UM BATE-PAPO INFORMAL SOBRE INFORMÁTICA, POLÍTICA E OUTROS ASSUNTOS.
sábado, 4 de maio de 2019
LULA, A CORAGEM DO JUDICIÁRIO DE MAMAR EM ONÇA E A FARRA SUPREMA COM DINHEIRO PÚBLICO NUMA REPUBLIQUETA À BEIRA DA FALÊNCIA
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
NA MESMA CANOA...
Apesar de as duas seitas ocuparem posições diametralmente
opostas no espectro político-ideológico, há mais semelhanças entre elas do que
supõe nossa vã filosofia, começando pelo fanatismo apedeuta dos respectivos
sectários.
A compreensão do jogo bruto da política exige a sutileza de
identificar as semelhanças que unificam os personagens diferentes, ensina Josias. No momento, Bolsonaro e Lula igualam-se na montagem do cenário para a disputa presidencial
de 2022 e se tornam cabos eleitorais um do outro.
Na estratégia para lidar com processos por corrupção, ambos agem
para matar provas. A 5ª Turma do STJ
fez a festa de Bolsonaro ao anular a
quebra dos sigilos bancário e fiscal de seu primogênito no caso da rachadinha,
enquanto a 2ª Turma do STF ensaia
a anulação da sentença referente ao caso do tríplex do Guarujá, que rendeu a Lula uma temporada na cadeia e um jejum
de urnas. Nos dois casos, o sonho do extermínio de provas nunca foi tão
palpável.
A eventual impunidade de zero um poupará Bolsonaro de explicar os depósitos de R$ 89 mil que Fabrício Queiroz e sra. borrifaram na conta da primeira-dama Michelle. A reversão da condenação de Lula envernizará a pose de vítima e
abrirá o caminho para a lavagem da ficha-suja que mantém o abjeto sumo pontífice
do PT longe das urnas.
O placar de 4 a 1 (vencido o ministro Felix Fischer) que favoreceu Flávio
no STJ foi puxado pelo voto do ministro João Otávio Noronha,
que cultiva em privado o desejo de ser indicado pelo pai de Flávio à poltrona que ficará vazia no Supremo com a aposentadoria iminente de
Marco Aurélio Mello, e com quem Bolsonaro diz ter um caso de "amor à
primeira vista".
Durante a cerimônia de posse de André Mendonça como ministro da Justiça e de José Levi como advogado-geral da
União, Bolsonaro proferiu as seguintes palavras: "Prezado Noronha, permita-me fazer assim,
presidente do STJ. Eu confesso que a primeira vez que o vi foi um amor à
primeira vista. Me simpatizei com Vossa Excelência. Temos conversado com não
muita persistência, mas as poucas conversas que temos o senhor ajuda a me
moldar um pouco mais para as questões do Judiciário. Muito obrigado a Vossa
Excelência".
Além de conceder a Queiroz o
mimo da prisão domiciliar — respaldando-se na pandemia e na “saúde debilitada”
do velho amigo do pai, ex-assessor do filho e factótum do clã —, Noronha estendeu o benefício à Márcia Aguiar, que ficou foragida até o
advento da prisão de Fabrício Gasparzinho, num imóvel do duble de advogado e
mafioso de comédia Fred Wassef, então advogado de Flávio e consultor jurídico
informal da Famiglia Bolsonaro. Voltando
ao “love at first sight” de Bolsonaro por Noronha, já dizia Blaise Pascal que “o coração tem razões que a própria razão desconhece” — e um
velho amigo meu, que “amor de p*** onde
bate fica”.
Dá-se de barato que Nunes
Marques presenteará Lula com o
voto de minerva na sessão em que será revogada a sentença de Sergio Moro no caso do tríplex, já
que a desqualificação do ex-juiz da Lava-Jato interessa a Bolsonaro, que, empenhado em retirar seu ex-ministro da Justiça do
rol de alternativas presidenciais de centro-direita para 2022, cogita inclusive
requisitar cópias de um papelório que o STF
já repassou à defesa de Lula: as
mensagens trocadas no aplicativo de celular entre Moro e os procuradores de Curitiba, especialmente Deltan Dallagnol.
Cavalgando o material roubado dos celulares pelos
cibercriminosos de Araraquara — que o dublê de senador e cangaceiro das
Alagoas quer inocentar e cujos “inestimáveis serviços prestados ao país” ele
propõe homenagear —, Lula
reitera o discurso da perseguição política. Algoz da família Bolsonaro, responsável pela abertura
dos sigilos do zero um, o juiz Flávio Itabaiana, do Rio de Janeiro,
não teve diálogos expostos nas manchetes. Mas isso não impediu a
primeira-família de mimetizar a pregação petista do conluio. "É muito claro pra mim que há uma
perseguição absurda no Rio de Janeiro, porque querem me atingir para atingir o
presidente da República", já declarou Flávio Bolsonaro. "Há,
sim, um conluio de várias pessoas poderosas para —dia sim, dia também— atacar o
presidente da República, causar uma instabilidade e tentar tirá-lo na força".
