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quinta-feira, 21 de março de 2019

MICHEL TEMER E MOREIRA FRANCO PRESOS NO ÂMBITO DA OPERAÇÃO RADIOATIVIDADE



Foram presos preventivamente na manhã desta quinta-feira, por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, o ex-presidente Michel Temer, o coronel João Batista Lima Filho e o ex-ministro de Temer e ex-governador do Rio, Wellington Moreira Franco.


Também foi decretada a prisão preventiva da mulher do coronel Lima, seu sócio Carlos Alberto Costa e o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, entre outros. Para quem achava que a Lava-Jato tinha sido ferida de morte pela decisão do STF, aí está a resposta.

Temer é alvo de pelo menos dez investigações e perdeu o foro privilegiado ao deixar a Presidência da República. A ação de hoje é decorrente da Operação Radioatividade, investigação que apurou crimes de formação de cartel e prévio ajustamento de licitações, além do pagamento de propina a executivos da Eletronuclear. Após decisão do STF, o caso foi desmembrado e remetido à Justiça Federal do Rio de Janeiro.

O inquérito que mira o ex-presidente e seus aliados tem como base as delações do empresário José Antunes Sobrinho, ligado à Engevix. Em seu acordo de colaboração, Sobrinho fala sobre pagamentos indevidos que somam 1,1 milhão de reais, em 2014, solicitados pelo coronel Lima e por Moreira Franco, com anuência de Temer, no contexto do contrato da AF Consult Brasil com a Eletronuclear. O total rapinado pelo quadrilhão supostamente chefiado pelo ex-presidente, nos últimos 40 anos, atinge R$ 1,8 bilhão!

A Polícia Federal cumpre um total de oito mandados de prisão preventiva e dois de custódia temporária, 26 de busca e apreensão nos Estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Paraná e no Distrito Federal. Ao desembarcar do Aeroporto Internacional de Santiago do Chile, o presidente Jair Bolsonaro considerou que a prisão do ex-presidente Michel Temer está relacionada aos acordos políticos. “Cada um responde por seus atos, mas está claro que a política em nome da governabilidade feita no passado não deu certo, não estava correta”.

Com essas e outras, o Brasil já contabiliza dois ex-presidentes presos. Ainda falta a dona Dilma.

sábado, 30 de março de 2019

NÃO É ASSIM QUE FARÃO A LAVA-JATO MORRER - Texto de J.R. Guzzo


Antes do texto de Guzzo, faço um breve resumo da semana:

A sequência de desinteligências que vêm coroando a relação entre os chefes do Executivo e do Legislativo mostra como estamos “bem representados”. Uma PEC que engessa o Orçamento, que dormitava nos escaninhos da Câmara desde 2015, é aprovada em dois turnos em questão de minutos (o que demonstra que, quando quer, essa cambada faz), no mesmo dia em que nosso presidente vai ao cinema durante o expediente (para assistir a uma produção de viés religioso), estabelece como prioridade transformar o dia 31 de março em data cívica comemorativa (que depois ele disse não se tratar de “comemoração”, mas de “rememoração”) e retribui os coices do presidente da Câmara e de uma chusma de parlamentares.  

Rodrigo Maia havia prometido ao ministro-chefe da Casa Civil não deixar prosperar pauta-bomba no Congresso, não usar a presidência da Câmara instrumento de chantagem de partidos e não dar andamento a pedidos de impeachment contra o mandatário do Planalto — quanto ao resto, Bolsonaro que desse seu jeito —, mas a tal PEC surgiu do nada e foi votada e aprovada a toque de caixa. Curiosamente ela foi vista tanto como derrota quanto vitória do Planalto pelos analistas políticos — muitos dos quais há tempos deixaram de fazer sentido, mas isso é outra conversa.

O fato é que, em uma hora, numa votação relâmpago, os deputados aprovaram a medida em dois turnos, com ampla maioria. Para conseguirem essa rapidez, deram sinal verde a um requerimento de quebra de interstício (observância do intervalo regimental de cinco sessões, necessário para a aprovação de propostas de reforma constitucional na Câmara). Foram 448 votos em primeiro turno e 453 no segundo, havendo votos favoráveis até mesmo no próprio PSL (partido de Bolsonaro). Na prática, a ideia dos deputados é lançar um “pacote de maldades” para deixar o Executivo refém do Congresso, mas a avaliação preliminar dos especialistas da área econômica é de que, mesmo que a PEC seja aprovada no Senado em dois turnos, a mudança não valerá para 2019, uma vez que o Orçamento para este ano já foi aprovado e está em execução. Tecnicamente, o orçamento impositivo só valeria para os gastos do governo a partir do próximo ano, e para isso a mudança teria de ser incorporada à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020, que será elaborada ainda neste exercício. Mas isso também é outra conversa.

Na quinta-feira, Bolsonaro disse que a troca de críticas públicas com o Legislativo foi superada, e o presidente da Câmara sinalizou que quer virar a página do entrevero. Maia se reuniu em um café da manhã com Sergio Moro, com quem teve desavenças na semana passada, e depois almoçou com Paulo Guedes, com quem discutiu a novela da reforma da Previdência (aliás, o deputado Marcelo Freitas, do PFL, foi escolhido relator do projeto na CCJ da Câmara).

Por essas e outras, depois de quebrar a barreira do 100.000 pontos no último dia 18, com o mercado estimulado pela perspectiva de a reforma previdenciária ser resolvida ainda no primeiro semestre e produzir resultados expressivos, o Ibovespa despencou quase 10 pontos percentuais ao longo dos dias subsequentes, e dólar tornou a bater na casa dos R$ 4. Da última quinta-feira para cá, porém, depois que os chefes do Executivo e do Legislativo levantaram a bandeira branca, a coisa parece ter entrado nos eixos; no instante em que escrevo este texto, a Bolsa volta a encostar nos 96.000 mil pontos, e o dólar apresenta uma leva queda). A ver como a coisa se comporta na próxima semana.

Com a palavra, J.R. Guzzo:

O Brasil está ficando um país positivamente arriscado para presidentes da República. Já não é normal, para o padrão médio de moralidade política vigente no mundo civilizado, haver um ex-presidente na cadeia; dois ex-presidentes presos ao mesmo tempo, então, já é coisa para se pensar em livro de recordes, por mais temporária que possa ser uma situação dessas. 

O fato é que Michel Temer, acusado pela Lava-Jato de ter transformado o Estado brasileiro numa “máquina de arrecadar propinas” e alvo de dez inquéritos (e na última sexta-feira se tornou réu num deles) por ladroagens variadas, entrou no camburão da polícia e foi trancafiado no xadrez como Lula, em mais um capítulo desta espantosa crônica do crime na qual está enterrada até o fundo da alma a vida política do Brasil. Juntou-se a ex-governadores como o incomparável Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, seu sucessor, que conseguiu subir na vida com o nome de “Pezão”, de Beto Richa, do Paraná, há pouco encarcerado pela terceira vez seguida, e Marconi Perillo, de Goiás, que entra e sai da prisão. Isso sem contar um rico fricassée de ex-ministros ─ o último deles, justamente, Wellington Moreira Franco, parceirão de Temer em seu governo, e motivo de perplexidade geral entre os políticos por não ter sido preso antes. Ainda estava solto? A propósito: e o próprio Temer, o que estava fazendo fora de uma cela? É o Brasil de hoje.

A situação de Temer, é verdade, não é tão ruim quanto a do gênio político a quem devemos sua criação; por enquanto não foi julgado, ao contrário de Lula, que já está condenado em duas instâncias e cumpre pena, com 25 anos de cadeia no lombo. Mas é uma desgraça de primeiríssima classe ─ para ele, e, indiretamente, para todos os delinquentes que operam há anos na vida pública nacional. Estavam achando, talvez, que a Lava-Jato tinha mais ou menos parado em Lula? Se pensaram nisso pensaram horrivelmente errado. Pode ter até havido essa esperança, estimulada pela incansável ala pró-crime do STF, mas a realidade está apresentando um futuro soturno para eles todos. Figuras como Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e companhia fazem o que podem, mas também não são de ferro; seus protegidos, positivamente, não ajudam. Estão exigindo assistência permanente dos protetores, numa base quase diária. Gilmar, por exemplo, solta esse Beto Richa e até inventa um “salvo conduto”, proibindo que a polícia chegue perto dele. Mas o homem dá um trabalho insano: consegue ser preso de novo, o que vai obrigar Gilmar e seus sócios a mandarem soltar mais uma vez. E aí: vai ser assim pelo resto da vida? Quantas vezes terão de tirar o cidadão da cadeia? Cinco? Sete? Dez? 

