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sexta-feira, 11 de junho de 2021

DUAS PELO PREÇO DE UMA

QUEM AVISA AMIGO É.

Em meados de 2015, quando todo mundo achava que o sucessor do Windows 8/8.1 seria o Windows 9, a Microsoft lançou o Windows 10. Segundo a companhia, foi preciso “pular” o número 9 para evitar conflitos de compatibilidade, já que os desenvolvedores parceiros usavam a expressão “Windows 9” para diferenciar as versões 9.x/ME das que foram lançadas de 2001 em diante (WinXP e subsequentes). Coincidentemente, esse “detalhe” acabou com a farra dos cibercriminosos, que vinham oferecendo o “download gratuito do Windows 9” como com isca para induzir os incautos a clicar em links maliciosos.

Ao “promover” o Win10 a serviço (como já havia feito com a suíte MS Office), a Microsoft estabeleceu como política de atualização o lançamento de updates de conteúdo com periodicidade semestral — mas o primeiro só foi liberado em agosto do ano seguinte, quando o Win10 “soprou sua primeira velinha”, daí ele ser batizado de Windows 10 Anniversary Update.

ObservaçãoMicrosoft usa a palavra “build” (construção) para designar as atualizações mensais de qualidade que corrigem bugs, falhas críticas e brechas de segurança (elas ficaram conhecidas como “Patch Tuesday” porque são liberadas sempre na segunda terça-feira do mês). No âmbito do software, o termo “build” designa uma versão compilada de um programa, nada tendo a ver, portanto, com a versão do sistema. Por alguma razão, os usuários passaram a chamar de builds os updates semestrais de conteúdo (estes, sim, instalam as novas versões).

Especula-se que o lançamento do Windows 11 será anunciado no evento previsto para as 11h do próximo dia 24 (horário local do leste dos EUA). Até recentemente, imaginava-se que a versão 21H1 (Sun Valley), esperada para outubro deste ano, trouxesse uma porção de novidades (de cantos arredondados nas janelas dos programas a um menu Iniciar com partes flutuantes, passando por animações e ícones remodelados). 

Observação: Satya Nadella, CEO da Microsoft, disse tratar-se de “um dos updates mais significativos da última década”, e Yusuf Mehdi, executivo da big tech, que “nunca esteve tão empolgado com uma nova versão do sistema desde o Win95”. 

Como dito, a Microsoft não confirmou o lançamento do Win11, mas tampouco desmentiu os boatos. E botou mais lenha na fogueira vazando uma teaser  (que você pode ver na porção direita da figura que ilustra esta postagem) onde a sombra da janela não exibe a linha horizontal, formando duas colunas lado a lado que (para quem tem imaginação fértil) se assemelham ao número 11.

Mas há fundamento nos boatos. Quando mais não seja porque o Win10 completa seis anos em 29 de julho, o  que reforça a possibilidade de o Sun Valley ser, mais que uma atualização de versão, um sistema totalmente remodelado, o que justificaria a troca de nome para Win11, embora não se descarte a possibilidade de se chamar simplesmente Windows, sem qualquer número, e de os novos aprimoramentos serem implementados aos poucos, conforme, aliás, vem sendo feito já há algum tempo. 

Fato é que a Microsoft suspendeu o lançamento de novas builds pelo Dev Channel aos participantes do Windows Insider até a data da efeméride, talvez para realizar testes com o sistema que fornece atualizações e evitar que imprevistos aconteçam justamente na “hora H do dia D”. 

A quem interessar possa, o evento pode ser acompanhado ao vivo através deste link, lembrando que 11h00, pelo horário da costa leste dos EUA, corresponde a 12h00 no horário de Brasília.

A segunda parte desta postagem (para justificar o título) remete ao Voilà AI Artistque transforma selfies em desenhos tridimensionais e virou febre nas redes sociais. Segundo a empesa de cibersegurança Kaspersky, esse aplicativo pode comprometer a privacidade dos usuários, já que todas as fotos enviadas se tornam propriedade do desenvolvedor.

O fato de o programa dispor de um sistema de anúncios próprio sugere que a venda do material coletado não é a solução utilizada pelo desenvolvedor para monetização, mas quem utiliza esse tipo de software deve pôr as barbichas de molho: mesmo que o fabricante não utilize o material para ganho próprio, não está afastada a possibilidade de cibercriminosos invadirem seu banco de dados, e aí está feita a m***a, especialmente quando sistemas como o Internet Banking apostam cada vez mais em tecnologias de reconhecimento facial

ObservaçãoVoilà AI Artist funciona de maneira muito simples e utiliza recursos de inteligência artificial para transformar selfies em desenhos. Você precisa apenas escolher qual estilo de arte vai utilizar e enviar uma foto de sua galeria — ou mesmo tirar uma foto na câmera pelo próprio aplicativo — para obter o resultado em três versões. Aí é só salvar a arte na galeria do smartphone ou compartilhá-la nas redes sociais.

Como dizia meu avô, “quem avisa amigo é”.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

SEGURANÇA É UM HÁBITO...

O ASPECTO MAIS TRISTE DA VIDA DE HOJE É QUE A CIÊNCIA GANHA EM CONHECIMENTO MAIS RAPIDAMENTE QUE A SOCIEDADE EM SABEDORIA.

Segurança é um hábito e como tal deve ser cultivado. Kevin Mitnick, o papa dos hackers dos anos 1980, dizia que “computador seguro é computador desligado, mas um hacker competente será capaz de induzir o usuário a ligar o dispositivo (para então invadi-lo).

Observação: Não deixe de ler a Arte de Enganar, que Mitnick publicou em 2001, após passar cinco anos numa prisão federal. O livro traz diversas dicas (hoje obsoletas, mas enfim) e uma porção de curiosidades sobre a trajetória do menino que passou de mestre em engenharia social e phreaker (doutor em invasão de redes de telefonia) a consultor de segurança.

Parece exagero, mas não é. O ano passado foi atípico (por conta da pandemia que ainda não acabou), mas tudo leva a crer que o home office veio para ficar, e que nossa dependência de dispositivos eletrônicos deve crescer no “novo normal”. E esse cenário preocupante.

Segundo dados do Kaspersky Security Bulletin 2020, pelo menos 10,18% dos computadores conectados à web sofreram alguma ameaça no ano passado, e nada menos do 666,8 bilhões de ofensivas foram lançadas, com mais de 360 mil malwares sendo distribuídos por dia.

