sexta-feira, 22 de março de 2024

DANDO NOME AOS BOIS (PARTE 3)


Marx ensinou que a história sempre se repete, primeiro como farsa e depois como tragédia. Não é fácil diferencia uma coisa da outra no Brasil, mas a mim me parece que a campanha de Bolsonaro em 2018 se enquadra no rol das farsas e a vitória de Lula em 2022, no das tragédias (uma tragédia gerada por um eleitorado apedeuta, como frisaram Pelé e Figueiredo, e polarizado pelo "nós contra eles" parido pelo próprio Lula, mas isso é outra história).

Um levantamento feito pela Genial/Quaest junto ao mercado financeiro apontou que 64% dos entrevistados consideram negativa a gestão de Lula (12% a mais do que em novembro passado), mas que a aprovação do ministro da Fazenda cresceu 7 pontos percentuais. Ontem, o Datafolha divulgou que, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, as parcelas da população que aprovam e rejeitam a administração federal estão tecnicamente empatadas, e que a aprovação do petista em um ano e três meses de mandato está tecnicamente igual à Bolsonaro com o mesmo tempo de governo.

Ao atribuir o aumento da reprovação a "problemas de comunicação", Lula finge não ver que ele é o grande responsável. O conteúdo tóxico de suas falas destrambelhadas sobre Gaza elevou-o à categoria de "persona no grata" em Israel, e suas investidas intervencionistas na Petrobras e na Vale fizeram o valor de mercado das duas maiores empresas encolher bilhões de reais.   

Em vez de cortar despesas, o petista vê no aumento da arrecadação o caminho para bancar sua gastança eleitoreira. Em vez de governar o país, desperdiça tempo — e dinheiro do contribuinte — mostrando o mundo a sua cuidadora e torpedeando seu antecessor. Diz que "polarização é boa se a gente souber trabalhar os neutros para criar maioria e governar o Brasil", e que "o país foi polarizado durante décadas pelas disputas entre PSDB e PT", esquecendo de lembrar (ou lembrando de esquecer) que os adversários de outrora tinham punhos de seda, ao passo que os agora são trogloditas capazes de tudo.  

Durante a reunião, o Sherlock Holmes tupiniquim exibiu sua extraordinária capacidade dedutiva ensinando que o golpe não deu certo porque Bolsonaro é um "covardão". "Ele ficou quase um mês chorando no Palácio da Alvorada, foi para os Estados Unidos e, como o golpe não deu certo, diz agora que nós estamos ferindo a democracia, que não houve nada de concreto, mas sabemos que houve uma tentativa de um golpe nesse País". 


A campanha terminou em outubro e Lula tomou posse em janeiro, mas, em vez governar o país, continua atacando o bolsonarismo e chamando o "coisa" para briga. Eleito com a bandeira da "pacificação", atiça a oposição no Congresso e anima a disputa pelo espólio político de um político inelegível, elegendo-o seu adversário nas eleições de outubro. 


A disputa pode ser boa para Lula, mas cria um ambiente tenso, que o distancia ainda mais dos eleitores que o apoiaram por falta de opção. Na política, quem enfurece o adversário controla os seus movimentos. Tomado pela raiva, o petista desperdiça a paciência dos brasileiros que avaliam mal a sua administração. 


Desde que convocado para comandar a pasta da Justiça, Lewandowski vem tentando de tudo para demonstrar sua serventia. Mas o tudo ainda não quis nada com ele. Em Mossoró, sua excelência declarou que a operação de busca pelos dois foragidos "está se desenvolvendo com êxito", e que "o custo é elevado, mas necessário". Tão difícil quanto encontrar os criminosos é descobrir onde está o tal "êxito": passados mais de 40 dias e gastos mais de R$ 6 milhões, o paradeiro dos fugitivos continua incerto e não sabido. 