É a mesma situação, sem tirar nem pôr, dos demais políticos dessa raça. É claro que cada caso é um caso, mas que ninguém se iluda: não haverá a menor chance de sossego, inclusive para Temer, enquanto não matarem a Lava-Jato. Estão fazendo o diabo para isso, mas não estão conseguindo. Essa é a vida real. O resto é barulho na mídia e no picadeiro da politicada, que ficam cada vez mais indignados, mas não conseguem evitar uma única e escassa prisão.

É um problemaço. Agora não é mais o PT, apenas, que está correndo da polícia. A coisa ficou preta para o PSDB e o MDB. A quem apelar? Quem vai fazer a campanha “Temer Livre”? Quem tiraria 1 real do bolso para ajudar Temer em alguma coisa? E Moreira Franco, então? Pelo jeito, estão todos reduzidos a contar com o apoio dos “garantistas”, que se escandalizam com o que chamam de ataque “à atividade política”, mas não decidem nada. Ou com a ajuda do deputado Rodrigo Maia, contraparente de Moreira Franco, inimigo do projeto anticrime de Sergio Moro e investigado em dois processos por corrupção. Têm apoio na mídia, nos advogados milionários de corruptos, na classe intelectual, etc. Só que ninguém consegue se dar bem defendendo o lado do ladrão; se você tem de ficar a favor de um Paulo Preto da vida, por exemplo, a sua situação está realmente uma lástima. 

Não é assim que farão a Lava-Jato morrer.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

NÃO HÁ ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL. O BRASIL É UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.



Enquanto juiz, Sérgio Moro “atuou contra os políticos”. Como sempre há um dia da caça e outro do caçador, nada interessa menos à classe política do que o sucesso do ora ministro da Justiça e Segurança Pública. Por determinação do presidente da Câmara — ele próprio enrolado na Lava-Jato —, o pacote de medidas anticrime e anticorrupção apresentado pelo ex-magistrado está sendo discutido por um grupo de trabalho formado por parlamentares de pouca expressão, e temas importantes, como a criminalização do caixa 2, foram apartados. 

Também por decisão de Rodrigo Maia, foi anexada aos projetos uma proposta de mudanças na legislação criminal apresentada ao Congresso em 2018 pelo togado supremo Alexandre de Moraes. Pelo andar da carruagem, a análise só deve terminar em setembro, quando então uma comissão especial terá dois meses para deixar o projeto em condições de ser votado. Vencidas essas etapas, se o Senado não fizer alterações que obriguem a Câmara a reexaminar o assinto, Moro poderá ver seu projeto se transformar em lei no ano que vem, se até lá ele ainda estiver no governo.

Bolsonaro não tem sido de grande ajuda — aliás, a julgar pelo que vem fazendo desde que assumiu o posto, o presidente não é de grande ajuda nem para si mesmo. Além de não mover uma palha para apressar a tramitação do projeto do ministro da Justiça, o presidente negou que lhe tivesse prometido a indicação do próximo procurador-geral (o mandato de Raquel Dodge termina em setembro), fê-lo recuar da nomeação da cientista política Ilona Szabó como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, flexibilizou a posse de armas sem levar em conta suas sugestões e não se empenhou pela manutenção do Coaf  em sua pasta. Prova disso é que na manhã da última quinta-feira uma comissão mista da Câmara e do Senado, ao analisar a Medida Provisória que montou o governo, aprovou por 14 votos a 11 a volta do Coaf para o Ministério da Economia. É certo que a medida ainda precisa ser votada no plenário da Câmara dos Deputados e no Senado, mas até aí morreu o Neves.

Observação: O personalismo de Moro ajuda a aprofundar o abismo existente entre ele e a classe política. Um dos poucos parlamentares a apoiar abertamente sua agenda no Congresso, o senador tucano Márcio Bittar resume a má vontade de Brasília: “Ele não tem bancada, não é do meio político e sendo quem é não facilita. Representa alguém que prendeu políticos. Não é um personagem agradável para a maioria no Congresso. Contrariou muitos interesses”.

A exemplo da maioria dos políticos tupiniquins, Rodrigo Maia e seu papai — o ex-prefeito do Rio e hoje vereador Cesar Maia — são investigados na Lava-Jato, e o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e ex-ministro de Minas e Energia no governo TemerWellington Moreira Franco, e casado com sua sogra. 

Identificado como Gato Angorá nas planilhas do departamento de propina da Odebrecht, Moreira Franco era o único ex-governador eleito e ainda vivo do Rio sem passagem pela prisão até março deste ano, quando foi preso preventivamente com o ex-presidente e o coronel Lima. Os três foram soltos depois dias depois por um desembargador que ficou afastado do cargo durante sete anos por suspeita de estelionato e formação de quadrilha, mas, na última terça-feira, 7, a 1ª Turma do TRF-2 cassou os habeas corpus que beneficiaram Temer e Lima, conquanto tenha mantido o gato gatuno em liberdade.  

No final do mês passado, o ministro Edson Fachin atendeu a um pedido da PGR que pleiteava o arquivamento de um inquérito envolvendo Rodrigo Maia e o senador Renan Calheiros — o presidente da Câmara ainda responde a outros 2 inquéritos, ao passo que o cangaceiro das Alagoas é alvo de 13 apurações. Dias atrás, Marcos Tadeu, ex-executivo da OAS, afirmou em depoimento que a empreiteira pagou propina a Cesar Maia por meio de contrato fictício com o escritório de Sérgio Bermudes — renomada banca de advogados que tem entre seus clientes Eike Batista e a mineradora Vale, e cuja sucursal em Brasília acontece de ser chefiada por Guiomar Mendes, esposa do semideus togado que o ministro Luís Roberto Barroso definiu como “uma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia“ e o jornalista J.R Guzzo como “uma fotografia ambulante do subdesenvolvimento brasileiro, mais um na multidão de altas autoridades que constroem todos os dias o fracasso do país”).

Para encurtar a conversa, o pacote de medidas anticrime e anticorrupção de Sérgio Moro perdeu protagonismo devido à relevância da reforma previdenciária, que vem sendo tratada como prioridade única pelo Planalto. Apesar de as mudanças no sistema de aposentadorias serem muito mais impopulares, interlocutores do presidente dizem que a proposta do ministro, mesmo sendo positiva para o governo, não recebe igual tratamento devido à sua rejeição no Congresso, sem mencionar que o presidente Bolsonaro não gosta de dividir a ribalta com seus “superministros”. Mesmo ciente das consequências políticas de um eventual pedido de demissão de Moro — que, fora do governo, não teria dificuldades em arrumar um novo emprego com remuneração infinitamente superior à de ministro de estado —, o capitão faz questão de reafirmar que ele é quem manda, deixando claro que sombras não são bem-vindas. 

Moro se mostra resignado com as “boladas nas costas”, mas acredita que conseguirá aprovar ao menos uma parte de seu pacote, o que lhe daria reconhecimento. Depois, em não havendo outros sobressaltos, poderia assumir uma das vagas a serem abertas no Supremo durante a gestão de Bolsonaro. Reservadamente, ele diz acreditar que está no “caminho certo”, mas que os desafios são imensos. Tomara que não mude de ideia agora que perdeu o Coaf.