Nem só de perseguição é feita a estratégia de Bolsonaro e Lula. Os dois não têm do que reclamar, por exemplo, da forma como o
ministro Gilmar Mendes administra
suas gavetas no Supremo. Graças a um
pedido de vista obstrutiva de Gilmar, o julgamento do tríplex aguarda desde
2018 pelo surgimento das condições mais apropriadas para a anulação da sentença,
e ao senso de oportunidade do semideus togado a protelação da análise do
recurso em que o Ministério Público
contesta a decisão judicial que concedeu a Flávio
Bolsonaro o foro privilegiado do TJ-RJ.
Serão julgados na mesmíssima 5ª Turma do STJ outros recursos do primogênito do presidente, entre
os quais um que reivindica o reconhecimento da incompetência do juiz de
primeira instância Flávio Itabaiana
para atuar no caso. Se for deferido, todos os atos praticados pelo magistrado
irão para o beleléu.
Num país lógico, esse julgamento do STJ não poderia ocorrer antes que a Suprema Corte decidisse se o filho do presidente tem mesmo direito
ao foro especial. A jurisprudência do STF
indica o contrário, pois Flávio já
não exercia o mandato de deputado estadual quando as investigações deixaram sua
imagem rachadinha.
O processo político, sempre tão obscuro, fica subitamente
clarificado quando se verifica que personagens como Bolsonaro e Lula não
estão imunes às tentações um do outro. Nos meandros da estratégia eleitoral e
das aflições criminais somem as pseudodiferenças. Só não desaparecem as provas.
O que fazer com a corrupção? Como apagar a confissão do
empreiteiro que trocou o acesso aos cofres da Petrobras pelos confortos da família Lula da Silva? Que fazer com as evidências de que a empreiteira
corrupta ajustou o tríplex ao gosto da ex-primeira-dama Marisa? Onde enfiar depoimentos, documentos e perícias?
Como esconder o vaivém de dinheiro vivo usado na aquisição
de imóveis pelo primogênito do capitão? Onde enfiar as evidências de que a loja
de chocolates virou lavanderia? Que borracha apagará os pagamentos de despesas
familiares com verbas recolhidas pelo faz-tudo Queiroz? Quem levará à vitrine a explicação sobre a origem dos R$ 89 mil que gotejaram na conta da
primeira-madame?
O desejo compartilhado de matar provas produz uma inusitada “despolarização”
dos movimentos de Bolsonaro e Lula. O enterro de evidências
prossegue. Mas em algum momento será necessário responder às interrogações que
se acumulam ao longo do cortejo fúnebre.
terça-feira, 2 de abril de 2019
TEMER, LULA E A DESALENTADORA JUSTIÇA BRASILEIRA — CONCLUSÃO
O STJ já poderia ter julgado a recurso de Lula contra a condenação no processo do tríplex, mas vem empurrando com a barriga. Ao contrário dos ministros supremos, os 33 membros dessa Corte são avessos às luzes da ribalta, daí ser mais difícil antecipar como votará a 5ª Turma, caso algum dia se digne de julgar o apelo do petralha. Para ser justo, é preciso mencionar que, no final do ano passado, o ministro Félix Fisher, relator da ação, negou monocraticamente o pedido da defesa e decidiu encerrar a questão no STF. Os advogados de Lula agravaram, mas ainda não foi definida uma data definida para o julgamento. Em mais e uma oportunidade o ministro Félix Fisher aventou que levaria o caso “em mesa” na sessão seguinte, mas mudou de ideia, talvez para não chamar a atenção da imprensa — se o STJ já é avesso à exposição na mídia, a 5ª Turma o é ainda mais, sobretudo depois que passou a receber os processos da Lava-Jato. Existe a possibilidade de Fisher levar o caso em mesa na sessão de hoje, mas, à luz de como ele vem procedendo desde o início do ano e pelo fato de o STF ter pautado julgamento das malditas ADCs para daqui a uma semana, é possível que o ministro prefira aguardar a decisão superior. Mas note que possível não é o mesmo que provável, e cabeça de juiz...
Atualizações: 1) Segundo informações do site Gaúcha ZH, os cinco ministros da 5ª Turma já estão com os votos prontos, mas aguardam parecer do MPF sobre o pedido da defesa do petralha para que a ação seja remetida à Justiça Eleitoral. É possível que o julgamento ocorra já nesta quinta-feira, em não havendo nenhum acidente de percurso. Torçamos, pois. 2) O STF pode adiar o julgamento da prisão em segundo grau, marcado para o próximo dia 10. Segundo o Antagonista, isso se deve a um pedido apresentado pela OAB, e significa que petistas devem ter sido informados de que a maioria dos ministros votaria contra a soltura de Lula (e de milhares de criminosos iguais a ele). Aparentemente, os seis magistrados que defenderam a legalidade em 2018 continuam a defendê-la em 2019.