Cavalgando o caso Marielle, o ex-supremo togado promoveu a espetacularização do nada: "As notícias que temos é que vamos encontrar os criminosos em breve". Decorridos cinco dias, mandou chamar a imprensa e, correspondendo às expectativas de quem não vê motivos para esperar muito dele, limitou-se a anunciar que o STF homologou a delação premiada de Ronnie Lessa — o criminoso acusado de puxar o gatilho —, e que "brevemente teremos a solução do assassinato".  O problema de certos espetáculos é que o público não está devidamente ensaiado. "Queremos respostas", bateu a viúva da vereadora assassinada em 2018. 

Observação: Lewandowski vem do STF, onde há dois tipos de ministros: os que acham que são Deus e os que têm certeza. Na pasta da Justiça, sua maior decepção é a descoberta gradativa de ele que também está sujeito à condição humana.

A imagem de "imbrochável incomível e imorrível" que Bolsonaro se esfalfa para exibir com palavras não orna com seus atos. Sempre que a merda lhe chega à altura dos beiços, ele tenta atribuir a culpa a outrem. No jargão da caserna, o ex-capitão é do tipo que abandona os feridos no campo de batalha para salvar a própria pele. Em sua coluna no UOL, o desembargador aposentado Wálter Maierovitch escreveu que a minuta do golpe foi elaborada a partir das fantasias que Bolsonaro criou, que há "exuberância de provas" e que esse tipo de crime (sui generis) fica caracterizado mesmo que os preparatórios não ingressem na fase de exaurimento.

 

O ex-presidente golpista vem sendo empurrado para dentro de uma sentença criminal por seu ex-ajudante de ordens convertido em delator e pelos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, que se recusaram a aderir ao golpe. A PF já o indiciou por associação criminosa e inserção de dados falsos no sistema Saúde, e o ministro Alexandre de Moraes deu prazo de 15 dias para a PGR decidir se o denuncia. Caso afirmativo, caberá ao plenário da Corte decidir se converte o inquérito em ação penal e promover Bolsonaro e os outros 16 denunciados a réus.


ObservaçãoTramitam no STF outros seis inquéritos contra Bolsonaro: o das fake news, o das milícias digitais, o que apura atos violentos no Sete de Setembro de 2022, o da notícia falsa que relacionava a vacina contra Covid à Aids, o das joias sauditas e o da tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023. Outros dois indiciamentos devem ser enviados a Paulo Gonet antes das férias do meio do ano. 


Farejando o cheiro de queimado, a tropa de choque bolsonarista pendurou nas redes sociais imagens da multidão que recepcionou eu líder em Maricá (RJ), potencializando o paradoxo que envenena a conjuntura nacional: nas páginas do inquérito, Bolsonaro derrete como um picolé ao sol; nas ruas, sua musculatura política sugere que, mesmo não tendo o condão de livrá-lo de um encontro com o Código Penal, mantém em pé-de-guerra a tribo que o vê uma espécie de Tiradentes traído pelas provas que produziu contra si mesmo e pelos inconfidentes das "minhas Força Armadas".


Ainda que o ex-verdugo do Planalto esteja na bica de ver o sol nascer quadrado, satanizá-lo não elevará a taxa de popularidade do inquilino de turno. Ao se pautar pelo ressentimento, Lula se comporta como o sujeito que toma veneno na esperança de que seu adversário morra. 

quinta-feira, 21 de março de 2024

APOCALIPSE DA INTERNET?

TANTAS VEZES VAI O JARRO À FONTE QUE UM DIA LÁ DEIXA A ASA.

O avanço das investigações pode levar algumas pessoas que foram à Paulista apoiar Bolsonaro a considerar a hipótese de terem sido logradas. 
É evidente que isso não se aplica aos fanáticos nem os adeptos da ruptura institucional, apenas àqueles que, por alguma razão, acreditavam que o dejeto da escória da humanidade é vítima de uma narrativa oposicionista. 
Os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica foram escolhidos pelo golpista por serem afinados com ele, e tudo indica que seus depoimentos guardaram relação apenas com os compromissos de elogio à verdade e fidelidade aos preceitos inerentes às prerrogativas das fardas estreladas. 
Claro que para enxergar essa obviedade requer olhos (a pior cegueira é a mental) e inferir que o "mito" tentou usar as FFAA em seu projeto golpista  tanto antes quanto depois das eleições de 2022  exige ao menos dois neurônios minimamente funcionais. 
Sabe-se agora que o encastelamento do aspirante a tiranete no Alvorada não decorreu de doença ou depressão pós-derrota, mas da urdidura de uma tramoia para anular o resultado das urnas e continuar no poder. Exibindo sua extraordinária capacidade dedutiva, Sherlock Lula revelou no dia 18 que o golpe só não aconteceu porque "o coisa" é um "covardão". 
Interessa dizer que nossa banânia passou por mais essa provação, que a verdade vem sendo posta e, dando tudo certo, seus detratores serão punidos.