Para fechar em grande estilo: numa sessão marcada por momentos de tensão, o plenário supremo decidiu na tarde de ontem, por 7 a 4, declarar constitucional o decreto assinado pelo então presidente Michel Temer em 2017, beneficiando, inclusive, condenados por crimes do colarinho branco ao entender que o indulto é um ato privado do presidente da República, não cabendo ao Judiciário definir ou rever as regras estabelecidas pelo chefe do Executivo. Lula não será beneficiado, porque só começou a cumprir pena em 2018, ao ser condenado pelo TRF-4.

Eis aí mais uma decisão tomada por togados supremos que acham perfeitamente normal, num país com 13 milhões de desempregados e um salário mínimo "de fome", fazer uma licitação de R$ 1,3 milhão para comprar medalhões de lagosta e vinhos importados — e somente os premiados — para as refeições servidas pela Corte. O ministério público do TCU pediu a suspensão, o pedido foi acatado pela juíza Solange Salgado, da 1ª Vara Federal em Brasília (para quem a licitação afronta o princípio da moralidade administrativa) mas a AGU recorreu e o vice-presidente do TRF-1 cassou a decisão e liberou a boca-livre. País de merda, este nosso, e povo de merda esse que aceita bovinamente essa bandalheira toda com o suado dinheiro dos impostos. Depois vem deputado de esquerda dizer que a reforma da Previdência vai matar de fome os mais pobres. Demorô! Quem vota nessa corja merece bem mais que isso.

Como disse o zero três, "bastam um soldado e um cabo...". Às vezes, fico pensando se isso não vai acabar acontecendo, pois é público e notório que uma banda podre... enfim, a tendência é a coisa mudar naturalmente, conforme os atuais integrantes forem se aposentando (Celso de Mello e Marco Aurélio completam 75 anos em 2021, ainda no governo Bolsonaro, portanto), mas se a mudança será para melhor vai depender de quem os substituirá. Mas isso é conversa para outra hora.



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

NAVEGADOR LENTO... (Parte 3)

JOVENS: ENVELHEÇAM RAPIDAMENTE!

Como dito nos capítulos anteriores desta sequência, reinstalar o Chrome, o Firefox, o Opera, o Safari, o UC-Browser ou outro navegador que você utiliza não implicar maiores dificuldades. Via de regra, a nova instalação requer a posterior reconfiguração do navegador ― convém salvar os bookmarks (sites favoritos) e anotar a extensões que você havia adicionado, porque será preciso reinstalá-las. Já se você navega com o Edge ou o Internet Explorer, que são componentes do próprio sistema, aí a coisa muda de figura, pois alguns aplicativos internos do Windows simplesmente não podem ser desinstalados. Todavia, considerando que, hoje em dia, a esmagadora maioria dos usuários preferem o Chrome e Firefox, o procedimento é simples. Mas nada impede que, antes desse “tratamento de choque”, você faça algumas tentativas.   

No caso do Chrome, clique no botão de configuração (aquele dos três pontinhos), selecione a opção Configurações, role a tela até o final e clique em Mostrar configurações avançadas. Desça pela tela até o último item, logo após a seção Sistema, clique em Redefinir configurações do navegador e confirme quando solicitado. Isso irá limpar todos os dados armazenados, desativar as extensões e redefinir as páginas e abas iniciais com as configurações-padrão. Se o browser voltar a funcionar direitinho, você poderá reabilitar (ou reinstalar) os plug-ins através da aba de extensões.

Se for mesmo preciso desinstalar o navegador, encerre-o, abra o Gerenciador de Tarefas do Windows (dê um clique direito num ponto vazio da barra de tarefas e selecione a opção correspondente), clique na aba Processos e vasculhe a lista em busca de entradas identificadas com o logo do Chrome. Se encontrá-las, dê um clique direito sobre cada uma delas e, no menu suspenso que se abre em seguida, selecione Finalizar Processo e confirme quando solicitado. Proceda então à remoção do aplicativo (seguindo os passos sugeridos na postagem anterior).

Observação: Se você tiver problemas para remover um aplicativo (seja o Chrome, seja outro programa qualquer), tente realizar a desinstalação no modo de segurança (para saber o que é, como acessar e como instalar/remover programas no modo de segurança, leia a dupla de postagens iniciada por esta aqui).

Abraços a todos e até a próxima.

QUE PAÍS É ESTE?

Ao contrário da indigesta militância petista e dos esquerdistas em geral ― que parecem tomar regularmente doses cavalares de alienação do mundo real ―, não vejo Michel Temer como um traíra golpista, mas tampouco como a pessoa que eu e outros brasileiros cansados da corrupção institucionalizada, da roubalheira e da putaria franciscana que se instalou com a ascensão de sua insolência o nove-dedos teríamos escolhido para presidir a Banânia após o impeachment da nefelibata da mandioca. Todavia, ele era o vice da vez, e a ele competia, para o bem ou para o mal, cumprir o restante do mandato da titular penabundada (vade retro, Satanás!).

Não tenciono chover no molhado detalhando (mais uma vez) as articulações de bastidores que resultaram na defenestração da gerentona de araque, ou relembrar a lamentável maracutaia que, com a participação do então presidente do Senado ― hoje líder do governo no Congresso, a despeito de ser réu por peculato ― e o aval do então presidente do STF, expeliu a anta vermelha sem inabilitá-la ao exercício de cargos públicos, eletivos ou não. O que precisa ser dito é que, a despeito de a Economia ter dados sinais de recuperação no período “pós-Dilma”, muita gente se frustrou com o atual comandante-em-chefe. E não é para menos, pois desejávamos e precisávamos de alguém que revertesse a desgraceira resultante dos 13 anos, 4 meses de 12 dias de governo lulopetista e recolocasse o país nos trilhos, se não com a prometida equipe de notáveis, ao menos sem um notável time de suspeitos ― que começou a sofrer baixas logo depois da posse.

O primeiro ministro a sofrer os efeitos da “Lei da Gravidade Palaciana” foi Romero Jucá, colega de partido e amigo de longa data do presidente Temer. Empossado no dia 12 de maio, “Caju” ― como ele figura na lista dos beneficiários do propinoduto da Odebrecht ― foi apeado do ministério do Planejamento no dia 23 (do mesmo mês). Em conversa gravada sub-repticiamente por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, Jucá sugeria um pacto para “estancar a sangria” (referindo-se à Lava-Jato). Uma semana depois foi a vez de Fabiano Silveira, ministro (ironicamente) da Transparência, Fiscalização e Controle, que caiu devido a uma conversa (também gravada à sorrelfa por Machado), na qual ele criticava a Lava-Jato e orientava seu padrinho político, o hoje réu Renan Caralheiros, sobre como se comportar em relação à PGR. Tutti buona gente!

Junho levou embora Henrique Alves, a quem Temer havia confiado o ministério do Turismo, e que também foi alvo da delação premiada de Machado ― segundo o qual ele teria recebido R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014. Se comparado aos 16,5 milhões de dólares que Eike Batista pagou ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral, esse valor é mixaria, mas ladrão de tostão, ladrão de milhão, diz a sabedoria popular. Julho passou in albis, mas agosto pegou no contrapé o então Advogado-Geral da União Fabio Medina, que foi demitido por conta de uma discussão com o então todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil, Geddel Vieira Lima ― outro amigão do peito de Temer. Aliás, o imbróglio envolvendo Geddel resultou também na demissão de Marcelo Calero do ministério da Cultura ― que alega ter sido pressionado para aprovar o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, onde o chefe da Casa Civil tinha um apartamento; Calero pediu demissão em 18 de novembro, mas o desgaste decorrente do episódio levou à queda do próprio Geddel, que “se demitiu” uma semana mais tarde ― um dia depois de Calero afirmar que teria sido “enquadrado” pelo presidente.

A questão é que Temer parece impermeável às lições de administração pública que vem recebendo nos últimos meses. Agora, ele resolveu promover a ministro outro velho amigo ― Wellington Moreira Franco, codinome “Angorá” ―, que já ocupava posição de destaque no seu governo, e só não foi feito ministro em maio do ano passado porque, o governo precisava cortar ministérios para se diferenciar da gestão da senhora dos ventos. Junto com Geddel e Eliseu Padilha, “Angorá” formava o trio de escudeiros fiéis do presidente, mas era o único que não tinha status de ministro. Só que ganhar esse status ― e, consequente, prerrogativa de foro ― justamente quando veio a público que seu nome foi suscitado mais de 30 vezes em delações na Lava-Jato... pegou mal.