O Windows sempre foi considerado inseguro. Detratores da Microsoft, linuxistas de carteirinha e defensores de ocasião do software livre (de código aberto) chamavam o sistema de “ruíndows” (nem é preciso explicar o porquê), de “peneira” (devido às brechas de segurança) e de “colcha de retalhos” (numa alusão ao sem-número de “patches” — “remendos”, em português — que a empresa de Redmond era obrigada a implementar no programa para corrigir bugs e outras falhas). Mas muita dessa “insegurança” devia-se (e ainda se deve) ao fato de o programa em questão ser o sistema operacional mais popular do planeta, o que, mal comparando, seria como andar por um campo de tiro com um alvo pendurado nas costas.

A Microsoft investiu bilhões de dólares em segurança ao longo dos últimos 35 anos (detalhes nesta postagem), mas — traçando um paralelo com a pandemia da Covid — de nada adianta criar vacinas se a população não as utiliza para se imunizar. Ao se dar conta de que muitos usuários resistiam a implementar as atualizações e correções disponibilizadas no site do Windows Update (havia até quem afirmasse que aplicar essas correções “deixava o computador mais lento”), a empresa criou as “atualizações automáticas” e tornou compulsória a instalação de correções críticas e de segurança. Por mal de nossos pecados, alguns patches apresentaram (e ainda apresentam) efeitos colaterais indesejados, o que levou a Microsoft a devolver aos usuários do Windows 10 Home o controle sobre as atualizações.

ObservaçãoVale lembrar que até o update de março de 2019 (versão 1903) usuários do Windows 10 Home tinham de fazer malabarismos para driblar problemas que só seriam corrigidos a posteriori. Doravante, segundo a empresa, em vez de a instalação ser aplicada de maneira impositiva, o usuário será notificado da disponibilidade dos updates.

Enquanto pneus à prova de furos não se tornarem padrão da indústria, as montadoras continuarão equipando os veículos com estepe, macaco e chaves de roda; enquanto os engenheiros de software não se tornarem capazes de escrever programas isentos de bugs e brechas de segurança, desenvolvedores responsáveis continuarão criando e disponibilizando correções de falhas descobertas depois que o software foi lançado comercialmente (como faz a Microsoft no Patch Tuesday), mas cabe ao usuário (tanto do automóvel quando do computador) a reponsabilidade de providenciar o conserto.

Como se costuma dizer, é melhor acender uma vela que simplesmente amaldiçoar a escuridão.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

WIN10 21H1 — EM BREVE NO SEU PC

ENQUANTO OS TOLOS APRENDEM COM OS PRÓPRIOS ERROS, OS ESPERTOS APRENDEM COM OS ERROS DOS OUTROS.

Ao lançar o Windows 10, a Microsoft adotou o formato SaaS — de Software as a Service (programa como serviço, em tradução livre) —, a Microsoft modificou sua política de atualizações. 

Observação: O SaaS é uma modalidade de distribuição de software que se popularizou a reboque de serviços de streaming de vídeo e de música (como Netflix e Spotify) e de armazenamento remoto de dados (como OneDriveDropboxGoogle Drive e outros), na qual o software fica “na nuvem” e os usuários o acessam através da Internet. O SaaS não é exatamente um modelo por assinatura, embora possa fazer uso desse sistema para obter receita recorrente. Nele, o cliente contrata e paga como um pacote ou seleciona individualmente os recursos que deseja acessar e paga somente pelo que usar.

Em de receber Service Packs eventuais, como as edições anteriores, o Win10 recebe dois updates semestrais abrangentes (atualizações de conteúdo). O primeiro, em meados da primavera (no hemisfério norte), traz modificações visuais e de usabilidade; o segundo, no outono, tende a ser mais focado em atualizações de bastidores e manutenção. Neste ano, porém, a empresa inverteu essa proposta.  

Observação: Os Service Packs (pacotes de atualizações/correções lançados ao longo do ciclo de vida de cada versão do sistema) cederam espaço a updates semestrais de conteúdo, que introduzem aprimoramentos tecnológicas e ampliam a gama de recursos e funções do sistema, tornando-o mais seguro, funcional e atraente para os usuários.

O tradicional Patch Tuesday — que implementa atualizações pontuais e correções de bugs, falhas e vulnerabilidades — foi mantido e continua sendo liberado mensalmente, via Windows Update, sempre na segunda terça-feira do mês.

Todos os updates semestrais que a Microsoft liberou desde o primeiro aniversário do Win10 — assim como diversas atualizações mensais de qualidade — aporrinharam, em menor ou maior grau, uma parcela significativa da base de usuários do sistema. Sensível a esse problema, a empresa  devolveu ao Win10 Home (na atualização que implementou a versão 1903) a possibilidade de gerenciar updates, ou seja, passou a permitir o adiamento da instalação dos patches até que sejam criadas e disponibilizadas correções de bugs e falhas descobertas a posteriori.

Feita essa (não tão) breve contextualização, importa dizer que a próxima atualização semestral (21H1) já está no forno e deve ser servida em breve. Há cerca de três semanas, a Microsoft liberou o build 21337 para os participantes do programa Windows Insider. As principais novidades são o suporte ao Auto HDR e a personalização de áreas de trabalho virtuais (diferentes ambientes de trabalho para diferentes tarefas)

Em PCs com hardware e monitor com suporte para HDR, o novo build permite ativar o “Auto HDR”, que que habilitará a função automaticamente durante a execução de jogos baseados no DirectX 12 e DirectX 11, como já ocorre nos consoles Xbox Series X e Xbox Series S

O Explorador de Arquivos também foi atualizado — o espaçamento entre alguns itens foi aumentado, visando facilitar o acesso a eles em dispositivos com tela sensíveis ao toque. O aplicativo Bloco de Notas não só ganhou um novo ícone e um lugar no Menu Iniciar como será atualizado através da Microsoft Store, e os aplicativos Windows Terminal e Power Automate Desktop virão instalados por padrão.

O build inclui correções para diversos bugs. As principais resolvem problemas como vazamento de memória no DWM.exe, erros quando se tenta acessar o aplicativo Configurações em determinadas situações e/ou as opções avançadas do Windows Update no aplicativo Configurações, travamento de jogos executados em tela cheia caso quando se comanda o bloqueio/desbloqueio do PC ou se prime o atalho de teclado Alt + Tab e por aí vai.