Sobre Michel Temer e companhia:
sábado, 20 de abril de 2019
O JULGAMENTO DE LULA NO STJ E O STF E A PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA.
Observação: Reza a lenda que na copa de 58, o técnico Feola bolou um esquema infalível contra a seleção soviética: Nilton Santos lançaria a bola pela esquerda para Garrincha, que driblaria 3 russos e cruzaria para Mazzola marcar de cabeça. Depois de ouvir tudo atentamente Garrincha perguntou: "tá legal, seu Feola, mas o senhor combinou com os russos?".
Mesmo depois que as ADCs foram pautadas, seu relator surpreendeu a todos com uma liminar funambulesca publicada minutos após o início do recesso de final de ano do Judiciário — liminar essa que, se Toffoli não tivesse cassado prontamente, resultaria na libertação de Lula e de outros 169 mil condenados em segunda instância que aguardam presos o julgamento de seus recursos pelas instâncias superiores. Enfim, o ano virou, janeiro terminou, março sucedeu a fevereiro e o STJ ainda não julgou o REsp de Lula.
quinta-feira, 11 de abril de 2019
LULA, AS MENINAS DO JÔ E A AVALIAÇÃO LAPIDAR DE CID GOMES, QUE CONTINUA VALENDO ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO
quinta-feira, 14 de junho de 2018
STJ NEGA RECURSO DE LULA E STF MARCA JULGAMENTO DE GLEISI HOFFMANN
EM TEMPO: O STF adiou para hoje a decisão sobre a condução coercitiva. Quatro ministros já votaram a favor e dois contra. Para a decisão final, são necessários os votos de 6 dos 11 ministros.
sábado, 6 de abril de 2019
AS QUASE DECISÕES DE BOLSONARO, A LENTIDÃO NO STF E O REsp DE LULA NO STJ
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
LULA TOMOU NA TARRAQUETA — CHUPA QUE É DOCE, JARARACA!
Com essa decisão, deixou de valer a liminar de Toffoli que, em julho, atendendo um pedido da defesa de Flávio Bolsonaro — feito dentro de um recurso apresentado por donos de um posto de gasolina em São Paulo — suspendeu ao menos 935 investigações. Em tese, foi esse recurso que os ministros julgaram, a despeito de a defesa do senador ter pegado carona no processo alegando que, a exemplo do que ocorreu em relação aos donos do posto, o MP-RJ teve acesso às informações de seu cliente sem autorização judicial. Toffoli, no entanto, parece achar que todo mundo é idiota, pois enfatizou diversas vezes que o caso do filho do pai não estava em discussão.
O resultado do julgamento precisa produzir pelo menos duas consequências. A primeira, inquestionável, é o reconhecimento de que Toffoli fez uma lambança ao congelar a investigação contra Flávio Bolsonaro e outros 935 inquéritos. Na semana passada, ao proferir o voto mais longo e confuso da história da Corte, seu presidente se referiu à Receita e ao Coaf como fornecedores de material para "investigações de gaveta, que servem apenas para assassinar reputações" (deveria se desculpar pela generalização). A segunda consequência, ainda pendente de verificação, é o descongelamento dos inquéritos — o que envolve Flávio Bolsonaro e todos os demais.
Toffoli chamou de "lenda urbana" a informação de que o julgamento diz respeito também ao filho do presidente da República. Não tem nada a ver, disse ele. No Supremo, nada virou sinônimo de tudo. Zero Um precisa abandonar o cinismo das firulas jurídicas. Passa da hora de o filho do presidente levar meio quilo de explicações à balança da Justiça.
Cristiano Zanin, o engomadinho, deve embargar a decisão da 8ª Turma do TRF-4 e apelar ao STJ e STF, a exemplo do caso do tríplex, no qual impetrou mais de 100 recursos e chicanas protelatórias de todas as cores e sabores — e ainda alega que seu cliente não teve direito à ampla defesa naquele processo. Aliás, diante desse disparate, Raquel Dodge chegou mesmo a afirmar que o ex-presidente confunde “direito à ampla defesa” com “direito à defesa ilimitada, exercida independentemente de sua utilidade prática para o processo, em razão do mero ‘querer’ das partes”.
Não fosse pela recente decisão do Supremo de revogar a regra que permitia a prisão de condenados na segunda instância, Lula estaria nesse momento fazendo a mala para retornar à cadeia. Graças ao Supremo, esse risco foi substituído pelo velho cenário em que os condenados com dinheiro para pagar advogados recorrem em liberdade até o infinito ou a prescrição dos crimes — o que chegar primeiro. Generoso, o pedaço do STF que compõe o STL ainda ofereceu à defesa do criminoso a possibilidade de requerer a anulação do processo. Fez isso ao determinar que réus delatados devem falar por último nos processos, depois de tomar conhecimento das alegações finais dos delatores. Os advogados pediram a anulação, mas o TRF-4 negou. Prevaleceu o entendimento segundo o qual os juízes não poderiam adivinhar que o Supremo criaria uma nova regra, que não estava prevista em nenhuma lei, para beneficiar os condenados.