Profetas, videntes e assemelhados trombeteiam vaticínios apocalípticos desde o início dos tempos. No alvorecer da era cristã, respaldados no "Apocalipse de João", vates delirantes agendaram o "juízo final" para algum momento próximo virada do primeiro milênio, depois para 1033, para 1666, e assim por diante. 

Em 1806, uma galinha que passou a pôr ovos com a inscrição "Christ is coming" espalhou pânico nas Ilhas Britânicas — até que se descobriu que uma falsa vidente escrevia a mensagem na casca dos ovos e os enfiava de volta pela cloaca da adivinha emplumada. A Igreja Católica Apostólica (criada em 1836) anunciou que Jesus voltaria após a morte de seus 12 fundadores (o último bateu as botas em 1901) — anúncio que as Testemunhas de Jeová fazem desde 1870. À luz do Teorema do Macaco Infinito, talvez um dia alguém acerte. 
 
Rumores sobre um suposto alerta feito pela Nasa dando conta de um suposto "apocalipse da Internet viralizaram nas redes sociais no final do ano passado, mas nem a agência fez tal anúncio, nem o astrofísico Peter Becker, responsável pelo vaticínio, publicou um estudo que sustentasse suas alegações. É fato que os polos magnéticos do Sol se invertem a cada 11 anos, que essa inversão aumenta a frequência de erupções solares e que uma tempestade solar pode comprometer o funcionamento da Internet, mas fato é que isso jamais aconteceu — e nada indica que desta vez será diferente.
 
Essa teoria conspiratória surgiu a partir de um estudo feito em 2021 sobre os efeitos de uma ejeção de massa coronal extremamente intensa nas redes elétricas e de comunicações tradicionais e na internet global. No entanto, somente três casos foram registrados até hoje: 1) em 1859, o Evento Carrington provocou pane em quase todos os sistemas elétricos existentes na época e gerou auroras polares que puderam ser vistas de todo o planeta, inclusive em regiões tropicais; 2) em 1929, um evento ainda maior causou um incêndio de média escala na Estação Grand Central e derrubou a rede de telégrafos de NYC; 3) em 1989, uma ejeção moderada de massa coronal derrubou a rede elétrica Hydro-Québec, no norte do Canadá, deixando parte daquele país sem energia por cerca de nove horas. 
 
Para os arautos da desgraça, três décadas sem um evento majoritário é sinal de que ele está na bica de ocorrer. Há quem diga que a pandemia de Covid foi a prova provada de nosso despreparo para lidar com cataclismos dessa magnitude. Exageros à parte, numa sociedade extremamente dependente da tecnologia, uma tempestade solar capaz de deixar o planta sem energia elétrica, Internet, satélites, celulares, com noites iluminadas por auroras e aparelhos dando choque mesmo desligados da tomada... não vejo exemplo melhor de antessala do inferno. 

ObservaçãoUma explosão de solar categoria M7 ionizou o topo da atmosfera terrestre no último dia 10, deixando sem sinal de rádio por cerca de 30 minutos partes da África, do Brasil, da Venezuela e da Colômbia. O ciclo solar atual começou em dezembro de 2019. O anterior foi considerado tranquilo, com baixa quantidade de vento solar expelido da estrela no centro do nosso sistema, mas, de outubro de 2021 para cá, o Sol tem gerado manchas e erupções com maior frequência O pico é esperado para este ano. Com sua aproximação, a atividade deve ficar cada vez mais intensa, aumentando a quantidade de erupções e jatos de plasma solar.

quarta-feira, 20 de março de 2024

DANDO NOME AOS BOIS (CONTINUAÇÃO)

 

Com o fiasco da quimérica "terceira via", expulsar o verdugo do Planalto exigiu a volta do ex-tudo (ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista e "ex-corrupto descondenado"), que venceu o capetão com a menor diferença de votos no segundo turno desde a redemocratização. 