Observação: Impossível não traçar um paralelo entre esse a nomeação de Angorá e a de Lula ― para Casa Civil, que Dilma levou a efeito no final de seu governo, não só com o propósito de tirar o molusco abjeto do alcance de Sergio Moro, mas também de tentar salvar seu mandato (a nomeação foi cassada pelo STF, mediante uma liminar do ministro Gilmar Mendes, e anulada mais adiante com deposição de Dilma e exoneração de seu ministério). Moreira Franco foi e deixou de ser ministro diversas vezes, em questão de dias, devido a decisões conflitantes no Distrito Federal e novamente suspensa e no Rio de Janeiro. A decisão final caberá ao decano Celso de Mello, que abriu prazo para o governo justificar a nomeação (e recebeu um calhamaço com mais de 50 páginas). A decisão, que era esperada para a última sexta-feira, ficou para ontem e depois para hoje (14). Vamos aguardar para ver que bicho vai dar.

Temer se capitalizou politicamente com a eleição de Estrupício Oliveira para a presidência do Congresso e a reeleição de Rodrigo Maia para a da Câmara, mas o “Caso Angorá” não ajudou a melhorar sua imagem perante a opinião pública. E como se tudo isso já não bastasse, a anarquia e a baderna que se instalou no Espírito Santo ― e contaminou o Rio de Janeiro, ainda que em menor medida ― também respingou no presidente, pois denota a irrealidade em que insistem em viver os políticos brasileiros ― ou “universos paralelos”, como classificou a jornalista Ruth de Aquino., pra quem o transtorno que acomete Temer & Cia. é grave e demolidor para um Brasil que foi às ruas por progresso, ética e ordem, para tentar se livrar de figuras como Romero Jucá (*), Edison Lobão e outros menos cotados, mas mais enlameados que a Peppa Pig.

Jucá já não era ministro, mas se comportava como tal ― além de ser o mais próximo de Temer, com a possível exceção de Moreira Franco, que tem mudado de status a cada hora. Desmentidos oficiais podem até convencer o Supremo, mas não convencerão a população, cansada de manobras para proteger a turma no comando, seja ela qual for. Diz-se que Temer decidiu jogar seu xadrez para não acabar no xadrez ele próprio, e que tem muita fé em sua imaginação e em seu ideário conservador para indicar Alexandre de Moraes para a vaga aberta no Supremo com a morte de Zavascki, a despeito das inúmeras gafes verbais do então ministro da Justiça (uma das mais notórias foi a promessa de “erradicar a maconha”) e de sua tese de doutorado, segundo a qual ninguém em cargo de confiança do presidente da República poderia ser indicado ao Supremo Tribunal Federal, para evitar “gratidão política”.

Observação: Moraes é amigo de Marcela Temer e do ministro Gilmar Mendes, e será sabatinado por uma comissão que inclui 10 senadores investigados pela Lava-Jato ― dentre os quais Renan e Jucá, suspeitos de tentar mudar leis para atrapalhar os inquéritos. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado é presidida por Edison Lobão, que foi ministro de Minas e Energia de Lula e Dilma e fiel escudeiro da anta vermelha durante seu primeiro mandato. Zavascki autorizou a abertura de inquérito contra ele em março de 2015, tirando o sigilo do inquérito que apura achaques milionários do dito-cujo a empresas (Lobão, vale lembrar, foi o único senador a se abster na votação para manter ou não Delcídio do Amaral na prisão).

Resumo da ópera: Todos continuam “à disposição da Justiça”, todos “negam irregularidades”, todos “apoiam a Lava-Jato”. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, “fez a campanha mais transparente possível” e nada tem a ver com a rapinagem de Sérgio Cabral. O novo presidente do Senado, Eunício Oliveira, do PMDB ― o “Índio” das planilhas de propina da Odebrecht ― não recebeu R$ 2 milhões em duas parcelas, pagas em Brasília e São Paulo. Rodrigo Maia não alimentou com R$ 1 milhão em propina da OAS a campanha de seu pai, ao contrário do que diz a Polícia Federal. Temer diz não ter pressa de nomear um novo ministro da Justiça, numa semana em que a greve da Polícia Militar mergulhou o Espírito Santo na barbárie. A greve da PM é inconstitucional, disso não resta a menor dúvida. Mas será que o mau exemplo não vem de cima? Quando os partidos tentam aprovar na Câmara um projeto livrando a si próprios da Justiça Eleitoral, o país testemunha exatamente o quê? Respeito à Constituição e ao eleitor?

(*) O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF a abertura de novo inquérito para investigar os senadores Renan CaralheirosRomero Jucá, o ex-presidente José Sarney e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, todos por suspeitas de criar embaraços às investigações da Operação Lava-Jato. Caberá ao ministro Fachin autorizar ou arquivar o pedido. A assessoria de Renan afirma que ele não praticou nenhum ato para embaraçar ou dificultar qualquer investigação e que sempre foi colaborativo. O advogado que representa Sarney diz considerar importante a abertura do inquérito para comprovar que o crime foi cometido por Sérgio Machado, que gravou as conversas. A assessoria de Jucá, em nota, informa que “a defesa do senador afirma que não há preocupação em relação à abertura do inquérito pois não vê qualquer tipo de intervenção do mesmo na operação Lava-jato; ressalta que a única ilegalidade é a gravação realizada pelo senhor Sergio Machado, que induziu seus interlocutores nas conversas mantidas, além de seu vazamento seletivo, e que o senador é o mais interessado em que se investigue o caso ― e vem cobrando isso desde maio do ano passado”. A defesa de Sérgio Machado informou que não tem ciência do pedido da PGR e, portanto, não irá se manifestar.

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domingo, 18 de junho de 2017

NO MATO SEM CACHORRO

Quem não tem cão caça com gato, diz um velho ditado. Mas nem gato sobrou. O que se tem é gatuno roubando a esperança dos brasileiros, gatuno ignorando provas em julgamentos, gatuno governando o país, gatuno candidato à reeleição presidencial e até gatuno defendendo a antecipação das diretas. Tudo em nome da governabilidade e do estado democrático de direito, como se a palavra democracia ainda significasse alguma coisa nesta republiqueta de bananas.

Em 2012, assistimos estarrecidos, mas esperançosos, a condenação da alta cúpula do Mensalão. No ano passado, livramo-nos daquela que afundou o Brasil na maior recessão da sua história, e que entrou para a vida pública após levar à falência duas lojinhas tipo R$1,99 quando a paridade cambial entre o real e o dólar favorecia sobremaneira a importação e revenda de badulaques ― a propósito, leia o post que publiquei no final de 2014, caso não lhe baste o excerto que transcrevo a seguir:

Pão & Circo. Com esse nome sugestivo — alusivo à estratégia romana destinada a entreter e ludibriar a massa insatisfeita com os excessos do Império —, Dilma montou, em fevereiro de 1995, uma lojinha de bugigangas, nos moldes das populares casas de R$ 1,99. O negócio em gestação cumpriu a liturgia comercial habitual. Ao registro do CNPJ na Junta Comercial seguiu-se o aluguel de um imóvel em Porto Alegre, onde funcionava a matriz. Quatro meses depois, uma filial foi erguida no centro comercial Olaria, também na capital gaúcha. O problema, para Dilma e seus três sócios, é que a presidente cuidou da contabilidade da empresa como lida hoje com as finanças do País. (...) Em apenas 17 meses, a loja quebrou; em julho de 1996, ela já não existia mais. Tocar uma lojinha de quinquilharias baratas deveria ser algo trivial, principalmente para alguém que 15 anos depois se apresentaria aos eleitores como a “gerentona” capaz de manter o Brasil no rumo do desenvolvimento. Mas, ao administrar seu comércio, Dilma cometeu erros banais e em sequência. Qualquer semelhança com a barafunda administrativa do País e os equívocos cometidos na área econômica a partir de 2010, levando ao desequilíbrio completo das contas públicas e à irresponsabilidade fiscal, é mera coincidência. Ou não. (...) Para começar, a loja foi aberta sem que os donos soubessem ao certo o que seria comercializado ali. Às favas o planejamento — primeiro passo para criação de qualquer negócio que se pretenda lucrativo. A empresa foi registrada para vender de tudo um pouco a preços módicos, entre bijuterias, confecções, eletrônicos, tapeçaria, livros, bebidas, tabaco e até flores naturais e artificiais. Mas acabou apostando no comércio de brinquedos para crianças, em especial os “Cavaleiros do Zodíaco”. Os artigos revendidos pela Pão & Circo eram importados de um bazar localizado no Panamá, para onde Dilma e uma das sócias, a ex-cunhada Sirlei Araújo, viajaram três vezes para comprar os produtos. Apesar de os produtos custarem bem pouco, o negócio de Dilma era impopular — como se tornou a ex-presidanta ao longo do seu governo. Ao abrir a vendinha, a anta vermelha não levou em conta que “o olho do dono engorda o porco”, e só aparecia por lá eventualmente, preferindo dar ordens e terceirizar as tarefas do dia a dia, como fez ao delegar a economia ao ministro Joaquim Levy e a política ao vice Michel Temer, até este desistir da função dizendo-se boicotado pelo (então) ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante. Na sociedade da Pão & Circo, o equivalente ao Mercadante era Carlos Araújo, o ex-marido, que aconselhava a “chefa” sobre como ela turbinar as vendas, mas era tão inepto quanto aquela que viria ser a chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás no governo de Lula, por ocasião da negociata de Pasadena. Mesmo assim, a gerentona de araque teve uma carreira meteórica: sem saber atirar, virou modelo de guerrilheira; sem ter sido vereadora, virou secretária municipal; sem passar pela Assembleia Legislativa, virou secretária de Estado; sem estagiar no Congresso, virou ministra; sem ter inaugurado nada de relevante, virou estrela de palanque; sem jamais ter tido um único voto na vida até 2010, virou presidente da Banânia.

Livramo-nos de Dilma, mas herdamos Michel Temer, que jamais conquistou a simpatia dos brasileiros ― e nem poderia, tendo sido vice de quem foi e presidente do PMDB por 15 anos ―, mas que vinha logrando êxito em descascar o monumental abacaxi herdado das gestões lulopetistas até ser abatido em seu voo de galinha pela delação premiada de Joesley Batista e mais 6 altos executivos da JBF/J&F.

Temer nos prometeu um ministério de notáveis, mas cercou-se de uma notável confraria de corruptos. O primeiro a cair foi Romero Jucá, o “Caju”, que deixou o Ministério do Planejamento uma semana depois de ser nomeado ― só que continua no governo, ocupando uma secretaria criada especialmente para preservar seu direito ao foro privilegiado. Na sequência, demitiram-se ― ou foram demitidos ― Fabiano Silveira, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima e outra meia dúzia de ministros e/ou assessores presidenciais, em grande parte por serem investigados na Justiça ou acusados de corrupção por delatores na Lava-Jato. Temer moveu mundos e fundos para preservar Eliseu Padilha, o “Primo”, e Wellington Moreira Franco, o “Angorá”, que o ajudam a comandar a quadrilha mais perigosa do Brasil, como afirmou o megaempresário moedor de carne em entrevista à revista Época desta semana.

Até os pedalinhos do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, sempre souberam que Lula institucionalizou a corrupção no Brasil. E quem não sabia ficou sabendo pelo procurador Deltan Dallagnol, que, no final do ano passado, apresentou à imprensa um PowerPoint tosco, mas indiscutivelmente elucidativo, mostrando que o molusco abjeto, ora penta-réu e às vésperas de sua primeira condenação na Lava-Jato, era, sim, o comandante máximo da ORCRIM. Agora, a se confirmarem as acusações de Joesley Batista, o petralha perderá o posto para Temer, como o Mensalão perdeu para o Petrolão o título de “maior escândalo de corrupção da nossa história” e rebaixou o famigerado “Esquema PC”, responsável pelo impeachment de Collor em 1992, a “coisa de ladrão de galinhas”.

Parece de nada adiantou o esforço do ministro Gilmar Mendes (que ora é alvo de um pedido de impeachment) para preservar o cargo de Michel Temer ao arrepio da avassaladora torrente de provas de práticas espúrias que propiciaram a reeleição da chapa Dilma-Temer em 2014. Como de nada deve adiantar a nota divulgada pelo Planalto, na manhã deste sábado, segundo a qual “o dono da JBS é um bandido notório que desfia mentiras”, e que o presidente ingressará com ações na Justiça contra ele. Resta explicar porque Temer não pensou nisso quando recebeu o empresário à sorrelfa nos “porões do Jaburu”, ouviu seu relato de práticas criminosas ― como a compra do silencio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro e o pagamento de suborno a magistrados e procuradores da República ― e encerrou conversa como se nada houvesse acontecido, sem lhe dar voz de prisão ou determinar a imediata abertura de um inquérito para apurar os fatos.   

Na entrevista, Joesley reafirma as denúncias que fez ao Ministério Público e à Polícia Federal contra as cúpulas de PT, PMDB e PSDB. Segundo ele, tudo começou há cerca de 10, 15 anos, quando surgiram grupos com divisão de tarefas: um chefe, um operador e um tesoureiro. Disse também que esses esquemas organizados começaram no governo do PT, com a criação de núcleos, divisão de tarefas entre integrantes, em estados, ministérios, fundos de pensão e bancos, dentre os quais o BNDES; que o modelo foi reproduzido por outras legendas, e que, na maioria dos casos, os pagamentos viraram uma obrigação (ele cita como exemplo Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma: “Era só o Guido dizer no BNDES que não era mais do interesse do governo investir no agronegócio e pronto. Bastava uma mudança de diretriz de governo para acabar com o negócio”).

Joesley disse ainda que o presidente “não é um cara cerimonioso com dinheiro” (para bom entendedor...), além de acusa-lo de chefiar “a organização criminosa da Câmara, composta por Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Eliseu Padilha e Moreira Franco”, e que, “em Brasília, quem não está preso está no Planalto”.

Durma-se com um barulho desses!

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terça-feira, 9 de agosto de 2022

A VIDA TEM DE CONTINUAR

 

Pessoas normais miram-se no espelho e veem a própria imagem. Ególatras, megalômanos e lunáticos veem apenas o que gostariam de ver — ou de ser. Isso explica o fato de certo retirante pernambucano que vendeu laranjas, engraxou sapatos e trabalhou como office-boy antes de se tornar torneiro mecânico, eneadáctilo, dirigente sindical, fundador de político e presidente da República se ver como “a alma viva mais honesta do Brasil”. Vampiros, como se sabe, não aparecem em espelhos, e talvez por isso... bem, vamos por partes. 

Em dezembro de 2015, o então vice decorativo de Dilma enviou uma carta à chefa (que vazou por obra e graça do próprio) dizendo que “a palavra voa, mas o escrito fica” — daí ele manifestar por escrito o "desabafo que devia ter feito muito antes" e que sempre teve ciência da absoluta desconfiança da presidanta e do PT em relação a ele e ao PMDBDilma disse que “não via motivos para desconfiar um milímetro de seu vice, que sempre teve um comportamento bastante correto”, mas não demorou a perceber quão enganada ela estava. 

Depois que a Câmara votou a admissibilidade do impeachment da presidanta, o nosferatu enviou a parlamentares peemedebistas uma áudio em que ele falava como se estivesse prestes a assumir o governo. Sua assessoria informou que a mensagem fora enviada por engano, mas a desculpa não colou. No dia seguinte, a ficha caiu e Dilma gritou aos quatro ventos que "havia um golpe em curso, e que ele tinha chefe e vice-chefe" (referindo-se a Temer e a Eduardo Cunha, então presidente da Câmara). 
 