O sistema que permite aos usuários desbloquear seus aparelhos por reconhecimento facial ganhará a capacidade de identificar uma webcam externa e configurá-la como dispositivo padrão no Hello (as câmeras integradas em notebooks nem sempre são de boa qualidade). Além disso, o Windows Defender Application Guard passará a executar verificações de segurança quando o usuário abre um documento recebido, e o Windows Management Instrumentation (WMI) Group Policy Service (GPSVC) receberá suporte para acesso remoto.

Ainda não há data prevista para a distribuição da atualização, via Windows Update, para toda a base de usuários, mas acredita-se que ela deva começar já no mês que vem.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

BUGS, SOFTWARE COMO SERVIÇO E OUTROS BICHOS

O SUCESSO NORMALMENTE VEM PARA QUEM ESTÁ OCUPADO DEMAIS PARA PROCURAR POR ELE.

Softwares são escritos por pessoas, e pessoas são seres falíveis. Daí não existirem programas de computador totalmente livres de bugs (erros de programação) e, consequentemente, a indústria do software considerar “aceitável” a ocorrência “x” falhas a cada “y” linhas de código.

Quanto mais complexo for o programa, mais linhas de código ele terá e maior será a incidência de erros de programação. A título de ilustração, o Office 2013 é formado por 50 milhões de linhas e o Mac OS X Tiger, por quase 90 milhões. Não é difícil imaginar o tamanho da encrenca.

Ainda que partam do projeto (fase alfa) e burilem o software etapa por etapa (betaclosed betaopen beta, e release candidate) até a versão gold (comercial), os desenvolvedores não estão livres de cometer erros pontuais. 

A maioria desses erros é identificada pelo controle de qualidade, mas pode acontecer de um bug passar batido e vir a ser descoberto depois do lançamento comercial do software. Nesse caso, desenvolvedores responsáveis se apressam a criar as devidas correções e disponibilizá-las através de patches (remendos) ou de atualizações de versão, conforme o ponto do ciclo de vida em que o programa se encontra.

Correções “a posteriori” geram custos e tendem a comprometer a imagem dos fabricantes. Sem falar no risco de a emenda sair pior que o soneto — como já aconteceu com alguns “pacotes cumulativos mensais” da Microsoft, que tiveram “efeitos colaterais” imprevistos e indesejados. Para além disso, todos os updates semestrais que a empresa lançou desde 2015, quando passou a comercializar o Windows como serviço, continham bugs e aporrinharam, em maior ou menor grau, um número significativo de usuários.

Antigamente, isso não acontecia com tanta frequência. Nem poderia. Até 2015, a Microsoft lançava novas versões do Windows em intervalos de 2 a cinco anos e, além do Patch Tuesday (pacote de correções liberado mensalmente, sempre na segunda terça-feira, como o próprio nome sugere), havia somente os service packs, que funcionavam como mini atualizações de versão.

Os SPs incluíam todas as atualizações/correções lançadas para determinada versão do Windows desde seu lançamento (ou do lançamento do service pack anterior), e não raro acrescentavam novos recursos e funções ao sistema. Mas é preciso ter em mente que mesmo XP, a despeito se ser a versão mais longeva do Windows, tendo sido suportado pela Microsoft durante 13 anos, foi alvo de apenas 3 service packs (média de um para cada 3 anos e 3 meses de seu ciclo de vida). 

Basta comparar essa periodicidade com a semestralidade das atualizações de qualidade que a Microsoft disponibiliza para o Win 10 desde o primeiro aniversário do lançamento do sistema como serviço para entender o que eu quero dizer.

Continua...

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

DE VOLTA AO WINDOWS 10 20H2, AGORA AO VIVO E EM CORES

QUANDO O ÁRBITRO APITA, O JOGO ACABA... SIMPLES ASSIM.

Vimos na postagem da última segunda-feira que a atualização do Windows 10 para a versão 20H2 começou a ser distribuída no dia 20 de outubro, só que “em fases”. 

A Microsoft vem adotando essa estratégia para evitar que eventuais intercorrências afetem mais de 1 bilhão de máquinas ao mesmo tempo. Aliás, a empresa publicou em seu site uma lista dos problemas relacionados com esse update (não custa você conferir antes de instalar). 

Todos os updates de conteúdo lançados desde o primeiro aniversário do Windows 10 aporrinharam, em menor ou maior grau, uma parcela significativa da base de usuários (mais detalhes na sequência que começa nesta postagem). Por conta disso, a versão 1903 devolveu ao Win 10 Home Edition a possibilidade de gerenciar updates (que nunca foi limada da edição PRO), tornando possível adiar a instalação de patches por até 5 semanas.

Até 2015, quando o Windows passou a ser disponibilizado como serviço (SaaS), novas versões eram lançadas de tempos em tempos, e os usuários se apressavam a atualizar seus computadores (quase sempre utilizando uma mídia de instalação adquirida nos melhores camelódromos do ramo). 

Eu sempre recomendei migrar somente quando a Microsoft disponibilizasse o primeiro service pack (como eram chamados os “pacotes” que englobavam todas as atualizações/correções criadas para uma determinada versão desde seu lançamento ou da liberação do SP anterior). Mas a nova política de atualizações da mãe da criança eliminou a figura do service pack.

A prudência recomenda instalar as atualizações de conteúdo do Windows 10 três ou quatro semanas depois que a Microsoft começou a disponibilizá-las para os usuários finais. Em tese, um mês é tempo mais que suficiente para a correção de falhas que tenham escapado ao crivo dos engenheiros de software da empresa (para saber mais sobre updates problemáticos e suas consequências, reveja a sequência iniciada nesta postagem).

Usuários mais afoitos, incapazes de conter o furor uterino, podem "cortar caminho" atualizando seus sistemas manualmente (detalhes na postagem do último dia 3). Mas não custa lembrar que cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, e que os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito.

Recebi os arquivos de atualização para a versão 20H2 na noite de terça-feira, juntamente com o Patch Tuesday de novembro. A instalação transcorreu sem problemas e levou menos tempo que as anteriores. 

Concluído o processo, tecle Win+R, digitei winver na caixa do menu Executar e cliquei em OK (para conferir se a nova versão havia sido realmente instalada), já que, num primeiro momento, não notei a menor diferença.

O propósito desse update é corrigir problemas e fazer ajustes internos no sistema, embora traga algumas novidades — sobretudo para quem ainda não havia instalado o Edge Chromium (detalhes nesta postagem). Não era o meu caso. Mas não demorei a reparar que, na lista do menu Iniciar e nos blocos dinâmicos (live tiles), as cores sólidas deram lugar a cores claras e semitransparentes, que se mesclam com as cores do wallpaper (plano de fundo) e facilitam a localização de ícones específicos. 