Protagonista inconteste do Mensalão e do Petrolão e precursor do "Nós x Eles" (que deu origem à cisão atual), Lula foi réu em mais de 20 ações criminais e gozou 580 dias de férias compulsórias em Curitiba até ser socorrido pelas decisões teratológicas que anularam suas condenações sem absolvê-lo de nada. Embora já esbanje carisma como em 2010, quando se jactava de ser capaz de eleger até poste, acredita que ocupa o cargo de Zeus, e age como se estivesse no Olimpo

Durante a campanha de 2022, o petista empunhou a bandeira da "pacificação"; empossado, rasgou o figurino, pulverizou a imagem do país idílico da propaganda oficial e segue fomentando a cizânia com seus garranchos verbais. "A polarização é boa se a gente souber trabalhar os neutros para que a gente possa criar maioria e governar o Brasil". Traduzido para o português do asfalto, a pérola lulista significa mais ou menos o seguinte: "Trabalho apenas com convertidos da esquerda e neutros do centro, desisti de governar para a direita." 
 
Millôr Fernandes ensinou que "o perigo de uma meia verdade é dizer exatamente a metade que é mentira". Ao relembrar que o Brasil foi polarizado entre PSDB e PT durante décadas, Lula compara os adversários de outrora com os inimigos de hoje, o que é um negacionismo político a serviço da politicagem. 

Quando venceu a eleição em 2002, Lula cumprimentado por José Serra e presenteado por Fernando Henrique com uma transição de mostruário. Derrotado em 2022, Bolsonaro sonegou ao país o reconhecimento da derrota, tramou uma virada de mesa, estimulou o acampamento que pedia intervenção militar na frente do QG do Exército e foi assistir desde a Flórida à intentona de 8 de janeiro. Na era da polarização PSDB X PT, o bico mais afiado da oposição era de Tasso Jereissati, um oposicionista de punhos de renda. Hoje, o palanque ambulante rala uma oposição protagonizada por gente como Nikolas Ferreira, um guerrilheiro de redes sociais.
 
Para acomodar aliados da falaciosa "frente democrática" que o ajudou a ser eleito pela terceira vez (e queira Deus que tenha sido a derradeira), Lula criou dezenas de novos ministérios. Para comandar as pastas já existentes, nomeou antigos aliados sepultados no julgamento do Mensalão ou quando a saudosa Lava-Jato expôs as entranhas pútridas do Petrolão. 
Durante o primeiro ano da atual gestão, recebeu com pompa e circunstância o ditador Nicolás Maduro, presenteou Dilma com a presidência do Banco do Brics, indicou para o STF um amigo e advogado particular e um ministro socialista, comunista e marxista
 
Em 15 meses de governo, o morubixaba petista passou quase 70 dias num périplo turístico por 30 países. Demorou a afastar auxiliares envolvidos com corrupção. Vituperou
 o presidente do Banco Central. Sabotou a meta de déficit zero de seu ministro da Fazenda. Tentou interferir na Petrobras e enfiar Guido Mantega na presidência da Vale (como não conseguiu, tenta agora acomodá-lo na Braskem). 

Lula gosta de criticar, mas não de ouvir críticas. Vai às nuvens quando os puxa-sacos o ovacionam, mas faz ouvidos moucos para os apupos da realidade. Além de reeditar erros cometidos em suas gestões anteriores, enriquece a lista de asnices louvando o déspota venezuelano, comparando a Gaza ao Holocausto, defendendo a ideia de que democracia é um conceito relativo e dizendo ter orgulho de ser chamado de comunista. 
  
Há décadas que o Brasil é governado como uma usina de processamento de esgoto, onde entra merda por um lado e sai merda pelo outro. E o que mais poderia sair? Entre a porta de entrada, aberta pelas eleições, e a de saída, na troca de comando, a merda muda de aparência e de nome, recebe nova embalagem... mas continua sendo merda.
 
