe aos usuários conceder apenas as permissões necessárias e estar atentos às políticas de privacidade. Se algo parecer inadequado, a substituição por um app menos invasivo é sempre uma opção sensata.

Igualmente importante é o uso de senhas fortes, em combinação com a autenticação de dois fatores. Essa camada extra de segurança não é uma muralha intransponível, mas dificulta acessos não autorizados, mesmo em casos de vazamento de credenciais.

Como diz o ditado, seguro morreu de velho e, em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.