QUANDO A
IGNORÂNCIA FALA, A INTELIGÊNCIA NÃO DÁ PALPITES.
A telefonia móvel celular desembarcou no Brasil no final do
século passado, mas, devido ao preço elevado do hardware, às faturas salgadas
(num primeiro momento, pagava-se também pelas chamadas recebidas), à área de
cobertura restrita e aos malabarismos que o usuário precisava fazer para evitar
a perda do sinal e a queda das ligações, andar com um tijolão pendurado no
cinto era mais uma questão de status do que de real necessidade. Felizmente, a
evolução tecnológica cumpriu seu papel, e aparelhos recheados de recursos e
funções inovadoras foram sendo lançados em intervalos de tempo cada vez mais
curtos, para gáudio da seleta confraria que não abre mão de estar up-to-date
com o que há de mais moderno.
Em 2007, Steve Jobs
lançou o primeiro iPhone, o que
levou a concorrência a produzir aparelhos igualmente capazes de acessar a
internet e cada vez mais pródigos em recursos. Assim, o que nasceu como
telefone móvel se transformou em computador de bolso, e só não aposentou desktops
e notebooks porque determinadas tarefas demandam mais poder de processamento e
memória (tanto física quanto de massa) do que os diligentes telefoninhos
oferecem — com a possível exceção de modelos caríssimos, que poucos podem comprar, e, entre os que podem, a maioria não se sente confortável digitando textos, editando imagens ou criando planilhas, por exemplo, num dispositivo de dimensões reduzidas, com teclado virtual e
tela de míseras 5 polegadas.
Nos dumbphones, novos
recursos e funções eram providos pelos próprios aparelhos; nos smartphones, essa responsabilidade fica com o sistema operacional (Android
ou iOS) e o sem-número de aplicativos
disponíveis no Google Play e na App Store. Claro que os fabricantes
investem, por exemplo, em câmeras cada vez mais sofisticadas, telas com
resolução cada vez melhor e aprimoramentos em nível de processador e memórias
— o que é fundamental para rodar com folga programas exigentes e armazenar
toneladas de fotos, músicas, vídeos e um sem-número de outros arquivos
volumosos — mas isso já é outra conversa.
Ao comprar um smartphone,
atente para a quantidade de memória física e de espaço para armazenamento
interno disponíveis. Fuja de modelos com menos de 4 GB de RAM, a não ser
que você não se importe com lentidão e travamentos constantes. Por outro lado,
não penhore as cuecas para adquirir um dispositivo com 64 ou 128 GB de memória interna, já que 16 GB estão de bom tamanho — desde que se possa expandir esse espaço usando um cartão de memória.
Observação: Se você não acha normal gastar
cerca de R$ 10 mil num iPhone XS Max ou num Samsung Galaxy 10+ (que oferecem 512
GB e 1 TB de memória interna,
respectivamente), eu o saúdo, caríssimo leitor. Afinal, quando dinheiro não é problema, nada melhor que ter o melhor.
Mas num país em recessão, com quase 14 milhões de desempregados e um salário
mínimo de fome (R$ 998), pessoas como você — sobretudo fora de Brasília, onde, se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão — não são a regra, mas a exceção que a confirma.
A má notícia é que nenhum iPhone permite o uso de cartão de
memória — coisas da Apple, que
também impede a remoção da bateria, por exemplo (o que pode ser frustrante no
caso de um travamento não permitir a reinicialização do dispositivo via botão
de Power). A boa notícia é que um Motorola/Lenovo
moto e4 com 16 GB de memória
interna custa cerca de R$ 600, e com mais uns R$ 50 é possível comprar um SD Card de 64 GB e expandir a memória interna para consideráveis 80
GB.
Se você não tira muitas fotos, raramente grava vídeos e se limita a instalar apps essenciais, 16 GB de memória interna estariam de bom
tamanho, não fosse o fato de uma parte desse espaço ser alocada pelo sistema operacional
e pelos apps pré-instalados de fábrica, e outra, ser reservada para agenda de contatos, SMS etc. (isso se destina e evitar que o usuário esgote totalmente o
espaço livre com inutilitários e arquivos multimídia, por exemplo, e fique impedido de inserir novos contatos na agenda ou receber mensagens de texto, também por exemplo).
Em face do exposto, ter suporte a SD Cards é fundamental, sobretudo se for possível gerenciar o espaço do cartão de
modo a ampliar efetivamente a memória interna, e não apenas poder salvar ali fotos, vídeos e outros arquivos volumosos. Mas isso já é conversa
para o próximo post. Até lá.