Quanto mais Lula fala, mais claro fica que já passou da hora de ele encerrar seu ciclo na política. Às vésperas de completar 79 anos, o eterno demiurgo de Garanhuns é uma usina de ideias retrógradas, ou ruins, ou retrógradas e ruins. Dada a impossibilidade de arejar uma mentalidade como essa, urge arejar o ambiente.
 
Continua...

terça-feira, 19 de março de 2024

MAIS SEGURANÇA NO GOOGLE CHROME

A MELHOR MANEIRA DE VOCÊ CUMPRIR SUA PALAVRA É NÃO EMPENHÁ-LA.

A pior cegueira é a mental e o pior cego, aquele que não quer enxergar. Isso explica milhões de toupeiras "enxergarem" Bolsonaro como uma pobre vítima de "perseguição política", mesmo à luz  de 27 depoimentos sobre a "suposta" tentativa do "suposto" golpe "supostamente" urdida pelo ex-presidente e seus "supostos" cúmplices. 
O general Freire Gomes e o brigadeiro Batista Júnior colocaram o "mito" no centro da trama golpista. O ex-comandante do Exército revelou que ele discutiu os termos de uma minuta de decreto golpista com os comandantes das FFAA, e o ex-comandante da Aeronáutica, que Freire Gomes ameaçou Bolsonaro de prisão caso ele insistisse no golpe. 
Exsudando a inocência de um recém-nascido em sua festa de batizado, o imbrochável incomível e inelegível afirmou: "Nunca assinei nada relacionado a isso. Até porque ninguém dá 'golpe' com papel". 
Houve um tempo em que eu tinha vergonha de ser brasileiro. Hoje, eu tenho nojo. 

O Google anunciou recentemente que o Chrome contará com um recurso que detecta tentativas de phishing em tempo real. A ferramenta integra a Navegação Segura do app e faz a checagem a partir de uma lista de sites suspeitos, que fica armazenada no dispositivo do usuário e é atualizada em intervalos de 30 a 60 minutos.

Observação: A má notícia é que alguns ataques de phishing usam páginas que ficam no ar por menos de 10 minutos, e nem todo dispositivo tem capacidade de ficar baixando atualizações da lista a cada hora. Seja como for, é sempre melhor pingar do que secar.

 

Com o novo recurso, o Google espera bloquear 25% mais tentativas de phishing. E para assegurar a privacidade dos usuários, utiliza criptografia e técnicas avançadas de proteção de dados (segundo a empresa, nem ela tem acesso às informações sobre os sites visitados).

 

O Chrome oferece dois níveis de proteção, e o novo método de verificação fará parte da Proteção Padrão — a Proteção Reforçada já conta com uma verificação em tempo real, baseada em checagens de lista usando inteligência artificial. Para conferir se seu navegador já conta com a nova ferramenta, acesse as Configurações, vá em Privacidade e segurança (na barra lateral) e toque (ou clique, conforme o caso) em Segurança. Se a Proteção Padrão estiver selecionada, nenhuma ação adicional será necessária.

segunda-feira, 18 de março de 2024

DANDO NOME AOS BOIS

 

Quem dá a chave do galinheiro às raposas não pode reclamar do sumiço das galinhas, e quem vota em políticos que se elegem para roubar, roubam para se reeleger e legislam em causa própria não pode reclamar da corrupção. 

Nos idos de 1970, o "rei" Pelé e o "presidente" Figueiredo alertaram para o perigo de colocar brasileiros e urnas no mesmo ambiente; passados 50 anos, o eleitorado apedeuta ainda não aprendeu que "agentes políticos" são funcionários públicos pagos com dinheiro dos impostos para servir aos interesses da nação. 

Uma rápida vista d'olhos nos "eleitos" desde a redemocratização (não que a situação fosse muito melhor antes de 1964) sugere que galinhas criarão dentes antes de que a ralé escalada pelo Criador para povoar esta banânia descobrir que político não deve ser endeusado, mas cobrado — e penabundado se mijar fora do penico. 
 
