POLÍTICOS NO
BRASIL NÃO SÃO ELEITOS PELAS PESSOAS QUE LEEM JORNAIS, MAS PELAS QUE OS
UTILIZAM PARA LIMPAR O RABO.
Depois que
as câmeras digitais passaram a equipar os onipresentes smartphones,
tirar fotos se tornou uma prática muito comum. Só que não basta uma câmera
chinfrim para transformar um simples entusiasta em fotógrafo profissional, daí
a importância de contar com um software de edição de imagem, ainda que apenas para corrigir as
inevitáveis barbeiragens.
A maioria
das câmeras (aí incluídas as dos celulares) oferece algum programinha para
retocar as fotos, mas seus recursos costumam ser bastante limitados. Mesmo que
ninguém precise do Adobe Photoshop para corrigir “olhos de vampiro” em
suas selfies, montagens e edições mais rebuscadas demandam um editor de imagens
“de verdade” ― que eu recomendo instalar no seu PC, que certamente dispõe de
mais memória e poder de processamento do que o smartphone.
O MS
Paint, que acompanha o Windows desde as mais priscas eras, oferece
lápis, balde de tinta, borracha e outras ferramentas básicas de edição, e
permite redimensionar, rotacionar, copiar, recortar e colar imagens com
relativa facilidade. Todavia, para algo mais rebuscado ― como remover o fundo
de uma imagem, por exemplo ― seus recursos deixam a desejar (até dá para fazer,
mas o procedimento é trabalhoso e o resultado não costuma ser grande coisa).
A boa
notícia é que editores de imagem para
Windows existem aos montes, mas a
má notícia é que os melhores são caros, e explorar a vasta gama recursos e
funções que eles oferecem demanda tempo e dá trabalho. Então, sem embargo das
alternativas que eu sugeri em outras postagens ― como o
Gimp,
o
Paint.net,
o
Photo
Pos Pro etc. ―, edições despretensiosas podem ser feitas tranquilamente
através de
serviços online, que são gratuitos e mais fáceis de usar do
que aplicativos residentes.
No caso da
remoção do fundo de imagens, o
ClippingMagic é sopa no mel. Basta acessar o site, fazer o upload da imagem cujo
fundo se deseja remover, marcar em verde o primeiro plano (a porção que será
mantida) e em vermelho o segundo plano (a área que se quer fazer desaparecer) e
conferir o resultado ― em caso de dúvidas, é só clicar em
Examples ou em
Tutorials.
Como nada é
perfeito, esse serviço, que era gratuito durante a fase experimental, passou a
cobrar pelos downloads ― o pacote de créditos mais em conta é o
Light,
que custa US$ 3,99 e dá direito a 15 fotos, e, detalhe: os créditos expiram em
30 dias. Claro que sempre se pode
“capturar” a imagem da tela com a
foto editada, abrí-la no
Paint (ou outro editor de imagens qualquer) e
proceder manualmente ao acabamento, até porque é mais fácil recortar ou os
quadradinhos cinzas e brancos (ou preenchê-los com as cores adequadas) do que
fazer o trabalho de cabo a rabo com o próprio
Paint. No entanto, existem
alternativas online que podem não produzir resultados tão bons como o do
ClippingMagic
(que são de se tirar o chapéu), mas quebram bem o galho e não custam um tostão.
Interessado? Então não deixe de ler a próxima postagem.
O MOLHO DE TOMATE DE PALOCCI ― Num Brasil da Lava-Jato,
um prefeito como ele teria sido abatido em 2001, quando avançou na merenda
escolar
Elio Gaspari
escreveu em O GLOBO: A dúvida é se Antonio Palocci fala ou não fala. Que
ele tem o que falar, ninguém duvida. Afinal, foi ministro da Fazenda de Lula, chefe da Casa Civil de Dilma e queridinho da plutocracia
nacional. Um petista do bem, para quem tinha horror à espécie. Espera-se que
ele fale de Lula e teme-se que fale
do naipe de atrevidos da banca. Não se podendo saber do que vai acontecer,
fale-se do que já aconteceu.
Em 2001, o comissário Palocci
era prefeito de Ribeirão Preto e sua administração licitou a compra de 12
produtos para abastecer 40.500 cestas dos programas sociais e da merenda
escolar do município. Na lista constavam latas de “molho de tomate refogado e peneirado,
com ervilhas”. Comerciantes locais reclamaram, pois no mercado não havia molho
de tomate com ervilhas. A prefeitura poderia ter retirado a ervilha do molho e
o problema estaria resolvido, mas sustentou que havia dois fabricantes e foi em
frente. Falso. O único fabricante de molho de tomate com ervilha ficava no Rio
Grande de Sul.
Fizeram-se duas compras emergenciais e, mais tarde, quatro empresas foram habilitadas. O fabricante gaúcho só vendia seu molho de tomate
para uma empresa de São Caetano, a Cathita,
uma das selecionadas. O depósito da Cathita
ficava ao lado da sede da Thathica
(outra das escolhidas). As mulheres dos donos da Thathica e da Cathita
eram sócias na Gesa, a terceira
habilitada, que forneceu as cestas emergenciais. Tanto a Thathica, como a Cathitha
e a Gesa tinham o mesmo procurador
que a quarta empresa escolhida, o supermercado Estrela de Suzano.
Quando a história do molho de tomate com ervilha estourou, Antonio Palocci tornara-se coordenador
do programa de governo do candidato Lula
à presidência da República. Seu antecessor, Celso Daniel, fora assassinado, num dos mais misteriosos casos da
história do comissariado.
Um ano depois, com Palocci
no ministério da Fazenda, o procurador-geral da República não viu indícios de
que ele tenha participado das eventuais irregularidades ocorridas na compra do
molho de tomate com as indispensáveis ervilhas.
Palocci é capaz
de falar por mais de uma hora sobre um caso, andando em círculos, repetindo os
mesmos argumentos. Sua calma, ajudada pela dicção e pela capacidade de dizer
qualquer coisa sem trair emoção, ficou mais uma vez demonstrada durante sua
última audiência com o juiz Sérgio Moro.
Nela, foi capaz de exaltar sua sabedoria econômica informando que antes da
crise de 2007 mostrava aos clientes de sua consultoria os riscos das operações
com derivativos cambiais. Vendia o nascer do sol. A Sadia, por exemplo, meteu-se com derivativos, mas não quebrou por
falta de informação, foi aposta mesmo.
Palocci tornou-se
o queridinho do andar de cima porque foi o principal inspirador da guinada de Lula, jogando fora a fantasia de
inimigo do mercado. Tudo bem, mas nesse namoro, Lula não despiu a farda de comissário-geral. Nessa conta já estavam
o cadáver de Celso Daniel, as tramas
de prefeitos petistas com fornecedores e concessionários de transportes. O
molho de tomate de Palocci era o
início de uma história na qual uma nova equipe de rapinadores associava-se às
velhas guildas de larápios e da tolerância oportunista. O doutor tem o que
contar.
Elio Gaspari é jornalista