Mudaram também os ícones da Calculadora, do Email do Calendário. A Aba de Notificações passou a exibir ícones dos aplicativos, facilitando a associação entre as notificações e os programas aos quais elas remetem, além de ganhar um "X" clicável para dispensar notificações (até então, a única opção era a seta para a direita).

O atalho Alt + Tab — que acompanha o Windows desde a versão 2.0 e permite alternar entre janelas de nível de aplicativo sem usar o mouse — agora inclui também as abas abertas no Edge Chromium. Detalhe: essa funcionalidade, que não se estende a outros navegadores, pode ser incomodativa se você costuma manter muitas abas do navegador abertas ao mesmo tempo. Em sendo o caso, clique em Iniciar > Configurações > Sistema > Multitarefas e, em Alt + Tab e reveja essa configuração (as opções vão desde retornar ao status quo ante a limitar a 5 ou a 3 o número de abas do navegador que serão exibidas).

Ainda há mais a dizer, mas vou deixar para o próximo post. Até lá.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

AINDA SOBRE O WIN 10 20H2 E O EULA

NÃO SE COMBATE A HIDROFOBIA PRENDENDO O CÃO DANADO NA CORRENTE. É PRECISO SACRIFICÁ-LO.

A Microsoft já começou a distribuir a atualização semestral de conteúdo que promove o Windows 10 à versão 20H2. 

Segundo a política adotada pela empresa quando do lançamento do sistema como serviço, em julho de 2015, os updates de conteúdo são disponibilizados duas vezes por ano, um no outono e outro na primavera, e as atualizações de qualidade, sempre na segunda terça-feira do mês — daí o nome Patch Tuesday

Caso seja necessário corrigir falhas críticas ou brechas de segurança em caráter extraordinário, os patches são disponibilizados fora dessas datas. As atualizações automáticas são habilitadas por padrão, mas seguro morreu de velho, e não custa nada rodar o Windows Update a cada dois ou três dias.

Updates semestrais resultam em novas versões. Cada versão é identificada por um número de quatro algarismos. Em tese, os primeiros dois algarismos remetem ao ano e os dois últimos, ao mês em que a versão foi lançada. Na prática, porém, a teoria costuma ser outra. A versão 2004, por exemplo, foi liberada em maio (5º mês do ano). A mais recente (20H2 ou 2009), começou a ser distribuída no dia 20 do mês passado (10º mês do ano). Aliás, se você ainda não a recebeu pelo Windows Update, aguarde mais uns dias.

Como eu costumo dizer, os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito. Considerando que todas as atualizações de conteúdo que Win 10 recebeu desde seu lançamento aporrinharam, em menor ou maior grau, uma parcela significativa dos usuários, a Microsoft rendeu-se aos fatos e passou a liberar os updates de forma “faseada” (ou “em ondas). Uma atitude louvável: se 1 bilhão de computadores fizessem a evolução simultaneamente, toda a base de usuários estaria sujeita a problemas decorrentes de bugs e assemelhados, o que seria dramático num momento em que milhões de pessoas estão em home office e, portanto, totalmente dependentes do computador.

Observação: Se essas ponderações não o sensibilizaram caríssimo leitor (ou caríssima leitora), sinta-se à vontade para forçar a evolução manualmente (basta seguir as instruções que eu publiquei nesta postagem).

Antes de prosseguirmos, abro um parêntese para complementar o que disse no último dia 4 sobre o EULA, cujos termos a maioria de nós se limita a aceitar (clicando em Sim, Yes, Aceito, Concordo etc.) para poder dar sequência à instalação do software.  Por óbvio, não é possível saber quais são os direitos e obrigações que esse contrato estabelece, embora haja soluções (ou paliativos) que facilitem a análise, conforme também foi mencionado no post de quarta-feira feira passada.

Enfim, um levantamento realizando em 1997 revelou que 91% dos usuários que concordam com os termos de uso das plataformas e aplicativos que utilizam jamais leram os respectivos contratos, sobretudo os usuários mais jovens (entre 18 e 34 anos de idade, esse percentual chega a 97%).

Vale lembrar que os Termos de Uso e as Políticas de Privacidade são dois contratos distintos, ainda que seja comum serem colocados no mesmo documento, como se fossem uma coisa só. Além disso, ambos são contratos de adesão e bilaterais, ou seja, que estabelecem obrigações para ambas as partes. Só que apenas uma das partes elabora as cláusulas, e a outra parte concorda sem ter a menor ideia do que se trata.

A função precípua do EULA é descrever detalhadamente o produto ou serviço ofertado e, em torno disso, estabelecer não só as responsabilidades da plataforma, do usuário, mas também as garantias que ela confere para que este último tenha seus direitos assegurados.  

Embora os Termos e Condições de Uso de qualquer plataforma possam conter um sem-número de cláusulas (até para desmotivar o usuário de ler o documento) seis delas costuma estar sempre presentes:

1. O objeto do contrato, ou seja, a descrição do que é o produto ou serviço que o usuário está consumindo.

2. As condições gerais de uso, isto é, como a plataforma deve ser utilizada e com o que o usuário está concordando ao utilizá-la.

3. O pagamento, se houver — em caso de não haver, é desejável que a gratuidade da utilização esteja expressa.

4. A política de privacidade de dados (quando não for estipulada em outro documento), no qual deve constar como os dados dos usuários são coletados e de que forma são utilizados — tanto os dados cadastrais do usuário quanto o uso de cookies e os mecanismos para exclusão das informações pessoais do usuário, caso o usuário a solicite (lembrando que a LGPD já está em vigor).

5. Responsabilidade ("Disclaimer"), que deve deixar claro para o usuário quais situações são de sua responsabilidade e quais são da plataforma, visando evitar que ela seja responsabilizada por incidentes que ocorram dentro de seu domínio, mas aos quais ela não tenha dado causa. Por exemplo, a imputação da responsabilidade ao usuário pelo conteúdo compartilhado por ele (comentários ofensivos, compartilhamento de imagens ou informação sem autorização das partes envolvidas, discurso de ódio etc.).

6. Alteração Contratual, visto que as novas versões que venham a ser lançadas podem conter novas funcionalidades que deem azo a novas relações jurídicas, ainda que a obrigação da plataforma se limite a informar o usuário de que houve mudanças e que ele deverá aceitá-las se desejar continuar usando o serviço.