Na eleição solteira de 1989 — a primeira pelo voto popular desde 1960 — havia 22 postulantes ao Planalto, entre
 os quais Ulysses Guimarães e Mário Covas. Acabou que o esclarecidíssimo eleitorado despachou Collor e Lula para o segundo turno. O caçador de marajás de mentirinha derrotou o desempregado que deu certo de verdade, mas se envolveu com corrupção e renunciou horas antes do julgamento de seu impeachment.

Com a deposição do "Rei Sol", Itamar Franco foi promovido a titular. Tendo o sucesso do Plano Real como cabo eleitoral, Fernando Henrique derrotou Lula em 1994; picado pela mosca azul, comprou a PEC da reeleição (detalhes nesta postagem) e derrotou Lula em 1998. Mas já não restavam ao tucano de plumas vistosas novos coelhos para tirar da velha cartola, e Lula venceu Serra em 2002 e Alckmin em 2006. 

Em 2010, o "cara" de Barack Obama escalou uma gerentona de araque para manter aquecida a poltrona que tencionava voltar a ocupar dali a quatro anos, mas madame pegou gosto pelo poder, promoveu o maior estelionato eleitoral da história e venceu Aécio Neves em 2014 — com a menor diferença de votos desde a eleição de Juscelino em 1955. 
 
Promovido de vice a titular pelo impeachment da "mulher sapiens", Michel Temer 
conseguiu baixar a inflação e a Selic e aprovar o Teto dos Gastos e a Reforma Trabalhista, mas seu "ministério de notáveis" revelou-se uma notável confraria de corruptos, e o fato de ter sido citado nas delações da Odebrecht (43 vezes somente na do ex-diretor de relações institucionais da empreiteira não ajudou) não contribuiu para a popularidade de um presidente visto como traidor e golpista pelos petistas e malvisto pelos que comemoraram o final do governo petista (por ter sido vice de Dilma e presidido o maior partido da base aliada do governo petista por 15 anos).

Observação: Num primeiro momento, a troca de comando foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Após 13 anos e fumaça ouvindo os garranchos verbais de um semianalfabeto e as frases desconexas de uma  destrambelhada, um presidente que não só sabia falar como até usava mesóclises era um refrigério. 

Quando vieram a público o áudio da conversa de alcova com o carniceiro de luxo Joesley Batista e o vídeo de Rodrigo Rocha Loures arrastando uma mala de dinheiroTemer viu seu sonho de entrar para a história como "o cara que recolocou o Brasil nos trilhos" se transformar no pesadelo de se tornar primeiro Presidente denunciado no exercício do cargo por corrupção, formação de quadrilha e obstrução da Justiça. 

Demovido da ideia de renunciar por Eliseu Padilha, Moreira Franco, Carlos Marun, Romero Jucá e outros puxa-sacos que perderiam os cargos e o foro privilegiado se o chefe pedisse o boné, o nosferatu tupiniquim esbravejou — num pronunciamento à nação feito mais de 40 horas depois do furo de Lauro Jardim  que o STF seria "o território onde surgiram as explicações e restaria provada sua inocência". A partir daí, pôs-se a mentir descaradamente para justificar o injustificável, moveu mundos e fundos — especialmente fundos — para se escudar das "flechadas de Janot" e claudicou pela conjuntura como pato manco até o final do mandato-tampão, que se encerrou com a transferência da faixa presidencial para Jair Bolsonaro, o subproduto da escória da raça humana que se elegeu graças a uma formidável conjunção de fatores

Como ensinou o Conselheiro Acácioas consequências sempre vêm depois. Para supresa de ninguém, o deputado do baixo-clero que aprovou dois projetos em 7 mandatos e obteve míseros 4 votos quando disputou a presidência da Câmara (em 2017) se tornou o pior mandatário desde Tomé de Souza — e o primeiro, desde a redemocratização, a não conseguir se reeleger. Se essa criatura repulsiva não tivesse conspirado 24/7, fomentado a Covid, rosnado para o Congresso e o Supremo e se amancebado com Queiroz, Zambelli, milicianos e outros imprestáveis, é possível que o xamã do PT continuasse gozando férias compulsórias na carceragem da PF em Curitiba. 