Quando foi promovido a titular, Temer relutou em deixar o Jaburu e se instalar no Alvorada, mas cedeu à pressão de aliados — segundo os quais a mudança “atribuiria legitimidade a seu mandato como presidente”. Só que não chegou a esquentar lugar. Segundo o nosferatu revelou à revista Veja, o Alvorada era assombrado. Vampiro com medo de fantasma era só o que faltava!
 
Num primeiro momento, a troca de comando foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Após 13 anos, 4 meses e 12 dias anos ouvindo os garranchos verbais de um semianalfabeto e as frases desconexas de uma destrambelhada (que não era capaz sequer de juntar sujeito e predicado numa frase que fizesse sentido), um presidente que não só sabia falar como até usava mesóclises era um refrigério. 
 
Ninguém esperava que os problemas do país fossem solucionados da noite para o dia, mas o fato é que Temer conseguiu reduzir a inflação (que rodava pelos 10% quando ele assumiu), baixar a Selic e aprovar a PEC do Teto dos Gastos e a Reforma Trabalhista. Mas o ministério de notáveis que ele prometeu se revelou uma notável agremiação de corruptos

O primeiro a cair foi Romero Jucá (ou “Caju”, como ele figurava na planilha de propinas da Odebrecht).Em conversa com Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, o nobre político pernambucano defendeu um pacto para “estancar a sangria” (referindo-se à Lava-Jato). Mesmo sem o status de ministro, o caju que caiu do pé continuou no governo, ocupando uma secretaria criada especialmente para preservar seu direito ao foro privilegiado.
 
O segundo que sucumbiu à lei da gravidade foi ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, que caiu devido a uma conversa — também gravada à sorrelfa por Sergio Machado — em que criticava a Lava-Jato e orientava Renan Calheiros sobre como se comportar em relação à PGR.  Depois foi a vez do ministro do Turismo — que, segundo a delação premiada de Machado, teria recebido R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014. Na sequência, o Advogado-Geral da União foi exonerado por conta de uma discussão com o então todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil (o amigão de Temer em cujo apartamento a PF encontrou R$ 51 milhões em caixas de papelão. 
 
Esse imbróglio resultou na demissão do ministro da Cultura — que alegou ter sido pressionado para aprovar o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, onde Geddel tinha um apartamento. O desgaste decorrente do episódio levou à queda do próprio Geddel, que “se demitiu” uma semana mais tarde. Temer se empenhou em preservar Eliseu Padilha, o “Primo”, e Wellington Moreira Franco, o “Angorá”, que o ajudavam a comandar, nas palavras de Joesley Batista, “a quadrilha mais perigosa do Brasil”.
 
Temer, que aspirava a entrar para a história como “o cara que recolocou o Brasil nos eixos”, tornou-se o primeiro presidente no exercício do mandato a ser denunciado por crime comum. Mesmo assim, a nauseabunda tropa de choque do Planalto — capitaneada pelo abjeto Carlos Marun — recrutou um coro de 251 marafonas da Câmara para entoar a marcha fúnebre enquanto a segunda denúncia contra o presidente era sepultada, a despeito da caudalosa torrente de indícios de que ele havia mijado fora do penico. 
 
A honestidade e a lisura no trato da coisa pública — virtudes esperadas de presidentes, ministros, parlamentares, governadores e políticos em geral — há muito fizeram as malas e partiram do Brasil. Para onde? Ninguém sabe, ninguém viu. Prova disso é a sucessão de escândalos-nossos-de-cada-dia, de fazer corar santo de pedra, mas que a população transforma em anedota porque lágrimas não pagam dívidas e a vida precisa continuar. 

sexta-feira, 30 de junho de 2017

MAIS DETALHES SOBRE O MEGA-ATAQUE RANSOMWARE

A TELEVISÃO É A MAIOR MARAVILHA DA CIÊNCIA A SERVIÇO DA IMBECILIDADE HUMANA.

Conforme eu adiantei na postagem anterior, um novo mega-ataque que afeta o Windows vem se espalhando pelo mundo há alguns dias. O agente é o ransomware Petya Golden-Eye ― ou Petwrap ―, que, como o WannaCrypt no mês passado, também encripta os dados nas máquinas afetadas e pede resgate em troca da chave criptográfica. Vale salientar, por oportuno, que o pagamento do resgate não garante que o cibercriminoso cumpra sua parte no acordo. Portanto, crie backups de seus arquivos importantes e de difícil recuperação em mídias removíveis (pendrives, DVDs, CDs, HDs externos USB, etc.).

Uma particularidade dessa praga é a capacidade de encriptar todo o HD ou partições inteiras do drive, impedindo até mesmo o acesso ao sistema operacional. Descer a detalhes sobre como ela explora uma vulnerabilidade existente num protocolo de transporte utilizado pelo Windows para diversos propósitos ― dentre os quais o compartilhamento de arquivos e impressoras e o acesso a serviços remotos ― foge ao escopo desta postagem, de modo que vamos direto às medidas preventivas:

― Mantenha seu sistema atualizado. A Microsoft desenvolve e disponibiliza regularmente correções e atualizações para o Windows e seus componentes, mas cabe ao usuário aplica-las. O ideal é configurar as atualizações automáticas (mais detalhes nesta postagem) e, adicionalmente, rodar o Windows Update a cada dois ou três dias ― no Windows 10, clique em Iniciar > Configurações > Atualização e segurança > Windows Update.

Observação: Nesta página, você encontra o link para download dos pacotes da atualização que fecha a brecha explorada pelos mega-ataques. A instalação deve ser feita de acordo com a edição do Windows e a versão instalada no seu computador (se de 32 ou 64 bits; para descobrir o que você tem na sua máquina, clique no botão Iniciar e, em seguida, em Configurações > Sistema > Sobre).

― Edições antigas do Windows, como o festejado XP, ainda são largamente utilizadas, mas não contam mais com o suporte da Microsoft e, portanto, não recebem atualizações e correções, nem mesmo as críticas e de segurança (a não ser em situações extraordinárias, como no caso do ataque do mês passado). Portanto, evite o anacronismo.

― Aplicativos também podem ter bugs e brechas em seus códigos. Fabricantes responsáveis atualizam seus produtos regularmente, mediante updates com correções ou a liberação de novas versões. Procure manter seu software sempre up-to-date. Suítes de segurança responsáveis ― como o Advanced System Care e o Glary Utilities ― identificam os aplicativos desatualizados e apontam os atalhos para a correção dos problemas.  

― Caso você não disponha de um pacote de segurança de terceiros, mantenha o Windows Defender e o Firewall nativo do sistema ativos e operantes. E faça uma varredura completa semanalmente (seja com as ferramentas nativas, seja com seu antivírus de varejo).

― Nem sempre os antivírus são capazes de identificar e neutralizar spywares, ransomwares e outras pragas que tais. Considere a possibilidade de adicionar ao seu arsenal ferramentas adicionais como os excelentes Spybot S&D, SuperAntispyware, IOBit Malware Fighter, Bitdefender Anti-Ransomware. Afinal, o que abunda não excede.

― Ainda que sejam velhas e batidas, as regrinhas elementares de segurança ― como tomar cuidado com anexos de email, links que chegam via correio eletrônico ou programas mensageiros, sites suspeitos (como os de pornografia, páginas de hackers, etc.) ― continuam aplicáveis. Siga-as religiosamente. É sempre melhor prevenir do que remediar.

Boa sorte.

DEPOIS DA NOITE DE QUADRILHA, A NOTIFICAÇÃO

Na tarde de ontem, dia em que São Pedro encerra a trilogia de santos homenageados nas festas juninas, Michel Temer foi oficialmente notificado sobre a denúncia apresentada contra ele pela PGR, por crime de corrupção passiva.

Um dia antes de Janot apresentar a denúncia, o ministro Gilmar Mendes ofereceu um jantar para o presidente e seus ilustres comparas Eliseu Padilha e Wellington Moreira Franco.