Agir de forma açodada ou irresponsável implica consequências, e o problema com as consequências é que elas sempre vêm depois. Aceitar os termos desses contratos é condição sine qua non para prosseguir com a instalação do aplicativo ou utilizar determinada plataforma, mas fazê-lo sem ler é uma péssima ideia. Até porque sem conhecer o alcance desse aceite você não terá como saber se está renunciando a quais direitos ou autorizando expressamente o uso de sua imagem, de seus dados pessoais, e o que poderá ser feito com eles. 

Alegar ignorância da existência de uma lei que tipifica determinado ato não permite pratica esse ato impunemente, a menos, é claro, que quem pratica o ato seja a deputada Flordelixo ou o senador Cueca-Suja, por exemplo. Portanto, jogar sua sogra pela janela e dizer ao juiz que não sabia que purificar o ambiente era crime não o livrará da pena. 

Em suma, sendo possível ao agente conhecer o direito e ele agir de forma indiferente ou preguiçosa mesmo assim, a punição prevista em lei lhe será aplicada. Pense nisso antes de aceitar sem ler o próximo EULA.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A MICROSOFT E AS NOVIDADES DO WINDOWS 10

VISITAS SEMPRE DÃO PRAZER. SENÃO QUANDO CHEGAM, PELO MENOS QUANDO PARTEM.

A trajetória do Windows teve altos e baixos e foi marcada por dois “divisores de águas". O primeiro foi o Win95, que promoveu a sistema operacional autônomo o que até então era uma simples interface gráfica (e custou à Microsoft US$ 300 milhões em publicidade, mas isso é outra conversa). O segundo foi o Windows 10, lançado em 2015 como SaaS (sigla em inglês para “software como serviço”).

Para quem não se lembra, até a chegada do Win10Microsoft lançava novas versões do sistema de tempos em tempos”. O WinME chegou em 2000, o XP, um ano depois, o Vista, só no final de 2006, o Seven, em outubro de 2009, e o Eight, em 2012. A cada lançamento, os usuários precisavam adquirir a mídia de instalação numa loja parceira da Microsoft — ou nos melhores camelódromos do ramo, a critério de cada um e por sua conta e risco, já que as cópias piratas custavam uma fração infinitesimal do preço das originais, mas não raro funcionavam mal ou vinham recheadas de malware.

Observação: Durante décadas, o uso de software pirata foi muito popular e sua comercialização, extremamente lucrativa. Tanto que, no final de 2014, quando todos aguardavam ansiosamente a chegada do Windows 9 e a Microsoft anunciou que nova versão se chamaria Windows 10, os cibercriminosos já ofereciam links para sites maliciosos que supostamente disponibilizavam o download gratuito da edição que nunca chegou a existir (visando infectar os espertinhos com uma carga de pragas digitais).

Dependendo do intervalo entre os lançamentos, a configuração física do computador tornava-se incompatível com a nova versão, já que naquela época a indústria do hardware substituía componentes de ponta por modelos ainda mais avançadas em períodos cada vez mais curtos. Nesse caso, o jeito era fazer uma “operação casada” (upgrade de hardware + atualização do sistema) ou modernizar o equipamento em uso, fosse instalando mais memória RAM, fosse substituindo a CPU (processador principal) por um modelo mais moderno e veloz, ou mesmo adicionando um segundo drive de HD ou substituindo o original por um modelo mais rápido e de maior capacidade.  

O Windows 10 pôs fim a essa ciranda. Com a política de atualizações implementada pela Microsoft quando passou a fornecer o sistema como serviço, os Service Packs (pacotes de atualizações cumulativas que aprimoravam a segurança e/ou adicionavam melhorias de desempenho e suporte a novos tipos de hardware) deixaram de existir, mas juntaram-se às tradicionais atualizações mensais de qualidade, liberadas sempre na segunda terça-feira do mês (Patch Tuesday), os novos updates semestrais de conteúdo. Desde então, os usuários obtêm a cada seis meses, de forma gratuita e horizontal, uma versão atualizada do sistema, com novos recursos, funções e uma porção de outros aprimoramentos.

Para estimular a adoção do Win10 — e atingir a ambiciosa meta de um bilhão de instalações em apenas 3 anos — a Microsoft concedeu o prazo de um ano para usuários de PCs com hardware compatível e que rodassem cópias seladas do Win7 SP1 ou dos Win8/8.1 fazerem gratuitamente a evolução. A estratégia de marketing funcionou, embora a bilionésima instalação tenha sido alcançada com 18 meses de atraso (mesmo assim, a mãe da criança comemorou em grande estilo, oferecendo aos usuários um  pacote de wallpapers comemorativo).

Os updates semestrais resultam em novas versões, que são identificadas por um número de quatro algarismos, que identificam o ano e o mês em que a versão foi lançada. Na prática, porém, a teoria pode ser outra: a versão liberada no semestre passado é a 2004, embora não tenha chegado em abril, mas no final de maio (mês 05). A próxima, 2009, já foi disponibilizada para desenvolvedores parceiros e usuários inscritos no programa Windows Insider, mas só deve começar a ser distribuída via Windows Update agora em outubro (mês 10).

Quem quiser abreviar a espera pode baixar os arquivos da página do Windows 10 no site da Microsoft e fazer a atualização manualmente, lembrando que os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito: todas os updates de conteúdo lançados até agora — versões 1511, 1607, 1703, 1709, 1803, 1809, 1903, 1909 e 2004 — aporrinharam, em menor ou menor grau, uma parcela significativa de usuários (mais detalhes na sequência de postagens sobre updates problemáticos, que eu publiquei a partir de 2 de maio p.p.). O Update de Abril (2004), por exemplo, trouxe problemas de compatibilidade com o software Intel Optane Memory Pinning em máquinas com Intel Optane Memory, exibição de tela azul da morte devido a softwares e drivers que ainda precisavam ser atualizados para suportar a nova versão, e por aí vai (vide relatos publicados por usuários no fórum da Intel, no Twitter e no Hub de Feedback do Windows).

Continua...

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

EDGE CHROMIUM — INICIALIZAÇÃO E HISTÓRICO

SE CONTINUARMOS FAZENDO O QUE SEMPRE FIZEMOS, CONTINUAREMOS OBTENDO OS MESMOS RESULTADOS QUE SEMPRE OBTIVEMOS.