Uma vez confirmada a derrota nas urnas, o "mito" da extrema-direita radical se encastelou no Alvorada, onde ficou até a antevéspera da posse de Lula, quando então desabalou para os EUA e se homiziou na cueca do Pateta por quase três meses, aguardando o desenrolar dos acontecimentos urdidos no Brasil por seus comparsas golpistas. 
 
Lula merece um capítulo especial, que lhe será dedicado na próxima postagem.

domingo, 17 de março de 2024

COMO SE LIVRAR DOS ANÚNCIOS ONLINE

AS PAREDES TÊM OUVIDOS — E CONTAS NAS REDES SOCIAIS.
 
O percentual dos brasileiros que acham que o país está dividido subiu de 64% para 83%, revelou a Genial/Quaest (resta saber quantos já descobriram que merda fede). Lula precisa vestir o figurino de pacificador que usou durante a campanha, mas isso é difícil para quem trata as eleições municipais de outubro como uma espécie de terceiro turno contra Bolsonaro
Apoiado pelo xamã petista, Guilherme Boulos contabilizou 30% das intenções de voto; enganchado no ex, Ricardo Nunes granjeou a preferência de 29%. Há sete meses, o placar registrava 32% a 24%, com Boulos na liderança. 
A Quaest encostou à foto de Lula a imagem de uma corrente que Boulos arrasta pela pré-campanha, e que o viés de queda pode transforma em bola de ferro. A Nunes, o instituto informou a aprovação de Tarcísio de Freitas entre os paulistanos oscilou positivamente. O governador não chega a ser um trampolim, mas é um caixote em cima do qual o prefeito consegue acenar com mais facilidade para o eleitorado bolsonarista. 
Mesmo acomodada no longínquo patamar de 8%, Tábata Amaral pode impulsionar o debate de temas como a limpeza das ruas, as opções de transporte público, a poda de árvores, as mudanças climáticas, o papel dos guardas municipais, que talvez não empolguem os eleitores, mas servem para lembrá-los de que a polarização é um problema, e não a solução para seus problemas.
 
A propaganda é a alma do negócio, mas tudo que é demais enche. A profusão dos anúncios e pop-ups que explodem na tela do celular não só dificultam a navegação como podem oferecer riscos à segurança, pois alguns não passam de malwares disfarçados. Para minimizar esse desconforto no Android, abra o Chrome, acesse o site responsável pelos anúncios e pop-ups, toque nos três pontinhos, acesse as Configurações, toque em Configurações de sites > Anúncios e efetue o bloqueio.
 
Muitos aplicativos se valem das permissões concedias pelo usuário para sobrepor anúncios na tela. Para revisar essas permissões, acesse Configurações > Aplicativos, toque no ícone do app exibe os anúncios incomodativos e desabilite a opção "Sobrepor a outros apps"
 
Celulares da Samsung vêm configurados de fábrica para exibir propagandas na tela de bloqueio. Para mudar esse comportamento, toque em Configurações > Privacidade > Serviço de personalização e desative a opção Personalizar este telefone.
 
Os bloqueadores disponíveis na Google Play Store não fazem milagre, mas ajudam. O AdBlock e o AdBlock Plus são extensões gratuitas que funcionam com os principais navegadores. AdGuard, desenvolvido especialmente para o Chrome, é gratuito, bloqueia anúncios e ajuda a evitar fraudes e rastreamento online.

sábado, 16 de março de 2024

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM...

... E O TEMPO RESPONDEU QUE NÃO TEM TEMPO PARA DIZER AO TEMPO QUE O TEMPO DO TEMPO É O TEMPO QUE O TEMPO TEM.

Fruto da cruza do PL com o DEM, o União Brasil foi apresentado como grande em 2021. Em três anos, revolucionou o provérbio. Mostrou que a união faz a farsa e que o novo era coisa muito antiga. Hoje, o partido belisca milhões em verbas eleitorais, controla três ministérios na Esplanada de Lula, manda no ninho de desvios de verbas da Codevasf e reivindica as presidências da Câmara e do Senado, mas se encaixa melhor no Código Penal do que na legislação eleitoral, e se vê numa crise que tem como pano de fundo a disputa por uma caixa registradora de mais de R$ 500 milhões. 