Como o fatídico encontro com Joesley “nos porões do Jaburu”, o rega-bofe se deu na moita, ou seja, não constou da agenda oficial do presidente e nem de seu divino anfitrião. 

Depois que a imprensa descobriu a festança (quiçá regada a quentão, pinhão e quadrilha), o Planalto divulgou nota dizendo que os eminentes donos da nossa vida pública e guardiães da Constituição se reuniram para tratar da reforma política. Então tá.

Antes de encerrar, mais uma notícia importante: depois de quatro sessões e de muitas idas e vindas, o plenário do STF decidiu, por oito votos a três, que a Corte não pode revisar as cláusulas dos acordos de colaboração premiada depois de homologados pelo ministro-relator, a não ser que novos levem à conclusão de que a assinatura do acordo teria sido feita de forma irregular ― como, por exemplo, no caso de os delatores serem coagidos a firmar a colaboração.

Votaram nesse sentido os ministros Edson Fachin, relator, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Celso de Mello, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Gilmar Mendes (sempre ele) e Marco Aurélio Mello (quase sempre ele) foram voto vencido, por defenderem a autonomia do Supremo para, na fase de julgamento, analisar todos os elementos do processo, aí incluídas as cláusulas do acordo de delação premiada.

Mais detalhes na postagem de amanhã. Por ora, fiquem com este clipe de vídeo (muito lega, são pouco mais de 3 minutos, mas que valem cada segundo):



Se o vídeo não abrir, clique em https://youtu.be/Kp5SQA1GYGY (ou copie e cole o link na barra de endereços do seu navegador). 

E como hoje é sexta-feira:

Dizem que, num badalado evento de informática, Bill Gates, comparando a indústria de computadores à de automóveis, teria dito o seguinte: "Se a GM tivesse desenvolvido sua tecnologia como a Microsoft fez com a dela, todos estaríamos dirigindo carros de 25 dólares que fariam 1.000 milhas com um galão de gasolina".
Em resposta ao comentário de Mr. Gates, a GM teria enviado um informativo dizendo que, se ela tivesse desenvolvido sua tecnologia como a Microsoft, todos teríamos carros com as seguintes características:

1 - Sem nenhuma razão aparente, o motor do carro morreria, e o motorista aceitaria o fato, daria nova partida e continuaria dirigindo.

2 - Toda vez que as faixas da estrada fossem repintadas, seria preciso comprar um novo carro.

3 - Ao executar uma conversão a esquerda, o carro eventualmente deixaria de funcionar, e você teria de mandar reinstalar o motor.

4 - Luzes indicadoras de óleo, água, temperatura e alternador seriam substituídas por um simples alerta de "falha geral do veículo".

5 - Os bancos exigiriam que todos tivessem as mesmas medidas corporais.

6 - O airbag perguntaria "Você tem Certeza?" antes de disparar.

7 - Eventualmente e sem razão aparente, o carro trancaria o dono fora e não o deixaria entrar, a menos que ele puxasse a maçaneta, girasse a chave e segurasse na antena do rádio simultaneamente.

8 - Toda vez que a GM lançasse um novo modelo, os motoristas teriam de reaprender a dirigir, porque nenhum dos seus comandos seria operado da mesma maneira que no modelo anterior.

9 -A concorrência produziria veículos movidos a energia solar, mais confortáveis, cinco vezes mais rápidos e duas vezes mais fáceis de dirigir, mas que só funcionariam em 5% das rodovias.


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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

RESTAURE-SE O IMPÉRIO DA MORALIDADE OU LOCUPLETEMO-NOS TODOS (PARTE XI)


Pessoas normais miram-se no espelho e veem a própria imagem. Ególatras, megalômanos e lunáticos veem aquilo que gostariam de ver — ou de ser. Eis o porquê de certo retirante pernambucano que vendeu laranjas, engraxou sapatos e trabalhou como office-boy antes de se tornar torneiro mecânico, eneadátilo, dirigente sindical, fundador de político e presidente da República se ver como “a alma viva mais honesta do Brasil”.

Os vampiros, como se sabe, não têm a imagem refletida em espelhos, e talvez por isso... bem, vamos por partes. Em dezembro de 2015, o então vice decorativo de Dilma enviou uma carta à chefa (que vazou por obra e graça do próprio missivista e foi largamente reproduzida na mídia) dizendo que “a palavra voa, mas o escrito fica” — daí ele preferir manifestar por escrito o "desabafo que devia ter feito muito antes" — e que sempre teve ciência da absoluta desconfiança da presidanta e do PT em relação a ele e ao PMDB

A nefelibata da mandioca disse que “não via motivos para desconfiar um milímetro de seu vice, que sempre teve um comportamento bastante correto”, mas não demorou a perceber que estava enganada. Depois que a Câmara votou a admissibilidade do impeachment, Temer enviou uma mensagem de voz a parlamentares peemedebistas em que falava como se estivesse prestes a assumir o governo. 

O áudio dava a impressão de ser um “comunicado" sobre como ele pretendia conduzir o país. Sua assessoria informou que a mensagem havia sido enviada por engano a um grupo de deputados do partido, mas a desculpa não colou. No dia seguinte, Dilma declarou que "havia um golpe em curso que tinha chefe e vice-chefe" (referindo-se a Temer e a Eduardo Cunha, então presidente da Câmara). Sábias palavras, majestade.

Quando foi promovido a titular, Temer relutou em deixar o Jaburu e se instalar no Alvorada, mas cedeu à pressão de aliados — segundo os quais a mudança “atribuiria legitimidade a seu mandato como presidente”. Só que não chegou a esquentar lugar: a despeito dos mais R$ 20 mil que foram gastos com a adaptação do palácio às necessidades de Michelzinho, o vampiro voltou de mala e cuia para o Jaburu. Segundo ele revelou entrevista à revista Veja, o Alvorada era assombrado. Vampiro com medo de fantasma era só o que nos faltava!

Num primeiro momento, a troca de comando foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Após 13 anos e fumaça ouvindo os garranchos verbais de um semianalfabeto e as frases desconexas de uma destrambelhada que não era capaz sequer de juntar sujeito e predicado numa frase que fizesse sentido, um presidente que não só sabia falar como até usava mesóclises era um refrigério. Não seria de esperar que os problemas do país fossem solucionados da noite para o dia, mas o fato é que Temer conseguiu reduzir a inflação (que rodava pelos 10% quando ele assumiu) e baixar a Selic e aprovar a PEC do Teto dos Gastos e a Reforma Trabalhista, entre outros “prodígios”. No entanto, o ministério de notáveis que ele prometeu se revelou uma notável agremiação de corruptos — que foram caindo à razão de um por mês.

O primeiro a cair foi Romero Jucá, o “Caju”, colega de partido e amigo de longa data de Temer. Em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado — gravada sem o conhecimento do interlocutor —, ouve-se Jucá dizer defendendo um pacto para “estancar a sangria” (referindo-se à Lava-Jato). Mesmo sem o status de ministro, o político pernambucano continuou no governo, ocupando uma secretaria criada especialmente para preservar seu direito ao foro privilegiado.

Uma semana depois que o caju caiu do pé foi a vez do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, que caiu devido a uma conversa — também gravada à sorrelfa por Machado — em que ele criticava a Lava-Jato e orientava Renan Calheiros sobre como se comportar em relação à PGR.  Junho levou embora o ministro do Turismo — que, segundo a delação premiada de Machado, teria recebido R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014. 

Julho passou batido, mas agosto pegou no contrapé o então Advogado-Geral da União, que foi demitido por conta de uma discussão com o então todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil (o amigão de Temer em cujo apartamento a PF encontrou R$ 51 milhões em caixas de papelão). O imbróglio resultou também na demissão do ministro da Cultura — que alegou ter sido pressionado para aprovar o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, onde o chefe da Casa Civil tinha um apartamento. O desgaste decorrente do episódio levou à queda do próprio Geddel, que “se demitiu” uma semana mais tarde. Temer se empenhou em preservar Eliseu Padilha, o “Primo”, e Wellington Moreira Franco, o “Angorá”, que o ajudavam a comandar, nas palavras de Joesley Batista, “a quadrilha mais perigosa do Brasil”. Tutti buona gente!