Complementando o que eu disse sobre o Edge Chromium no post da última quarta-feira, se o fato de o meu Edge não memorizar o histórico nem reiniciar como estava ao ser encerrado fosse um problema erga omnes (como nossos empolados ministros supremos gostam de se referir a atos ou leis cujos efeitos se estendem a todos), uma simples busca no Google retornaria uma porção de menções e sugestões a propósito.

Considerando que todos os updates semestrais liberados pela Microsoft desde o primeiro aniversário do lançamento do Windows 10 como SaaS (sigla para software como serviço em inglês) infernizaram a vida de uma porção de gente, mas nenhum deles afetou todos os usuários ao mesmo tempo — ou teríamos ouvido falar na demissão coletiva dos engenheiros e desenvolvedores de software da Microsoft —, não dá para saber de antemão se e como nosso PC será afetado por uma atualização (mais detalhes na sequência sobre updates problemáticos, iniciada nesta postagem e concluída nesta outra).

Por razões cuja discussão foge ao escopo desta postagem, a maioria dos problemas têm relação direta com o software (incompatibilidades e conflitos envolvendo drivers desatualizados ou determinados aplicativos), mas em alguns casos — menos frequentes, é verdade — o vilão da história é o hardware ou algum programinha de baixo nível a ele relacionado.

Em abril de 2018, a Microsoft suspendeu o Windows 10 Spring Creators Update devido a um bug que travava o sistema e exibia uma BSOD (tela azul da morte). O problema foi corrigido e a atualização, depois de rebatizada como April Update, foi reinserida na página de download da empresa. A versão 1809, liberada seis meses depois, foi suspensa após uma enxurrada de reclamações e relançada livre dos bugs somente em meados de dezembro (mais detalhes nesta postagem).

No Patch Tuesday de fevereiro último, usuários reclamaram do sumiço de arquivos salvos na área de trabalho, juntamente com seus perfis e personalizações (papel de parede, ícones, cor das janelas, etc., tudo foi revertido para a configuração padrão). No mesmo mês, depois que a Microsoft corrigiu uma vulnerabilidade descoberta pela NSA, choveram postagens nas redes sociais relatando que o Windows Search (barra de pesquisas do sistema) havia parado de funcionar. 

O update de conteúdo lançado em maio — que promoveu o Win10 à versão atual — também foi suspenso depois que participantes do Windows Insider apontaram problemas relacionados com o Intel Optane Memory. De acordo com postagens no fórum da Intelno Twitter e no Hub de Feedback do Windows, quando a atualização era instalada o PC exibia uma mensagem de erro relacionada ao Intel Optane Memory Pinning.

Depois de instalarem o Patch Tuesday de agosto passado, usuários de máquinas da Lenovo se depararam com recorrentes telas azuis da morte. A atualização continha um bug relacionado com uma diretriz de segurança que restringe o acesso a dispositivos de hardware baseados no barramento PCI (barramentos são conjuntos de trilhas elétricas que interligam todos os componentes do PC). 

A falha está ligada ao Lenovo Vantage, um software proprietário que conversa diretamente com dispositivos PCI, e essa transição de informações acabou esbarrando na nova ferramenta de segurança do Windows 10, que responde automaticamente gerando a tela azul. A Lenovo criou um paliativo baseado na desativação, via CMOS Setup, de um recurso ligado a biometria que entra em ação quando o computador é inicializado. 

A Microsoft confirma que essa medida ajuda a evitar travamentos, mas adverte que desabilitar recursos de segurança deixa o dispositivo exposto a ameaças (a mais pura exaltação do óbvio, mas enfim...). Embora as duas empresas venham buscando uma solução definitiva, ainda não existe data prevista para a liberação de uma atualização de correção.

Voltando ao caso do meu Edge: depois de muito bater cabeça tentando resolver o problema eu resolvi jogar a toalha. Afinal, não me faltam navegadores. Além do Chrome — que uso como navegador padrão —, conto com os excelentes FirefoxVivaldiWaterfoxAvast Secure Browser e Tor. Não há razão, portanto, para perder tempo tentando desempacar a mula. 

Por outro lado, se querer é poder (antes fosse, mas isso é outra conversa), aos teimosos basta não poder para querer — mesmo que seja para largar num canto qualquer. E como teimosos não teimam sozinhos, enchi-me de brios e chamei às falas o navegador insubmisso.

Quase três décadas usando o Windows me ensinaram que a origem do problema torna-se menos relevante quando e se não é condição sine qua non para sua solução. Ademais, tudo é reversível no âmbito do software, mesmo que, em situações extremas, seja preciso reinstalar o sistema e começar tudo de novo. Mas o comportamento do meu Edge não mudou depois que eu o reinstalei — e possivelmente não mudaria se eu reinstalasse o Windows.

Assim, voltei à tela das configurações pela enésima vez e conferi se, em “Ao inicializar”, a opção “Continuar de onde você parou” estava marcada, e se, em “Privacidade, pesquisas e serviços” > “Limpar dados de navegação ao fechar” > “Escolher o que limpar”, todos os itens continuavam desmarcados. Estava tudo como eu havia deixado. Abri meia dúzia de páginas em outras tantas guias, fechei o Edge e voltei a abri-lo depois de 30 segundos... e lá estava a Nova guia exibindo minha homepage no layout Informativo.

Enfim, ainda que não me tenha servido de consolo, pelo menos essa configuração ele mantinha.

Continua...

quarta-feira, 22 de julho de 2020

PRÓXIMAS ATUALIZAÇÕES DO WINDOWS 10, UMA PITADA DE HISTÓRIA E OUTRA DE CULTURA INÚTIL

O BRASIL PRECISA MENOS DE INSULTOS E MAIS DE SOLUÇÕES.

Vimos que o Windows 10 Iron (ou versão 21H1, que parece nome de vírus de gripe) deve ser lançado no primeiro semestre de 2021 e promete vir recheado de novidades. 

O cronograma de atualizações da Microsoft prevê o lançamento de um update de recursos ainda este ano (lá pelo final de setembro ou começo de outubro), mas, até onde se sabe, ele se limitará a corrigir bugs e fazer outros ajustes internos, ou seja, não deve introduzir mudanças daquelas que saltam aos olhos dos usuários. 

Essa alternância já foi observada nas duas últimas atualizações semestrais: a versão 1909, liberada há pouco mais de um mês, trouxe uma porção de inovações, ao passo que a anterior, 1903 estava mais para um service pack de antigamente do que para um update de recursos como manda o figurino.