O UB foi convertido num processo de autocombustão. O fósforo foi riscado quando Luciano Bivar perdeu a presidência para o vice, Antônio Rueda. Julgando-se traído pelo parceiro na política e em negócios privados, Bivar fugiu ao controle. Deve ser conduzido à porta de saída. 

O desfecho foi precipitado pelo incêndio de duas casas de praia num condomínio chique de Pernambuco. Uma pertence a Rueda e a outra, à irmã dele, que é tesoureira do UB. Como se não bastasse, está sobre a mesa do ministro Nunes Marques a ação na qual Rueda acusa Bivar de ameaçar a integridade física de sua filha. A peça é ornamentada com um vídeo que reproduz conversa telefônica. 

Que essa fogueira arda até as ultimas consequências. 


Segundo a Teoria da Relatividade Geral, o tempo não é absoluto e pode ser percebido de maneira diferente por diferentes observadores, dependendo da velocidade e da força gravitacional a que eles estão submetidos. Se estivermos a ponto de borrar as calças e ouvirmos de quem está no banheiro o inevitável “só um minuto!”, esse minuto parecerá o mais longo da nossa vida. 

Conta-se que um leigo pediu a Einstein que trocasse em miúdos sua famosa teoria, e recebeu do físico a seguinte explicação: "Coloque a mão na chama de um fogão e um minuto lhe parecerá uma hora; sente-se junto daquela "pessoa especial" por uma hora e lhe parecerá um minuto. Isto é relatividade."
 
Por levar em conta nossas emoções, expectativas, o quanto as tarefas exigem de nós num determinado período e até mesmo nossos sentidos, nosso cérebro registra a passagem do tempo de maneira "flexível". Segundo estudos recentes, até o idioma que falamos e o sistema de escrita (da esquerda para a direita ou vice-versa) fazem diferença. 

Na maioria das línguas, o passado é descrito como algo que ficou para trás e o futuro, como algo que está sempre mais adiante, mas no idioma falado pelos índios Aimarás dá-se o contrário. No inglês, as distâncias físicas são usadas para explicar a duração dos eventos, mas no grego, por exemplo, a passagem do tempo se baseia em quantidades físicas — ou seja, o fluxo do tempo é percebido como um volume crescente, e não como uma distância percorrida. 
 
O idioma pode se infiltrar em nossos sentidos mais básicos, como emoções e percepção visual, donde aprender uma nova língua nos "sintoniza" com dimensões perceptivas até então desconhecidas. Um estudo publicado pela Nature Reviews Neuroscience dá conta de que o hipocampo dos "atrasados crônicos" os faz subestimar o tempo necessário para chegar ao local do compromisso, já que suas estimativas são feitas com base no tempo que eles levaram para realizar a mesma tarefa no passado, e essas memórias e percepções nem sempre são precisas. 
 
Estudos demonstram que o estado emocional negativo tende a dar a impressão de que o tempo está passando mais devagar, e o positivo, a sensação oposta. No auge da pandemia da Covid, era comum querer "acelerar o tempo" para retomar a "vida normal", mas essa sensação acabou sendo contrária para muita gente, já que emoção e motivação estão interligadas, e o efeito dessa interligação pode tanto "acelerar" quanto "desacelerar" a sensação de passagem do tempo. E quanto mais motivação a pessoa sentir em ambas as direções, mais declarada será a mudança em sua percepção de tempo.  
 
Tanto a aceleração quanto a desaceleração do tempo atua sobre maneira como alcançamos determinados objetivos, mas, enquanto a percepção de aceleração tende a facilitar nos conquistas, a sensação de que o tempo passa mais devagar pode evitar que demoremos muito em situações potencialmente prejudiciais — quanto mais o tempo "demorar a passar" numa situação de medo, por exemplo, mais rapidamente agiremos para nos livrarmos do perigo.