Michel Temer, que aspirava a entrar para a história como “o cara que recolocou o Brasil nos eixos”, tornou-se o primeiro presidente no exercício do mandato a ser denunciado por crime comum. Mesmo assim, a nauseabunda tropa de choque do Planalto — capitaneada pelo abjeto Carlos Marun — recrutou um coro de 251 marafonas da Câmara para entoar a marcha fúnebre enquanto a segunda denúncia contra o presidente era sepultada, malgrado a caudalosa torrente de indícios de que ele havia mijado fora do penico. 

A honestidade e a lisura no trato da coisa pública — virtudes esperadas de presidentes, ministros, parlamentares, governadores e políticos em geral — há muito fizeram as malas e partiram do Brasil. Para onde? Ninguém sabe, ninguém viu. Prova disso é a sucessão de escândalos-nossos-de-cada-dia, de fazer corar santo de pedra, mas que a população transforma em anedota porque lágrimas não pagam dívidas e a vida precisa continuar. 

Continua...

terça-feira, 13 de junho de 2017

WINDOWS 7 PODE TRAVAR APENAS COM A VISITA A UM SITE

A TORPEZA, A IGNOMÍNIA, A PODRIDÃO DAS ENTRANHAS VIVAS, O NASCER OU MORRER INFAMADO OU INFAME É SÓ DO HOMEM.

O site russo Habrhabr.ru divulgou recentemente um bug que pode travar o Windows 7 (e o Vista e o Eight) quando o usuário visita um site em que o nome do diretório que armazena as imagens tenha sido alterado para $MFT.

$MFT é o nome de um determinado arquivo de metadados. Se alguém resolver batizar um diretório com esse nome, o Windows ficará “confuso”, o que causará lentidão e, em situações extremas, a exibição de uma BSOD (sigla em inglês para Tela Azul da Morte) e o subsequente travamento ― que, felizmente, pode ser revertido mediante a reinicialização do computador.

A explicação é que, da mesma forma que o sistema, os websites têm estruturas de arquivos com diretórios (popularmente conhecidos como pastas). Normalmente, as imagens são armazenadas em algo como nomedosite.com/images/, e talvez por isso esse bug tenha passado despercebido ― afinal, quem pensaria em renomear o diretório ou subdiretório de imagens para $MFT?

Quando por mais não seja, está mais do que na hora de migrar para o Windows 10. O período de suporte base do Seven terminou em 2015 (o estendido vai até 2020); o do Eight termina em janeiro do ano que vem (e o estendido, em 2023).

Para saber mais, afie seu inglês e leia a postagem publicada no site THE VERGE. O link é https://www.theverge.com/2017/5/26/15696704/microsoft-windows-7-windows-8-pc-crash-bug-ntfs.

O QUE AINDA ESTÁ POR VIR?

Quando achávamos que a colaboração premiada dos executivos da Odebrecht era a “delação do fim do mundo”, os irmãos Batista nos lembraram de que no Brasil o buraco é bem mais embaixo e que o que está ruim sempre pode piorar. E piorou, como se viu no julgamento de compadrio da chapa Dilma-Temer, quando, num flagrante atentado ao estado democrático de direito (se bem que, no Brasil, “democracia” é uma palavra que há muito deixou de ter significado), decidiu-se simplesmente ignorar a caudalosa enxurrada de provas de abuso de poder econômico e outros malfeitos que garantiram a reeleição da dupla dinâmica, em 2014.

Dilma, com a cara-de-pau que o diabo lhe deu, comemorou (pela segunda vez) a mantença de seus direitos políticos, e agora diz que, se voltar ao poder, “vai arrumar este país que o Temer estragou”. Sem comentários. 

Temer, aliviado com a carta de alforria que recebeu do amigo de fé, irmão e camarada ministro Gilmar Mendes, parece disposto a imitar a anta vermelha, que, durante a campanha pela reeleição, disse que faria o diabo para permanecer no cargo: pondo de lado os escrúpulos, sua excelência mandou às favas as aparências e deixou transparecer o monstro que habita sob o manto do articulador habilidoso, culto, melífluo e de boas maneiras.

Observação: Segundo José Simão, neste Dia dos Namorados o presidente teria presenteado o ministro Gilmar Mendes com uma cesta contendo dois ursos de pelúcia, um pote de geleia de marmelo e uma toga de... ursinhos. No cartão, a singela mensagem: Te amo. Beijos no Jaburu.

Segundo denúncia publicada em Veja desta semana, Temer acionou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para investigar a vida pregressa do ministro Fachin, visando desmoralizá-lo, intimidá-lo e, se possível, tirar-lhe a relatoria da Lava-Jato no Supremo (veja mais detalhes nesta postagem). No sábado, Cármen Lúcia afirmou ser inadmissível a prática de gravíssimo crime contra o Supremo, contra a democracia e contra as liberdades, se confirmada informação de devassa ilegal da vida de um de seus integrantes, mas mudou o discurso dois dias depois, afirmando que “não tomará nenhuma providência a respeito da denúncia, uma vez que o Palácio do Planalto negou a informação”.

Como se fosse possível confiar na palavra de um presidente atolado até os beiços em suspeitas de corrupção. Um presidente que se reúne à sorrelfa com investigados na Justiça, ouve relatos estarrecedores e não toma nenhuma providência (segundo ele, por achar que o moedor de carne, um falastrão, estaria contando vantagem). Um presidente que mente descaradamente, negando qualquer relacionamento pessoal com Joesley Batista, embora tenha viajado com a família em seu avião particular, e de ter telefonado pessoalmente para agradecer as flores que o anfitrião ofereceu a sua esposa... Enfim, cada Lula tem o Bumlai que merece.

Finda a ópera bufa encenada no TSE, ficamos com o quê? Com um presidente impopular, mas que vinha conseguindo debelar a monstruosa crise gerada e parida pelos governos petistas, mesmo a custa de distribuir cargos e verbas em troca de apoio parlamentar, Um presidente que move mundos e fundos para manter próximos (e fora do alcance das varas penais de primeira instância) Eliseu Padilha, Wellington Moreira Franco e outros amigos e apoiadores envolvidos em práticas nada republicanas. Um presidente que não tem o decoro de se afastar do cargo, para melhor se defender das seriíssimas acusações que pesam contra si. Um presidente que aposta na Câmara dos Deputados para barrar a instauração de um inquérito contra si, já que boa parte dos congressistas é composta de investigados ou réus na Lava-Jato (Janot deve denunciar formalmente o presidente até o final deste mês; se o ministro Fachin acolher a denúncia e 2/3 da Câmara avalizar a abertura do processo, Temer se tornará réu e será afastado compulsoriamente do cargo por até 180 dias).

Temer venceu uma batalha importante, mas a guerra está longe de terminar. Resta saber se Rodrigo Rocha Loures vai abrir o bico, e como se comportará Geddel Vieira Lima ― amigo e aliado de longa data do presidente, em torno do qual a PF está fechando o cerco. Demais disso, boa parte das atuais lideranças políticas tornar-se-á inelegível até as próximas eleições (quando serão escolhidos todos os 513 deputados federais e 2/3 dos 81 senadores para a próxima legislatura). Até lá, só nos resta contar com o Judiciário, que poderia nos fazer a gentileza de olhar para suas próprias mazelas. E parece que insiste em não fazê-lo, a julgar pela atitude de Cármen Lúcia, que, como dito parágrafos atrás, depois de criticar duramente o executivo por supostas investigações clandestinas contra o ministro Fachin, amenizou o discurso afirmando que “o presidente da República garantiu não ter ordenado qualquer medida naquele sentido [de determinar à Abin a investigação do ministro Fachin]” e que “não há o que questionar quanto à palavra do presidente da República”. Ao final, a ministra acrescentou que “o tema está, por ora, esgotado”. Tomara que seja só “por ora”.

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