Observação: Ao disponibilizar o Win 10 como serviço, em junho de 2015, a Microsoft modificou significativamente sua política de atualizações: foram-se os tradicionais service packs e vieram os updates semestrais de conteúdo — o primeiro foi lançado em julho de 2016, quando o Win 10 completou um ano, e não à toa foi chamado de Anniversary Update). De se ressaltar que as atualizações de qualidade — correções de segurança e confiabilidade — foram mantidas e sua periodicidade mensal, preservada (toda segunda terça-feira de cada mês, daí elas serem conhecidas como Patch Tuesday).

Mudando de um ponto a outro, no dia 4 abril de 1975 dois jovens amigos, ambos fanáticos por tecnologia, fundaram uma empresa “de garagem” para desenvolver e comercializar interpretadores BASIC voltados ao Altair 8800 (que é tido e havido como o precursor dos computadores pessoais). 

Por interpretadores, entendem-se programas de computador que leem um código fonte a partir de uma linguagem de programação interpretada e o converte num código executável; por programa, um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descrevem uma tarefa a ser realizada pelo computador; por instrução, uma operação única executada por um processador, que pode ser qualquer representação de um elemento num programa executável, tal como um bytecode (formato de código intermediário entre o código fonte, o texto que o programador consegue manipular e o código de máquina que o computador consegue executar); por conjunto de instruções, a representação em mnemônicos do código de máquina que facilita o acesso ao componente. 

Observação: A grande vantagem do bytecode está na combinação da portabilidade — o bytecode irá produzir o mesmo resultado em qualquer arquitetura — com a prescindibilidade do pré-processamento típico dos compiladores. Em outras palavras, ele pode ser definido como um produto final, que dispensa a validação da sintaxe (conjunto de regras que definem as sequências corretas dos elementos de uma linguagem de programação)e dos tipos de dados (entre outras funções dos compiladores).

Se a ficha ainda não caiu, os jovens que mencionei no primeiro parágrafo não são mais tão jovens assim. Willian Henry Gates III está com 64 anos e Paul Gardner Allen estaria com 67 se não tivesse morrido em 2018. A empresa que eles fundaram é a Microsoft — cujo nome advém da combinação de microcomputador e software — e o Altair 8800, uma geringonça baseada na CPU Intel 8080, vendida na forma de kit (a montagem ficava por conta de quem o comparasse) por intermédio da revista norte-americana Popular Electronics

A primeira versão dessa engenhoca não passava de uma caixa de metal repleta de luzes vermelhas, operada por chaves, e que não tinha qualquer utilidade prática, mas era fácil de montar... e as pessoas compravam porque achavam legal montar um computador (tanto assim que as vendas superaram em 10 vezes as expectativa mais otimistas de seu idealizador).

Dez anos depois de fundarem a Microsoft, Gates e Allen criaram uma interface gráfica que rodava no MS-DOS. A essa altura, os computadores pessoais já haviam evoluído um bocado, mas, salvo raríssimas exceções, não dispunham de uma interface gráfica, e operá-los exigia conhecimentos avançados de programação, além da memorização de centenas de intrincados “comandos de prompt”, baseados em texto e parâmetros. 

prompt — ponto de entrada para a digitação de comandos do DOS e outros comandos internos do computador — é geralmente representado pela letra correspondente à partição do sistema, seguida de dois pontos, uma barra invertida e o sinal de “maior que” (C:>), embora outros elementos sejam adicionados conforme se navega pelos diretórios, pastas e arquivos. Os comandos precisam ser inseridos cuidadosamente, pois um espaço a mais ou a menos, um caractere faltando ou sobrando ou qualquer erro de digitação resulta na exibição de uma mensagem de erro.

Antes de deixarmos no passado o que ao passado pertence, é bom lembrar que o DOS — ou MS-DOS, como a Microsoft batizou sua versão desse vetusto "sistema operacional baseado em disco" — foi o SO propriamente dito até  o Windows 95, que se pretendia um sistema operacional autônomo. Na verdade, ele quase chegou lá, porque o DOS continuou atuando nos bastidores e sobreviveu à virada do século. O cordão umbilical só foi cortado em outubro de 2001, com o lançamento do XP, cujo estrondoso sucesso fez dele a versão mais longeva de toda a história do Windows (seu suporte estendido foi encerrado somente em 2014).

Observação: O nome "XP" deriva de eXPerience. Foi o primeiro sistema operacional produzido pela Microsoft com vistas ao usuário final construído a partir da arquitetura e do kernel (núcleo) do Windows NT 5.1, e por isso foi considerado sucessor tanto do Windows 2000, voltado ao mercado empresarial, quando do malfadado Windows ME, focado no usuário doméstico.

Por hoje está de bom tamanho. O resto fica para os próximos capítulos.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

DE VOLTA AO UPDATE DE ABRIL DO WINDOWS 10 (FINAL)


A BURRICE MATA.
Desde o lançamento do Windows 10 que a Microsoft passou a identificar os updates semestrais de conteúdo como versões xx03, xx07 ou xx09, onde os “xx” correspondem aos dois últimos dígitos do ano de lançamento (e o número subsequente, por obvio, ao mês, embora essa correspondência nem sempre seja exata).
A primeira versão do Win 10 foi lançada oficialmente em julho de 2015 e recebeu o número 1507. Em julho de 2016, a primeira atualização de conteúdo (batizada, por motivos óbvios, de Anniversary Update) recebeu o número 1607. Na sequência vieram o Creators Update (1703), o Fall Creators Update (1709) e por aí afora.
Seguida essa cronologia, a versão atual deveria ser a v2003 (ainda que os indefectíveis bugs e a pandemia do coronavírus tenham empurrado o lançamento de março para o final de maio), mas 2003 poderia causar confusão com o vetusto Windows Server 2003, e a Microsoft optou por v2004.
Foi também para evitar problemas de compatibilidade que o Windows “pulou” do 8.1 para o 10 — isso porque os desenvolvedores de software usavam a expressão “Windows 9” para checar se a versão do sistema em que os aplicativos eram executados era a 95 ou a 98. Por tabela, a alteração frustrou os planos dos cibercriminosos de plantão, que já ofereciam falsos links para download gratuito do “Windows 9” pirata, com malwares embutidos em seus códigos.
E já que estamos no assunto, cabe aqui um esclarecimento: a Microsoft usa a palavra “build” (“construção” em inglês) para designar as atualizações mensais de qualidade do Windows, que trazem melhorias de performance, correção de bugs, falhas críticas e brechas de segurança. E por liberá-las tradicionalmente na segunda terça-feira de cada mês, a empresa batizou essas atualizações de Patch Tuesday.
A rigor, o termo build nada tem a ver com a versão do sistema. No âmbito do desenvolvimento de software, ele é usado para identificar uma versão compilada de um programa — isto é, quando as linhas de código escritas em linguagem de alto nível são traduzidas para linguagem de máquina, para que possam ser compreendidas e processadas pelo dispositivo computacional. A build pode ser completa (o software inteiro) ou parcial (partes dele).
Por alguma razão, usuários do Windows 10 — noves fora os que têm familiaridade com Programação — passaram a associar a expressão “build” às atualizações semestrais de conteúdo, quando estas resultam em novas versões, que podem ter diversas builds (compilações) até que seja lançada a versão subsequente. Portanto, as builds não alteram o número de versão do software.
Uma forma simples de entender a diferença está nos códigos de cada versão. Por padrão, elas são identificadas por um número de 4 dígitos, enquanto a build usa 7 ou 8, no formato XXXXX.XX ou XXXXX.XXX (vide figura que ilustra esta postagem, onde a versão é 2004 e a build, 19041.329).

terça-feira, 30 de junho de 2020

DE VOLTA AO UPDATE DE ABRIL DO WINDOWS 10 — VERSÃO 2004 (CONTINUAÇÃO)


O PRIMEIRO PECADO DA HUMANIDADE FOI A FÉ; A PRIMEIRA VIRTUDE FOI A DÚVIDA.
Relembrando: até a promoção do Windows a serviço (por ocasião do lançamento do Win 10), novas edições eram lançadas de tempos em tempos (detalhes no post anterior), e adotá-las exigia a aquisição dos arquivos de instalação/atualização nas lojas parceiras da Microsoft (licença FPP, como veremos em detalhes mais adiante) ou de uma cópia pirata (vendida nos melhores camelódromos do ramo por uma fração ínfima do preço da mídia original, que embute o custo da licença de uso do software), ou, ainda, de um computador novo com o sistema operacional pré-instalado pelo fabricante (distribuição em OEM).
Oferecendo o Windows em OEM, os fabricantes de PC reduzem seus custos — em lote, o preço das licenças são bem mais baixos que na modalidade FPP (de varejo) — e ainda lucram embutindo na instalação versões demo ou com prazo de licença reduzido de apps que os desenvolvedores de software estão sempre dispostos a remunerar (para saber mais, clique aqui).
A promoção do Windows a serviço também pôs fim aos Service Packs — “pacotes” que englobavam todas as atualizações/correções disponibilizadas desde o lançamento de uma determinada edição do Windows (ou de seu Service Pack anterior, conforme o ponto do ciclo de vida em que o sistema se encontrava por ocasião do lançamento do SP), além de, eventualmente, acrescentar novos recursos e funções). Mas o tradicional Patch Tuesday — pacote de atualizações de qualidade que a MS lança todo mês, sempre na segunda terça-feira — permanece.
Observação: A título de ilustração, o XP, que foi a edição mais longeva do Windows — em parte porque o Vista, lançado em janeiro de 2006 com um aparato publicitário digno do nascimento de um príncipe, foi um fiasco retumbante, tanto de crítica quanto de público — recebeu três Service Packs ao longo de seus 12 anos de existência (somente em 2014 que a Microsoft pôs fim a seu suporte estendido, embora o Windows 7, lançado em outubro de 2009 , tenha feito o sucesso que seu antecessor ficou devendo.
As modalidades de distribuição de software foram tema desta postagem. No que concerne especificamente ao Windows, a maneira mais indicada para quem ainda roda o Win 8.1, Seven, Vista ou XP — o 8.1 é único que continua sendo suportado pela Microsoft (até janeiro/23) — é a "operação casada", ou seja, a compra de PC novo com o sistema pré-carregado pelo fabricante. Isso porque o Win10 completa 5 anos daqui a um mês, donde uma máquina que veio com o Win 8.1 deve ter bem uns 5 anos, o que, do ponto de vista da evolução tecnológica, é tempo pra burro!
Caso seu hardware seja mais recente e esteja em boas condições de funcionamento e usabilidade (fico me perguntando por que, nesse caso, o sistema não seria o Win 10), nada impede que você compre uma cópia licenciada do Ten — com a possível exceção do custo da brincadeira; para a versão Home, que a mais adequada a usuários domésticos, o preço sugerido pela Microsoft é de R$ 730.
Para uso corporativo o licenciamento por volume (Open ou MOLP) implica uma economia significativa, mas só está disponível para empresas “Parceiras Microsoft” (participantes do programa Microsoft Partner). Nessa modalidade não há produtos do mercado doméstico e as licenças são totalmente digitais. Na maioria dos casos, nem a mídia de instalação é fornecida (embora possa ser baixada do site Microsoft), e as chaves, ISOs de instalação, quantidade de ativações, etc., tudo é controlado pelo painel VLSC (ou Volume Licensing Service Center).

Observação: Note que esse tipo de licença permite o downgrade do Windows 10 para o 8.1 Pro e 7 Pro (é possível voltar até 02 versões do produto adquirido), e o mesmo se aplica à suíte Office.
Diferentemente das licenças por volume, as modalidades OEM, FPP e ESD são voltadas tanto ao mercado doméstico quanto ao corporativo, e podem ser adquiridas em lojas físicas ou virtuais. Um computador com licenciamento OEM traz o software pré-instalado pelo fabricante (essas licenças não são vendidas avulsas). Para esse tipo de licença ser válido é preciso que conste da nota fiscal o equipamento mais a licença, e que o hardware traga a etiqueta com a chave do produto (ou chave de ativação gravada na BIOS/firmware do equipamento).

Dentro desse grupo ainda há o tipo COEM, que só pode ser aplicado em equipamentos novos ou que nunca tiveram um sistema operacional instalado (isso inclui qualquer versão de Windows, Linux ou qualquer outro). Basicamente, a diferença entre a COEM e a OEM é que a primeira pode ser vendida isoladamente, desacompanhado do equipamento, ao passo que a segunda só pode ser comercializada com computadores novos.
Já um produto FPP é vendido em lojas parceiras da MS (ou por qualquer revendedor de software) em caixinhas ou cartões, podendo vir ou não acompanhado da mídia de instalação. Uma variante da licença FPP é o tipo ESD, que tem regras de instalação e licenciamento muito parecidas, mas a licença é digital (ou de download), e utilizá-la requer uma conta Microsoft e, obviamente, o download do produto.
Por hoje é só. Tenhamos todos um excelente dia.